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Mais jovem campeão, espanhol abre ano como astro da F-1 e no lugar que foi de Schumacher nos últimos anos
Hola, Alonso!
FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A SAKHIR (BAHREIN)
Fernando Alonso, 24, inicia hoje
o 57º Mundial da F-1 com uma
sensação diferente, que nunca havia experimentado: a de ser o
campeão, o principal alvo das
atenções. E carregando nas costas
uma cobrança incessante. Conseguirá se firmar entre os grandes?
Em Sakhir, no Bahrein, o espanhol passa hoje a ocupar um posto que nos últimos cinco anos foi
do alemão Michael Schumacher.
Passa a conhecer também uma
certa condição de onipresença.
Seu rosto está estampado em
bandeirolas penduradas em postes pelos 30 km que separam Sakhir da capital do Bahrein, Manama. Uma foto de seu Renault cobre os vidros do maior arranha-céu do país. Mas não é só isso.
A F-1 passou a falar espanhol.
Ontem, ao entrar na sala de entrevistas, Alonso foi saudado com
um ensaiado "hola, campeón".
Puxado por um repórter alemão.
Vôos vindos da Europa desembarcaram nos últimos dias cheios
de torcedores espanhóis. Como
eles não estão organizados em
grupos, o número de seguidores
do novo campeão só será revelado na hora da prova de domingo,
às 8h30 (de Brasília).
"Para mim, o que muda é minha maneira de encarar o começo
do campeonato. Antes, eu chegava para a primeira corrida pensando em lutar por pontos, por alguns pódios. Agora sinto mais
confiança em mim mesmo e vou
correr para chegar ao fim do ano
com outro título", respondeu ele à
pergunta mais freqüente que lhe é
feita, sobre sua vida após o título.
Irritado com a perseguição dos
paparazzi na Espanha, comprou
uma casa na Suíça. "Amo as Astúrias. Mas, se essas coisas continuarem, mudo no fim do ano."
O assédio piorou nos últimos
três meses. Nesse intervalo, ele conheceu a cantora Raquel del Rosario, da banda espanhola de música pop El Sueño de Morfeo e
atriz em um programa de humor
na TV. E ficou noivo dela.
Como se não bastasse esse frisson natural em torno de algo novo, o próprio Alonso tumultuou
mais o ambiente ao anunciar, em
dezembro, sua transferência para
a McLaren ao fim deste ano.
Daí a pergunta que, normalmente, vem em segundo lugar,
sobre a dificuldade de disputar
um Mundial por uma equipe tendo acertado com outra para o
campeonato seguinte. "Eu vejo
2006 como um ano de defesa do
título. Para mim, ter assinado
com a McLaren só me traz mais
tranqüilidade quanto ao meu futuro. E isso só pode fazer bem."
Apesar do otimismo, defender
um título é uma façanha para os
rivais de Schumacher. Desde que
o alemão conquistou seu primeiro campeonato mundial, em 1994,
apenas um piloto, o finlandês Mika Hakkinen, foi bem-sucedido
no desafio, em 1998 e 1999.
Damon Hill e Jacques Villeneuve, campeões em 1996 e 1997, respectivamente, fracassaram. Em
toda a história da F-1, além de
Schumacher e Hakkinen, cinco
pilotos conseguiram defender
seus títulos: Alberto Ascari, Juan
Manuel Fangio, Jack Brabham,
Alain Prost e Ayrton Senna.
Talvez para afastar a sombra do
alemão, Alonso apontou outro piloto como maior rival na busca
pelo bicampeonato. "Jenson Button." O inglês da Honda foi o segundo com melhor desempenho
nos testes da pré-temporada.
Prudente e consciente da dificuldade, Alonso deixou uma porta aberta para a possibilidade de
fracassar. "Tenho 24 anos, ainda
há muita coisa pela frente na minha carreira. Isso é uma vantagem." Se a intenção era alfinetar o
velho campeão, sentado à sua esquerda, foi na mosca.
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