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FUTEBOL 1
Quando jogo na Vila começou, time da capital vencia por 1 a 0 em Mogi
Santos deixa São Paulo ser
campeão só por 24 minutos
FÁBIO SEIXAS
TALES TORRAGA
ENVIADOS ESPECIAIS A SANTOS
MARIANA CAMPOS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS
O peso de 21 anos, quatro meses
e sete dias nunca foi tão sentido
como naqueles 24 minutos.
Por esse período, ontem à tarde,
entre o primeiro gol são-paulino
em Mogi Mirim e a abertura do
placar na Vila Belmiro, o Santos
foi o vice-campeão paulista.
O 1,87m de Cléber Santana,
meia que chegou ao time neste
ano, porém, venceu todo esse peso. Foi dele o gol que iniciou a vitória por 2 a 0 sobre a Portuguesa
e que garantiu ao clube do litoral o
primeiro Estadual desde 84.
Buscando levar vantagem sobre
o São Paulo, o Santos atrasou ao
máximo o início da partida. Sofreu, porém, um golpe. Quando a
bola rolou, às 16h06, o rival já vencia o Ituano por 1 a 0, o que levaria
o troféu para o Morumbi.
Como se não bastasse essa pressão extra, inesperada, o Santos
encontrou também uma Portuguesa arisca, defendendo e atacando em bloco, um esquema de
desespero montado por Edinho.
A resistência, porém, durou
pouco. Após dez minutos de bola
mascada, passou a ruir. E, com
mais facilidade a cada lance, o
Santos começou a alcançar o gol.
A primeira boa chance veio aos
12min, com Ronaldo Guiaro surgindo de surpresa e escorando cobrança de escanteio para fora.
Demorou oito minutos para o
Santos voltar a conseguir uma
chance. Que veio com Léo Lima, o
mais criativo no meio-campo.
Aos 20min, de primeira, ele pegou rebote da defesa da Portuguesa e chutou com perigo, rente ao
travessão. A partir de então, os
donos da casa deslancharam.
Dois minutos depois, em jogada
ensaiada de cobrança de falta, a
bola sobrou para Reinaldo, em
posição duvidosa, marcar. O árbitro Wilson Luiz Seneme anulou,
decisão que não chegou a ser muito contestada. Porque no minuto
seguinte, aos 23min, o Santos enfim começou a tirar dos ombros o
peso da fila de 21 anos.
Após cobrança de escanteio de
Léo Lima, pela esquerda, Cléber
Santana subiu mais que os zagueiros e, de cabeça, fez 1 a 0. Foi seu
terceiro gol no campeonato.
Apesar do alívio, o Santos não
relaxou. E teve o trabalho ainda
mais facilitado com o desânimo
da Portuguesa. Que, desordenada, fez gol contra. Aos 28min, Kléber cruzou da esquerda para Reinaldo. O zagueiro Leonardo subiu
para tentar desviar, mas traiu Gléguer: 2 a 0 na Vila. "Não fui eu,
não fui eu", berrava Reinaldo, enquanto corria para abraçar os colegas de equipe.
O Santos foi para o vestiário
procurando conter a empolgação
das arquibancadas. "O gol veio no
momento certo, mas ainda tem o
segundo tempo", disse Cléber
Santana. "[O título] está perto,
mas ainda não ganhamos nada",
declarou o goleiro Fábio Costa.
Na prática, porém, o time voltou mais acomodado. Atacando, é
fato, mas com uma clara preocupação em manter o resultado.
Aos 10min, Reinaldo foi responsável pelo lance mais bonito da
partida. Avançando em jogada individual, ganhou dos zagueiros
com um drible e um jogo de corpo, mas completou para fora.
Dois minutos depois, o mesmo
Reinaldo avançou e serviu Léo Lima, dentro da área. O meia chutou, para boa defesa de Gléguer.
A Portuguesa só ameaçou duas
vezes. Primeiro, aos 21min, com
Esley, sozinho na área, aproveitando cruzamento de Ânderson e
chutando por cima do gol de Fábio Costa.
Depois, aos 28min, com o lateral Jackson avançando e disparando um chute forte, defendido
pelo goleiro santista.
A falta de emoções no segundo
tempo atingiu as arquibancadas,
que só passaram a entoar o grito
de "é, campeão" quando faltavam
dez minutos para o fim do jogo.
Grito que explodiu a cinco minutos do apito final e que não silenciou durante a noite.
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