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Mulher quer destruir clube do Bolinha do golfe
ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK
Martha Burk não joga golfe,
mas é a grande atração do mais
destacado evento da modalidade,
o Masters, que começa hoje em
Augusta, cidade de 200 mil habitantes no interior da Geórgia.
Ela preside uma associação de
defesa dos direitos da mulher nos
EUA e promete infernizar Tiger
Woods e seus companheiros, a
TV americana, os grandes patrocinadores, os convidados vip e
quem mais cruzar o portão do
Augusta National Golf Club, palco do Masters há 69 anos.
É o final de uma campanha de
quase um ano na qual ela pretende obrigar o clube do Masters a
aceitar uma mulher como sócia.
Burk acusa o clube de discriminação. Embora não tenha normas
sobre isso, em sete décadas a instituição abrigou apenas homens.
O clube de Augusta é o creme da
elite americana. Entre seus 300 sócios há gente como o investidor
Warren Buffet e o executivo Jack
Welch. O primeiro negro só foi
admitido em 1990, quando o clube também era questionado.
O Masters é o principal evento
da casa. Os ingressos são reservados a um grupo seleto -lista que,
nos últimos 30 anos, só abriu vaga
para novos nomes duas vezes.
Burk resolveu enfrentar tudo isso e atacou por carta: "Sabemos
que os patrocinadores não querem ser vistos como tolerantes à
discriminação". O clube respondeu que, como instituição privada, "não pode falar sobre suas
práticas com alguém de fora".
E seu diretor disse que não aceitaria as mulheres tendo "uma
baioneta apontada" para si.
A associação das mulheres pediu então aos patrocinadores que
retirassem o apoio, e o estrago foi
grande. Embora mantendo o patrocínio, as companhias serão discretas. A TV americana transmitirá o Masters sem comerciais para
poupar as empresas. Dois executivos que receberam cartas de
Burk renunciaram aos títulos. O
ex-presidente Jimmy Carter abriu
a boca para dizer que o clube tem
que aceitar mulheres.
Os argumentos de discriminação em casos assim ainda estão
para ser testados em cortes americanas, mas Burk diz que não vai
esperar pela discussão. No sábado, quer levar 200 mulheres à porta do clube para um protesto de
sete horas. Como último desafio,
porém, tem que passar por cima
do xerife local, Ronnie Strength.
Ele quer o protesto longe do
portão principal, alegando falta
de segurança. Reservou ao grupo
um lugar a quase um quilômetro
do local e abaixo do nível da rua
-ironicamente, terreno do próprio clube. Burk apelou à Justiça.
Seja onde for o protesto, o sábado em Augusta promete, já que a
onda de Burk originou outras
manifestações, oito ao todo. Se
uma organização do reverendo
Jesse Jackson irá apoiar a causa,
um grupo chamado "Mulheres
contra Martha Burk" levará um
abaixo-assinado de 1.300 nomes.
A seu lado, um membro da racista Ku Klux Klan que se diz fã do
negro Woods deverá fazer protesto solitário contra as mulheres.
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