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São Paulo, quinta-feira, 10 de abril de 2003

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AUTOMOBILISMO

FIA decide amanhã se Fisichella foi o vencedor do GP Brasil

Erro no cronômetro pode tirar vitória de Raikkonen

FÁBIO SEIXAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O GP Brasil continua sem fim. Três dias após a corrida de Interlagos, a FIA anunciou ontem ter evidências de um problema de cronometragem na última volta.
A correção dessa falha inverteria a ordem dos dois primeiros colocados. Giancarlo Fisichella seria declarado vencedor, com Kimi Raikkonen em segundo lugar.
"Os comissários da prova vão se reunir em Paris, na sexta-feira, para rever o resultado final", afirma o comunicado oficial da entidade máxima do automobilismo.
Dirigentes envolvidos na corrida e entrevistados pela Folha não chegam a um consenso. Uma estimativa do que ocorreu sugere que a decisão será apertada, provavelmente por milésimos de segundo.
Todo o problema está no intervalo entre o violento acidente de Fernando Alonso, no fim da 55ª volta, e a ordem da direção da prova para interromper a disputa.
No domingo, a FIA considerou que a bandeira vermelha foi acionada quando Fisichella ainda estava na 55ª volta. Assim, seguindo o regulamento esportivo, os comissários tomaram por base a classificação de duas voltas antes.
Na 53ª, o líder era Raikkonen, da McLaren, com 0s831 de vantagem sobre o Jordan de Fisichella. Foi por isso que o finlandês subiu ao pódio na primeira colocação.
O que a FIA questiona agora é se Fisichella já não estava na 56ª volta quando a prova foi interrompida. Nesse caso, valeria o resultado do 54º giro, que o italiano completou logo à frente do finlandês.
Um dos três comissários de prova, o brasileiro Élcio de São Tiago, da CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo), não estará em Paris amanhã. Ontem mesmo ele enviou seu relatório à FIA.
"Fomos informados pela cronometragem que era a volta 55. Perguntamos qual era volta no momento da interrupção e nos informaram que era a 55. Por isso, acho que não deu para o Fisichella abrir outra volta", declarou. "Só se a cronometragem fez caca."
Segundo São Tiago, apesar do relatório dos comissários, o que vai determinar o resultado da corrida serão os dados da Tag-Heuer, empresa suíça que há 12 anos faz a cronometragem oficial da F-1.
"Eles têm tudo no computador. E aí só há dois caminhos. Ou provam que o Fisichella não havia aberto a 56ª volta ou admitem que cometeram um erro", completou.
Na F-1, os comissários são os responsáveis por verificar o cumprimento das vistorias técnicas e oficializar os resultados dos treinos e das corridas. Os outros dois que trabalharam em Interlagos, um suíço e um venezuelano, devem comparecer à sede da FIA.
Dois homens foram responsáveis por ordenar a interrupção da prova. Um deles é o inglês Charlie Whitting, inspetor de segurança da FIA. O outro é Carlos Roberto Montagner, diretor do GP Brasil.
"Pelo tempo que passou até a bandeira vermelha, acho que o Fisichella e o Raikkonen abriram a volta 56. Eles deveriam estar descendo o S quando a prova foi interrompida", disse Montagner.
A cronometragem manual, com as imagens de TV, justifica a divergência entre os dirigentes e mostra como a decisão será apertada. Entre a passagem de Fisichella pela entrada dos boxes -ponto do acidente- e o choque de Alonso passaram-se 8s5. Na corrida, os pilotos cumpriam esse trecho em 7s. Ou seja, daria para o italiano ter completado a volta.
Mas há um detalhe: Fisichella freou para escapar dos destroços do Jaguar de Mark Webber, causa da batida de Alonso. O tempo perdido na freada decidirá o GP.


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