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AUTOMOBILISMO
Preocupação com pilotos e pistas cresce após acidentes fatais nas provas de abertura da F-1 e da Nascar
Indy quer mais segurança em ano trágico
RICARDO PERRONE
ENVIADO ESPECIAL A MONTERREY
A Indy realizou ontem, em estado de alerta, os primeiros treinos
para a prova de abertura da temporada, que será realizada amanhã, em Monterrey, no México.
Os problemas na pista, além dos
acidentes fatais em outras categorias já ocorridos neste ano, aumentaram a preocupação dos organizadores com a segurança.
O primeiro treino, pela manhã,
foi interrompido porque o asfalto
do circuito, montado em um parque da cidade para receber a competição, estava sujo e escorregadio em alguns pontos.
A sessão, que duraria duas horas, foi suspensa após 30 minutos.
Com dificuldades para manter os
carros na pista, os competidores
andaram em um ritmo lento.
A maioria teve uma velocidade
média de apenas 70 milhas por
hora -cerca de 112 km/h-,
marca baixa para a categoria.
"A pista estava muito empoeirada, e é arriscado andar nessas circunstâncias", afirmou o brasileiro
Tony Kanaan, da Mo Nunn.
Segundo os pilotos, era esperado que o asfalto estivesse um pouco escorregadio por ser a primeira
vez que está sendo usado.
Mas eles admitiram que a quantidade de poeira no asfalto, provocada pelas obras no autódromo, que só terminaram ontem,
diminuíram a segurança da pista.
Certos trechos do circuito representam um risco maior.
"Em alguns lugares em que deveria haver caixa de brita para segurar os carros em caso de um
acidente, plantaram grama, que
não segura nada", disse Cristiano
da Matta, da Newman-Haas.
Ele afirmou que os pilotos vão
enviar um documento para a
Cart, entidade que organiza o
campeonato, sugerindo mudanças no circuito para a prova da
temporada do ano que vem.
A entidade já havia exigido anteontem a colocação de barreiras
de pneus em alguns trechos da
pista para absorver o impacto dos
carros em caso de acidente.
Os dirigentes da Indy estão assustados com as mortes que ocorreram este ano durante as corridas que abriram as temporadas
da F-1 e da Nascar (campeonato
norte-americano de stock car).
Em Melbourne, no último domingo, um comissário de pista
morreu após ser atingido por
uma roda do carro do canadense
Jacques Villeneuve, da BAR, que
havia tocado no Williams do alemão Ralf Schumacher.
Na Flórida, o piloto norte-americano Dale Earnhardt, sete vezes
campeão da categoria, uma das
mais populares dos EUA, morreu
nas 500 Milhas de Daytona.
Earnhardt disputava posição na
última volta da corrida, quando
bateu no carro de Sterling Marlin.
Bateu contra o muro de proteção
a 290 km/h e foi golpeado por Ken
Schrader, que vinha logo atrás.
Há dois anos, a Indy teve uma
temporada trágica, com as mortes
do uruguaio Gonzalo Rodriguez,
durante treino livre em Laguna
Seca, e do canadense Greg Moore,
em Fontana. Desde então, aumentou a preocupação da Cart
com a segurança dos pilotos.
Para a atual temporada, a entidade tornou obrigatório, nos circuitos ovais, o uso de um acessório para proteger a cabeça dos
competidores. É um aparelho feito de fibra de carbono, que passa
pelos ombros do piloto e fica preso na parte de trás do capacete,
chamado Hans -ele vem sendo
testado também pela F-1.
"Ele limita os movimentos da
cabeça em caso de um acidente",
afirmou Cristiano da Matta, que
decidiu, por precaução, usar o
acessório no circuito mexicano,
apesar de ele ser misto.
O jornalista Ricardo Perrone viaja a
convite da equipe Mo Nunn
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