São Paulo, terça, 10 de fevereiro de 1998

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FUTEBOL
Interventor investiga registros da Federação
Dívida no Paraná já chega a R$ 10 mi

FLÁVIO ARANTES
da Agência Folha, em Curitiba

Na festa de 60 anos da Federação Paranaense de Futebol, em agosto de 1997, os convidados que não tinham smoking -traje exigido para o evento- tiveram o aluguel da roupa pago pela federação.
A conta dos 200 smokings e 60 vestidos sociais femininos ficou em R$ 16 mil, pouco mais de 10% do total da festa -R$ 150 mil.
O gasto da federação com seus convidados revela um pouco do estilo que o então presidente da entidade, Onaireves Moura, adotava como administrador.
Os detalhes desse estilo começam a ser descobertos depois de uma decisão judicial.
Por causa de uma dívida de R$ 1,2 milhão relativa a IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano), a Prefeitura de Curitiba conseguiu que o juiz Luiz Osório Panza destituísse Moura da presidência da federação em 10 de dezembro.
Desde aquele data, a entidade é administrada pelo interventor Vicente Paschoal Rodacki, 54, nomeado pelo juiz.
Nesses dois meses, Rodacki está abrindo a ""caixa preta" da contabilidade da federação.
""Havia uma centralização total do poder na mão do presidente. Tudo que deveria ser pago ou recebido passava por ele", disse o interventor. ""Não se seguia uma ordem de pagamento, um fluxograma. Ele esperava acontecer para então resolver."
A festa de aniversário da federação aconteceu em 4 de agosto e reuniu cerca de mil convidados num dos salões mais tradicionais de Curitiba, incluindo João Havelange, presidente da Fifa, e Ricardo Teixeira, da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
Naquela noite, a federação já estava na lista das maiores devedoras da Prefeitura de Curitiba e também do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social), com quem tem uma dívida de cerca de R$ 4,5 milhões.
A dívida se refere à contribuição sobre receita de jogos, da própria federação e dos empregados, que era descontada da folha, mas não recolhida, o que implica em crime de apropriação indébita.
Segundo Rodacki, somando débitos trabalhistas e com fornecedores, a dívida consolidada da federação soma cerca de R$ 10 milhões, contra uma receita mensal de apenas R$ 200 mil.
Para tentar equacionar as contas da federação, Rodacki vai demitir funcionários e está renegociando e parcelando os débitos.



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