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BASQUETE
Em Cleveland para a festa do 50º aniversário, estrelas de ontem e hoje imaginam o futuro a pedido da Folha
Astros da NBA viajam no `túnel do tempo'
MELCHIADES FILHO
enviado especial a Cleveland
A NBA levou 50 anos para se
transformar no campeonato mais
popular do planeta.
Foi uma decolagem planejada
em minúcias, com estilo de administração que hoje é modelo para
os outros esportes coletivos.
Então, o que a liga norte-americana espera para os próximos 50
anos? Qual vai ser a cara do basquete profissional em 2046?
A Folha aproveitou o caráter épico do All-Star Game deste ano para
lançar esse desafio à imaginação.
A temperatura de Cleveland, média de -3 graus Celsius nos últimos
três dias, ajudou na empreitada.
Reféns do frio, as superestrelas
de hoje e de ontem ficaram praticamente sitiadas no hotel Renaissance, no centro da cidade.
Confira a seguir o resultado dessa perseguição por elevadores e
corredores, durante a qual a Folha
contou com a colaboração de dois
repórteres de Ohio -Mary
Schmitt, do ``The Plain Dealer'', e
Tom Karl, do ``Medina Post''.
Michael Jordan, 33, armador do
Chicago Bulls, melhor jogador de
todos os tempos: ``Haverá diferenças. Mas o que faz esse jogo
grande não vai mudar. Provavelmente teremos outro Michael Jordan, outro Wilt Chamberlain.''
Wilt Chamberlain, 60, pivô,
único a marcar 100 pontos num jogo da NBA (em 1962, pelo Philadelphia Warriors): ``O basquete
está crescendo para o alto. A impulsão dos atletas de hoje é espetacular, bem maior do que no meu
tempo. Não tenho dúvidas de que
vai aumentar mais. O jogo do futuro será disputado no ar.''
Charles Barkley, 33, ala-pivô do
Houston Rockets, 11 vezes chamado para o All-Star Game: ``O esporte passa bem. A nova geração
tem muito talento. Só precisa botar a cabeça no lugar, ser mais esperta. A NBA, por sua vez, vai continuar fazendo cada vez mais dinheiro -e o que me irrita é que
não embolsarei nenhum centavo.''
Bill Russell, 62, pivô 11 vezes
campeão da NBA pelo Boston:
``Teremos um jogo de bilionários,
os jogadores, para torcedores bilionários assistirem nos ginásios.
Os ingressos serão caríssimos.''
Karl Malone, 33, ala-pivô do
Utah Jazz, dez vezes All-Star: ``Estou preocupado, pois o basquete
me ajudou a construir minha família. O público começa a cair nos
ginásios, os jogadores mais jovens
não respeitam aqueles que pavimentaram o caminho para o sucesso da liga. Eu não pagaria para
ver esses novatos. Acho que muita
gente também não.''
Nate Archibald, 48, armador,
único a ser cestinha e líder em assistências do mesmo campeonato
da NBA (em 72-73, pelo Kansas
City Royals): ``Sou um dos poucos
a ter essa opinião: os jogadores de
hoje são melhores do que os do
passado, sabem fazer mais coisas
com a bola. Imagino que essa tendência vá prosseguir. Teremos jogadores mais fortes, mais rápidos e
mais versáteis. As posições clássicas -armador, ala, pivô- perderão sentido; o jogador do futuro
será multitalentoso.''
John Stockton, 34, armador do
Utah, líder histórico da NBA em
assistências e desarmes: ``Meus recordes estarão superados.''
Walt Frazier, 51, armador duas
vezes campeão pelo New York
Knicks nos anos 70: ``Os jogadores
do centenário saberão menos fundamentos -o nível técnico já está
caindo. A liga vai se expandir para
outros continentes. O salário mínimo (hoje de US$ 247,5 mil) será
de US$ 5 milhões. O basquete será
o esporte mais popular do mundo,
disparado à frente do futebol.''
Scottie Pippen, 31, ala do Chicago, quatro vezes campeão nos
anos 90: ``Imagino uma versão do
filme ``Space Jam'' (com Michael
Jordan e a turma do Pernalonga).
O par de tênis Air Jordan (da Nike)
terá propulsão a jato.''
Rick Barry, 52, armador campeão em 1975 pelo Golden State
Warriors: ``A NBA vai se intrometer cada vez mais na vida pessoal
dos jogadores. A liga quer escoteiros, não atletas com pensamento
próprio. O sujeito não vai nem
precisar ser maluco como o Dennis Rodman (polêmico ala-pivô do
Chicago) para se dar mal.''
Patrick Ewing, 34, pivô do New
York, 11 vezes All-Star, nascido na
Jamaica: ``A América Central terá
equipes no campeonato.''
Kareem Abdul-Jabbar, 49, pivô
do Milwaukee Bucks e do LA Lakers nos anos 70 e 80, cestinha histórico: ``Os times vão pertencer e
levar o nome de grandes corporações. Teremos Nike e Reebok num
duelo explícito em quadra.''
Clyde Drexler, 34, armador
campeão em 95 pelo Houston:
``Novidades tecnológicas vão
obrigar o esporte a se adaptar.''
Red Auerbach, 79, técnico nove
vezes campeão pelo Boston: ``O
campeonato universitário vai se
incorporar à NBA. O profissional
ganhará duas divisões.''
Phil Jackson, 51, ala-pivô campeão pelo New York nos anos 70 e
técnico quatro vezes campeão pelo
Chicago nos 90: ``Prevejo a quadra
mais larga, jogadores maiores e a
cesta um pouco mais alta.''
Buck Williams, 36, ala-pivô do
New York, presidente do sindicato
dos atletas: ``Os jogadores se conscientizarão de que são os reais donos do espetáculo. Serão os acionistas majoritários das equipes.''
David Stern, todo-poderoso dirigente da NBA, responsável pela
explosão mundial da liga: ``Não
imagino mudanças de estrutura,
apenas detalhes. A atenção global
continuará a crescer. O campeonato feminino será um sucesso.''
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(0900-780316, por R$ 1,60 por
minuto) para saber como foi o
All-Star Game, encerrado ontem
depois do fechamento desta edição
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