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JUCA KFOURI
De Madureira a Luxemburgo
Nosso iluminado não se
contenta mais em ser
apenas treinador. Só falta escrever livros de auto-ajuda
FAZ TEMPO que Vanderlei Luxemburgo da Silva dá sinais
de enfado, como se cansado
de ser apenas técnico de futebol. Ele
quer mais, quer ser gerente, manager, apesar de monoglota.
E há quem lhe dê tal espaço, como
fez o Santos por dois anos.
E como faz o Palmeiras, ao também abdicar de sua soberania, esperançoso de reencontrar aquele que
em 1996 deu tantas alegrias, esquecido de que, então, ele se limitava a
ser o técnico, bem enquadrado que
estava.
Era, então, o melhor do país, a
ponto de ter sido "lançado", aqui,
neste mesmo espaço, sob o título
"Luxemburgo 2002", o que originou, soubemos mais tarde, a famosa
frase de Zagallo, em 1997, "vocês vão
ter de me engolir". Zagallo achava
que havia uma conspiração para
derrubá-lo, pura bobagem.
Da antiga coluna para cá a visão do
colunista sobre Luxemburgo mudou radicalmente.
Não só porque ele chegou à seleção antes de 2002 e quebrou a cara.
Mas, também, por tudo que o cercou
na CPI do Futebol, que o deixou nu,
embora ele, ao apostar na falta de
memória nacional, ainda se orgulhe
em dizer que passou por uma CPI
sem que nada se provasse contra ele,
o que não é verdade.
Cansado de ser apenas técnico,
por mais que tenha deixado de ser o
Madureira que vendia carro usado
para se transformar no professor
Vanderlei (com V ou W, de novo
com W em seu instituto...), é legítimo que queira mais.
E mais uma de suas faces apareceu
agora, contra as opiniões de gente de
peso no Palmeiras, inclusive na comissão técnica, na escalação prematura do goleiro Marcos.
Ora, que Marcos é Marcos estamos todos cansados de saber, razão
pela qual, aliás, o momento de relançá-lo merecia cuidado, pompa e circunstância. Mas não teve nada disso.
Teve apenas o saque do iluminado
Paulo Coelho dos treinadores, capaz
de imaginar que seus desejos se
transformem em realidade e que
São Marcos sairia mais uma vez canonizado de Rio Preto, graças a ele, o
cara que sabe tudo e cuja intuição
não falha.
Pois falhou, o que leva seus reféns
a reclamar pelos corredores do Palestra Itália, como se queixam até de
transações como a de Alex Mineiro,
negociadas ainda antes de sua chegada, mas creditadas a ele.
Vanderlei Luxemburgo da Silva
não conhece limites e não será surpresa se amanhã ou depois lançar
um livro de auto-ajuda com suas frases prediletas, por mais que previsíveis e vazias.
As piscadinhas, o risinho nervoso
e artificial, os beijos nas faces dos
compadres e dos poderosos, não
têm sido suficientes, no entanto, para fazer seus comandados jogar futebol, que é só e tudo que interessa como resultado de seu trabalho.
E a obrigatória vitória (3 a 1) diante do Guarani não altera a constatação. Como a dor de ser chamado de
ex-melhor técnico do país, a ponto
de não ficar nem entre os três primeiros do ano passado, surte efeito
contrário e o faz se aproximar de Lula, sobre quem disse, em 2001, ao ser
contratado pelo Corinthians sob
protestos do futuro presidente:
"Não voto nele porque ele não gosta
de mim nem eu dele".
Mas do filho ele gosta...E da CBF.
blogdojuca@uol.com.br
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