São Paulo, sábado, 10 de abril de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Clube de Jundiaí ofereceu há dois anos o controle de seu time ao adversário de amanhã na final

Paulista já tentou um dia ser filial do São Caetano

DIOGO PINHEIRO
DA FOLHA CAMPINAS

MARCUS VINICIUS MARINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Adversário do São Caetano no primeiro jogo da decisão do Estadual, amanhã, às 16h, o Paulista já tentou um dia entregar o controle de seu time ao clube do ABC.
A proposta tomou forma há menos de dois anos, em maio de 2002. Prestes a ficar órfão da multinacional italiana Parmalat, a diretoria do Paulista de Jundiaí contratou o professor João Paulo Medina, especialista em administração esportiva, para elaborar um projeto audacioso.
O objetivo da empreitada era atrair investidores para comandar o futebol jundiaiense.
Após a rescisão do contrato com a Parmalat, os dirigentes do Paulista apresentaram uma proposta de parceria justamente para o rival de amanhã, o São Caetano.
A intenção dos cartolas de Jundiaí era de entregar todo o departamento de futebol do clube para o grupo de empresários que hoje controla o São Caetano.
O motivo era um só. Com a saída da Parmalat, o Paulista perderia um orçamento mensal de quase R$ 1 milhão. Hoje, para manter a equipe que tenta o título estadual inédito, o clube desembolsa cerca de R$ 180 mil por mês.
Além dos bons resultados obtidos dentro de campo pelo time do ABC até aquele momento (duas decisões de Brasileiro e uma da Libertadores), os jundiaienses apostavam em outro trunfo para conseguir concretizar a fusão.
A rede de lojas Casas Bahia -ex-parceira do São Caetano e apontada como intermediária do atual patrocínio do clube, com a Consul, informação negada pelas partes-, tem o maior centro de distribuição da empresa no país instalado em Jundiaí, às margens da rodovia Anhangüera.
A intenção era de convencer Saul Klein, filho do dono das Casas Bahia, Samuel Klein, e tido como um dos responsáveis pela parceria Consul-São Caetano, a aceitar a idéia e efetivar a parceria.
A proposta dos cartolas do Paulista foi apresentada ao atual vice-presidente do São Caetano, Luiz de Paula. Mas o plano gorou.
"Nunca recebemos uma resposta do São Caetano. Para o Paulista e para a cidade de Jundiaí, teria sido ótimo ter uma parceria como essa. Infelizmente isso não aconteceu", disse o presidente do Paulista, Eduardo Palhares.
O vice do São Caetano disse ontem que, em um jogo-treino entre as duas equipes, a diretoria do Paulista chegou a comentar sobre a proposta de parceria, mas nunca houve uma negociação formal sobre a possível fusão.

Operação Holanda
Desde então, a diretoria do Paulista tem levado a proposta elaborada por João Paulo Medina para diversas empresas.
"Nós estamos no Paulista por uma necessidade. Quando conseguirmos fechar uma parceria, nada impedirá que esse investidor passe a controlar o clube. Afinal, quem investe tem o direito de mandar", afirmou Palhares.
No final do ano passado, a diretoria do Paulista resolveu buscar outro parceiro fora do país. O projeto foi apresentado aos dirigentes do PSV Eindhoven, da Holanda. Em fevereiro, um representante do clube holandês passou dez dias em Jundiaí para analisar a atual situação do clube.
"Até o final deste mês teremos uma resposta. Acho que temos 90% de chance de fechar essa parceria", declarou Palhares.
Além de administrar o futebol do clube, os holandeses também ficariam responsáveis por construir em Jundiaí um centro de excelência para a formação de novos atletas, em uma área nobre da cidade, ao lado de um centro de lazer que será inaugurado até o fim deste mês pela prefeitura.
A diretoria do Paulista incluiu na proposta uma única exigência: o nome do time não poderá mais ser alterado. Desde sua fundação, em 1909, o clube de Jundiaí já mudou de nome seis vezes, devido às parcerias firmadas com empresas brasileiras e estrangeiras.


Texto Anterior: Painel FC
Próximo Texto: Muricy lamenta ter dado folga a jogadores
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.