São Paulo, segunda-feira, 10 de abril de 2006

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FUTEBOL 1

Quando jogo na Vila começou, time da capital vencia por 1 a 0 em Mogi

Santos deixa São Paulo ser campeão só por 24 minutos

FÁBIO SEIXAS
TALES TORRAGA

ENVIADOS ESPECIAIS A SANTOS

MARIANA CAMPOS

DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

O peso de 21 anos, quatro meses e sete dias nunca foi tão sentido como naqueles 24 minutos.
Por esse período, ontem à tarde, entre o primeiro gol são-paulino em Mogi Mirim e a abertura do placar na Vila Belmiro, o Santos foi o vice-campeão paulista.
O 1,87m de Cléber Santana, meia que chegou ao time neste ano, porém, venceu todo esse peso. Foi dele o gol que iniciou a vitória por 2 a 0 sobre a Portuguesa e que garantiu ao clube do litoral o primeiro Estadual desde 84.
Buscando levar vantagem sobre o São Paulo, o Santos atrasou ao máximo o início da partida. Sofreu, porém, um golpe. Quando a bola rolou, às 16h06, o rival já vencia o Ituano por 1 a 0, o que levaria o troféu para o Morumbi.
Como se não bastasse essa pressão extra, inesperada, o Santos encontrou também uma Portuguesa arisca, defendendo e atacando em bloco, um esquema de desespero montado por Edinho.
A resistência, porém, durou pouco. Após dez minutos de bola mascada, passou a ruir. E, com mais facilidade a cada lance, o Santos começou a alcançar o gol.
A primeira boa chance veio aos 12min, com Ronaldo Guiaro surgindo de surpresa e escorando cobrança de escanteio para fora.
Demorou oito minutos para o Santos voltar a conseguir uma chance. Que veio com Léo Lima, o mais criativo no meio-campo.
Aos 20min, de primeira, ele pegou rebote da defesa da Portuguesa e chutou com perigo, rente ao travessão. A partir de então, os donos da casa deslancharam.
Dois minutos depois, em jogada ensaiada de cobrança de falta, a bola sobrou para Reinaldo, em posição duvidosa, marcar. O árbitro Wilson Luiz Seneme anulou, decisão que não chegou a ser muito contestada. Porque no minuto seguinte, aos 23min, o Santos enfim começou a tirar dos ombros o peso da fila de 21 anos.
Após cobrança de escanteio de Léo Lima, pela esquerda, Cléber Santana subiu mais que os zagueiros e, de cabeça, fez 1 a 0. Foi seu terceiro gol no campeonato.
Apesar do alívio, o Santos não relaxou. E teve o trabalho ainda mais facilitado com o desânimo da Portuguesa. Que, desordenada, fez gol contra. Aos 28min, Kléber cruzou da esquerda para Reinaldo. O zagueiro Leonardo subiu para tentar desviar, mas traiu Gléguer: 2 a 0 na Vila. "Não fui eu, não fui eu", berrava Reinaldo, enquanto corria para abraçar os colegas de equipe.
O Santos foi para o vestiário procurando conter a empolgação das arquibancadas. "O gol veio no momento certo, mas ainda tem o segundo tempo", disse Cléber Santana. "[O título] está perto, mas ainda não ganhamos nada", declarou o goleiro Fábio Costa.
Na prática, porém, o time voltou mais acomodado. Atacando, é fato, mas com uma clara preocupação em manter o resultado.
Aos 10min, Reinaldo foi responsável pelo lance mais bonito da partida. Avançando em jogada individual, ganhou dos zagueiros com um drible e um jogo de corpo, mas completou para fora.
Dois minutos depois, o mesmo Reinaldo avançou e serviu Léo Lima, dentro da área. O meia chutou, para boa defesa de Gléguer.
A Portuguesa só ameaçou duas vezes. Primeiro, aos 21min, com Esley, sozinho na área, aproveitando cruzamento de Ânderson e chutando por cima do gol de Fábio Costa.
Depois, aos 28min, com o lateral Jackson avançando e disparando um chute forte, defendido pelo goleiro santista.
A falta de emoções no segundo tempo atingiu as arquibancadas, que só passaram a entoar o grito de "é, campeão" quando faltavam dez minutos para o fim do jogo. Grito que explodiu a cinco minutos do apito final e que não silenciou durante a noite.


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