São Paulo, sábado, 10 de março de 2001

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Pelé e Teixeira já têm data para o 1º abraço

Encontro da paz entre dirigente e ex-jogador será em Brasília, na terça


Ex-desafetos voltam a se reunir após quase uma década de oposição e hostilidades


SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

Depois de quase uma década de desavenças, o presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Ricardo Teixeira, e Pelé vão se encontrar, pela primeira vez como aliados, na terça-feira.
O encontro dos dois ocorrerá na sede do Ministério do Esporte e Turismo em Brasília e selará o fim da maior disputa de poder dos últimos anos no futebol nacional.
Conforme a Folha revelou, no mês passado Teixeira deu início a um processo de reaproximação com o ex-ministro dos Esportes do primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso.
O presidente da CBF está sendo investigado por duas CPIs no Congresso Nacional
""Com certeza, será o grande encontro do futebol brasileiro. Uma oportunidade de nos aproximarmos após ter cometido um erro confesso", afirmou Teixeira, que, com o apoio do maior jogador da história do futebol mundial, pretende dar uma ""virada" na sua administração.
Até agora, os contatos entre os dois aconteceram por telefone e por meio de interlocutores comuns. Pelé também já declarou ser favorável à reaproximação.
A reunião em Brasília, que marcará o encontro dos ex-desafetos, servirá para dar início ao trabalho de parte do conselho de notáveis, comissão criada pelo ministério para discutir mudanças no futebol brasileiro.
Além de Carlos Melles (Esporte e Turismo), outros ministros, como José Gregori (Justiça), devem participar do encontro. O ex-presidente da Fifa João Havelange também participará da solenidade em Brasília. Ex-sogro de Teixeira, Havelange era outro que tratava Pelé como seu desafeto.
A forma como o ex-dirigente da Fifa se relacionava com Pelé acabou prejudicando os negócios da Pelé Sports & Marketing, empresa do ex-jogador.
Havelange chegou a proibir o ex-atleta de participar do sorteio dos grupos das duas últimas Copas do Mundo.
Desde que rompeu com Pelé, por causa de questões comerciais, o presidente da CBF teve a sua gestão desgastada pela oposição feita pelo ex-ministro, que dizia que a entidade não era administrada com transparência.
Em 1993, ano que a parceria foi rompida, o ex-jogador denunciou um esquema de corrupção na CBF, alegando que funcionários da entidade teriam pedido US$ 1 milhão ""por fora" para a sua empresa comprar os direitos de transmissão pela TV de um campeonato do futebol brasileiro.
A partir daí, os dois adotaram posições contrárias durante todo o período.
Durante a gestão do ex-jogador no ministério, Teixeira comandou o lobby da bola contra a aprovação da Lei Pelé.
Com os dois sendo aliados novamente, Teixeira já declarou que pretende convencer o ex-jogador a ser o garoto-propaganda da candidatura brasileira para abrigar a Copa do Mundo de 2010.
Sem o apoio de Pelé, a candidatura brasileira a sede da Copa de 2006, que era patrocinada por Teixeira, fracassou no ano passado. Na ocasião, a Alemanha venceu o pleito contra Inglaterra, África do Sul e Marrocos.


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