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Sem "família", Scolari deixa o Chelsea
Abandonado pelos cartolas e questionado por jogadores e torcedores, técnico conhece a segunda demissão da carreira
Relacionamento do campeão da Copa-2002, que ganhava R$ 20 milhões/ano, com o dono do clube, o milionário Román Abramovich, era fria
DO ENVIADO A LONDRES
Abandonado pelos cartolas,
sem conseguir formar uma "família" e com resultados modestos, Luiz Felipe Scolari, 60, foi
demitido ontem pelo Chelsea,
somente sete meses depois de
contratado pelo time inglês.
Foi apenas a segunda vez em
quase 30 anos de carreira que o
técnico pentacampeão mundial foi mandado embora -a
outra foi no CSA de Alagoas,
ainda na década de 80.
A decisão foi anunciada pelo
Chelsea por meio do site oficial
do clube na internet, em um comunicado de 14 linhas -nenhum dirigente do time londrina deu entrevistas para maiores explicações.
O anúncio veio depois de
uma reunião com o treinador,
que deixa o clube em quarto lugar no Inglês, onde não venceu
um clássico sequer, e na fase de
oitava-de-final da Copa dos
Campeões da Europa -o Chelsea enfrentará a Juventus.
Até ontem, Scolari achava estar seguro no cargo, onde ganhava, pelo câmbio atual, o
equivalente a quase R$ 20 milhões por ano. Para isso, fiava-se no apoio de Peter Kenyon,
diretor-executivo do Chelsea.
Mas o treinador mantinha
um relacionamento distante
com o russo Roman Abramovich, dono do clube -os dois tiveram diálogos raros e rápidos.
Os dois tinham motivos de
queixas contra o outro. O treinador brasileiro por não ter recebido reforços que pediu -especialmente Robinho.
Abramovich, que teve perdas
com a crise financeira mundial,
estava insatisfeito com a performance da equipe londrina.
Scolari ainda não foi capaz de
unir o grupo do Chelsea, como
fez, por exemplo, com a seleção
brasileira de 2002, que ganhou
a fama de "família Scolari".
Ídolos do Chelsea, como o
atacante Drogba, não gostavam
dos métodos do brasileiro.
O treinador reclamava a amigos do comportamento de alguns jogadores, principalmente por eles não falarem com a
imprensa, o que, segundo ele,
deixava o caminho aberto para
empresários e assessores dos
atletas contaminarem o ambiente do clube com informações passadas à imprensa inglesa que não seriam verdadeiras e
teriam vários interesses, como
forçar a renovação de contratos
e outros negócios.
A Folha apurou ainda que o
treinador brasileiro se sentia
sabotado por membros ingleses da comissão técnica.
E a torcida do Chelsea também se cansou de Scolari.
No último sábado, no empate
contra o modesto Hull City no
campo do Chelsea, o brasileiro
foi vaiado e viu faixas pedindo
sua demissão do clube.
O técnico ainda ouviu em coro a torcida gritar "você não sabe o que está fazendo" nas
substituições que ele realizou
durante o confronto.
No comunicado que divulgou sobre a demissão de Scolari, o Chelsea agradeceu a ele
pelo tempo em que esteve no
clube. Mas lamentou a "deterioração dos resultados e da
performance da equipe em um
momento-chave" do ano.
O clube diz já estar a procura
de um novo treinador -o holandês Guus Hiddink é um dos
favoritos para assumir o posto.0
(PAULO COBOS)
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