São Paulo, sexta-feira, 10 de março de 2006

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Mais jovem campeão, espanhol abre ano como astro da F-1 e no lugar que foi de Schumacher nos últimos anos

Hola, Alonso!

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A SAKHIR (BAHREIN)

Fernando Alonso, 24, inicia hoje o 57º Mundial da F-1 com uma sensação diferente, que nunca havia experimentado: a de ser o campeão, o principal alvo das atenções. E carregando nas costas uma cobrança incessante. Conseguirá se firmar entre os grandes?
Em Sakhir, no Bahrein, o espanhol passa hoje a ocupar um posto que nos últimos cinco anos foi do alemão Michael Schumacher.
Passa a conhecer também uma certa condição de onipresença.
Seu rosto está estampado em bandeirolas penduradas em postes pelos 30 km que separam Sakhir da capital do Bahrein, Manama. Uma foto de seu Renault cobre os vidros do maior arranha-céu do país. Mas não é só isso.
A F-1 passou a falar espanhol. Ontem, ao entrar na sala de entrevistas, Alonso foi saudado com um ensaiado "hola, campeón". Puxado por um repórter alemão.
Vôos vindos da Europa desembarcaram nos últimos dias cheios de torcedores espanhóis. Como eles não estão organizados em grupos, o número de seguidores do novo campeão só será revelado na hora da prova de domingo, às 8h30 (de Brasília).
"Para mim, o que muda é minha maneira de encarar o começo do campeonato. Antes, eu chegava para a primeira corrida pensando em lutar por pontos, por alguns pódios. Agora sinto mais confiança em mim mesmo e vou correr para chegar ao fim do ano com outro título", respondeu ele à pergunta mais freqüente que lhe é feita, sobre sua vida após o título.
Irritado com a perseguição dos paparazzi na Espanha, comprou uma casa na Suíça. "Amo as Astúrias. Mas, se essas coisas continuarem, mudo no fim do ano."
O assédio piorou nos últimos três meses. Nesse intervalo, ele conheceu a cantora Raquel del Rosario, da banda espanhola de música pop El Sueño de Morfeo e atriz em um programa de humor na TV. E ficou noivo dela.
Como se não bastasse esse frisson natural em torno de algo novo, o próprio Alonso tumultuou mais o ambiente ao anunciar, em dezembro, sua transferência para a McLaren ao fim deste ano.
Daí a pergunta que, normalmente, vem em segundo lugar, sobre a dificuldade de disputar um Mundial por uma equipe tendo acertado com outra para o campeonato seguinte. "Eu vejo 2006 como um ano de defesa do título. Para mim, ter assinado com a McLaren só me traz mais tranqüilidade quanto ao meu futuro. E isso só pode fazer bem."
Apesar do otimismo, defender um título é uma façanha para os rivais de Schumacher. Desde que o alemão conquistou seu primeiro campeonato mundial, em 1994, apenas um piloto, o finlandês Mika Hakkinen, foi bem-sucedido no desafio, em 1998 e 1999.
Damon Hill e Jacques Villeneuve, campeões em 1996 e 1997, respectivamente, fracassaram. Em toda a história da F-1, além de Schumacher e Hakkinen, cinco pilotos conseguiram defender seus títulos: Alberto Ascari, Juan Manuel Fangio, Jack Brabham, Alain Prost e Ayrton Senna.
Talvez para afastar a sombra do alemão, Alonso apontou outro piloto como maior rival na busca pelo bicampeonato. "Jenson Button." O inglês da Honda foi o segundo com melhor desempenho nos testes da pré-temporada.
Prudente e consciente da dificuldade, Alonso deixou uma porta aberta para a possibilidade de fracassar. "Tenho 24 anos, ainda há muita coisa pela frente na minha carreira. Isso é uma vantagem." Se a intenção era alfinetar o velho campeão, sentado à sua esquerda, foi na mosca.


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