São Paulo, terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

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Sem "família", Scolari deixa o Chelsea

Abandonado pelos cartolas e questionado por jogadores e torcedores, técnico conhece a segunda demissão da carreira

Relacionamento do campeão da Copa-2002, que ganhava R$ 20 milhões/ano, com o dono do clube, o milionário Román Abramovich, era fria

DO ENVIADO A LONDRES

Abandonado pelos cartolas, sem conseguir formar uma "família" e com resultados modestos, Luiz Felipe Scolari, 60, foi demitido ontem pelo Chelsea, somente sete meses depois de contratado pelo time inglês.
Foi apenas a segunda vez em quase 30 anos de carreira que o técnico pentacampeão mundial foi mandado embora -a outra foi no CSA de Alagoas, ainda na década de 80.
A decisão foi anunciada pelo Chelsea por meio do site oficial do clube na internet, em um comunicado de 14 linhas -nenhum dirigente do time londrina deu entrevistas para maiores explicações.
O anúncio veio depois de uma reunião com o treinador, que deixa o clube em quarto lugar no Inglês, onde não venceu um clássico sequer, e na fase de oitava-de-final da Copa dos Campeões da Europa -o Chelsea enfrentará a Juventus.
Até ontem, Scolari achava estar seguro no cargo, onde ganhava, pelo câmbio atual, o equivalente a quase R$ 20 milhões por ano. Para isso, fiava-se no apoio de Peter Kenyon, diretor-executivo do Chelsea.
Mas o treinador mantinha um relacionamento distante com o russo Roman Abramovich, dono do clube -os dois tiveram diálogos raros e rápidos.
Os dois tinham motivos de queixas contra o outro. O treinador brasileiro por não ter recebido reforços que pediu -especialmente Robinho.
Abramovich, que teve perdas com a crise financeira mundial, estava insatisfeito com a performance da equipe londrina.
Scolari ainda não foi capaz de unir o grupo do Chelsea, como fez, por exemplo, com a seleção brasileira de 2002, que ganhou a fama de "família Scolari".
Ídolos do Chelsea, como o atacante Drogba, não gostavam dos métodos do brasileiro.
O treinador reclamava a amigos do comportamento de alguns jogadores, principalmente por eles não falarem com a imprensa, o que, segundo ele, deixava o caminho aberto para empresários e assessores dos atletas contaminarem o ambiente do clube com informações passadas à imprensa inglesa que não seriam verdadeiras e teriam vários interesses, como forçar a renovação de contratos e outros negócios.
A Folha apurou ainda que o treinador brasileiro se sentia sabotado por membros ingleses da comissão técnica.
E a torcida do Chelsea também se cansou de Scolari.
No último sábado, no empate contra o modesto Hull City no campo do Chelsea, o brasileiro foi vaiado e viu faixas pedindo sua demissão do clube.
O técnico ainda ouviu em coro a torcida gritar "você não sabe o que está fazendo" nas substituições que ele realizou durante o confronto.
No comunicado que divulgou sobre a demissão de Scolari, o Chelsea agradeceu a ele pelo tempo em que esteve no clube. Mas lamentou a "deterioração dos resultados e da performance da equipe em um momento-chave" do ano.
O clube diz já estar a procura de um novo treinador -o holandês Guus Hiddink é um dos favoritos para assumir o posto.0 (PAULO COBOS)


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