DA SUCURSAL DO RIO

A clínica Dr. Aloan, em São Cristóvão (zona norte do Rio), confirmou ontem ter expedido atestado médico para o funcionário do Vasco Aremitas José Lima.
O documento foi usado para justificar a ausência de Lima no depoimento à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Futebol, no Senado, anteontem.
O atestado foi enviado por fax à CPI. Segundo integrantes da comissão, a assinatura do médico estava ilegível e não havia nenhum carimbo nem o número de registro que o identificasse.
Lima, 71, é apontado como "laranja" do presidente do Vasco, Eurico Miranda, por ter recebido em sua conta depósitos no valor total de R$ 2,1 milhões. "Laranja" é um intermediário que efetua transações irregulares ou fraudulentas, ficando oculta a identidade do real beneficiado.
De acordo com o diretor da clínica, José Aloan, o atestado foi dado sem novo exame clínico de Lima, mas com base no prontuário do período em que ele esteve internado na casa de saúde, entre os dias 12 e 16 de fevereiro, com arritmia cardíaca. Ele é diabético, hipertenso e cardiopata.
Dois médicos e dois assessores da CPI do Futebol foram enviados ao Rio para verificar se era verdadeiro o atestado médico apresentado. Eles tiveram uma reunião com a médica Heloísa Rocha, que assinou o atestado, e com Aloan.
Segundo a assessoria de imprensa do grupo de assessores parlamentares, o atestado tem como data o dia 6 de março -18 dias após a alta.
De acordo com Aloan, "o atestado foi impresso pela própria clínica e tudo foi feito dentro dos princípios éticos".
Um diretor do Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro) afirmou que "o atestado é um ato médico, resultado de avaliação do paciente", mas que pode ser dado sem exame "por médico que tenha acompanhado o paciente e tenha pleno conhecimento de sua história".
Na saída, os enviados da CPI disseram apenas que fariam um relatório, a ser entregue aos senadores depois de amanhã.
O advogado de Lima, Silvio Godói -que presta serviços para o Vasco- , disse que mandou o documento por Sedex, na última quarta, mesmo dia em que enviou o fax. "Já deve estar em Brasília."
A assessoria da CPI disse que, até as 17h de ontem, não havia recebido o atestado. Segundo os Correios, o tempo médio de transporte de um documento do Rio para Brasília é três dias -teria se esgotado ontem.
Godói considerou a visita dos enviados "desastrosa e absolutamente inútil". "Querem mostrar serviço e fazem terrorismo. Bastaria um telefonema para que o hospital explicasse o ocorrido."


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