São Paulo, sábado, 10 de março de 2001

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AUTOMOBILISMO

Preocupação com pilotos e pistas cresce após acidentes fatais nas provas de abertura da F-1 e da Nascar

Indy quer mais segurança em ano trágico

RICARDO PERRONE
ENVIADO ESPECIAL A MONTERREY

A Indy realizou ontem, em estado de alerta, os primeiros treinos para a prova de abertura da temporada, que será realizada amanhã, em Monterrey, no México.
Os problemas na pista, além dos acidentes fatais em outras categorias já ocorridos neste ano, aumentaram a preocupação dos organizadores com a segurança.
O primeiro treino, pela manhã, foi interrompido porque o asfalto do circuito, montado em um parque da cidade para receber a competição, estava sujo e escorregadio em alguns pontos.
A sessão, que duraria duas horas, foi suspensa após 30 minutos. Com dificuldades para manter os carros na pista, os competidores andaram em um ritmo lento.
A maioria teve uma velocidade média de apenas 70 milhas por hora -cerca de 112 km/h-, marca baixa para a categoria.
"A pista estava muito empoeirada, e é arriscado andar nessas circunstâncias", afirmou o brasileiro Tony Kanaan, da Mo Nunn.
Segundo os pilotos, era esperado que o asfalto estivesse um pouco escorregadio por ser a primeira vez que está sendo usado.
Mas eles admitiram que a quantidade de poeira no asfalto, provocada pelas obras no autódromo, que só terminaram ontem, diminuíram a segurança da pista.
Certos trechos do circuito representam um risco maior.
"Em alguns lugares em que deveria haver caixa de brita para segurar os carros em caso de um acidente, plantaram grama, que não segura nada", disse Cristiano da Matta, da Newman-Haas.
Ele afirmou que os pilotos vão enviar um documento para a Cart, entidade que organiza o campeonato, sugerindo mudanças no circuito para a prova da temporada do ano que vem.
A entidade já havia exigido anteontem a colocação de barreiras de pneus em alguns trechos da pista para absorver o impacto dos carros em caso de acidente.
Os dirigentes da Indy estão assustados com as mortes que ocorreram este ano durante as corridas que abriram as temporadas da F-1 e da Nascar (campeonato norte-americano de stock car).
Em Melbourne, no último domingo, um comissário de pista morreu após ser atingido por uma roda do carro do canadense Jacques Villeneuve, da BAR, que havia tocado no Williams do alemão Ralf Schumacher.
Na Flórida, o piloto norte-americano Dale Earnhardt, sete vezes campeão da categoria, uma das mais populares dos EUA, morreu nas 500 Milhas de Daytona.
Earnhardt disputava posição na última volta da corrida, quando bateu no carro de Sterling Marlin. Bateu contra o muro de proteção a 290 km/h e foi golpeado por Ken Schrader, que vinha logo atrás.
Há dois anos, a Indy teve uma temporada trágica, com as mortes do uruguaio Gonzalo Rodriguez, durante treino livre em Laguna Seca, e do canadense Greg Moore, em Fontana. Desde então, aumentou a preocupação da Cart com a segurança dos pilotos.
Para a atual temporada, a entidade tornou obrigatório, nos circuitos ovais, o uso de um acessório para proteger a cabeça dos competidores. É um aparelho feito de fibra de carbono, que passa pelos ombros do piloto e fica preso na parte de trás do capacete, chamado Hans -ele vem sendo testado também pela F-1.
"Ele limita os movimentos da cabeça em caso de um acidente", afirmou Cristiano da Matta, que decidiu, por precaução, usar o acessório no circuito mexicano, apesar de ele ser misto.


O jornalista Ricardo Perrone viaja a convite da equipe Mo Nunn

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