São Paulo, domingo, 10 de abril de 2011

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JUCA KFOURI

Um jogo imundo


Chega ao país a tradução do livro do jornalista escocês que tem entrada proibida na Fifa


"JOGO SUJO, o Mundo Secreto da Fifa: Compra de Votos e Escândalo de Ingressos", o livro que nos países de língua inglesa tem "Foul!" como título e, nos de francesa, "Carton Rouge".
São 350 páginas de reportagens e denúncias feitas pelo repórter da BBC Andrew Jennings, uma pedra tamanha no sapato da Fifa que ele tem sua entrada vetada no prédio da entidade.
O livro chega às livrarias brasileiras amanhã, por R$ 49,90, e, a julgar pela venda antecipada na Editora Panda Books, do ex-diretor de "Placar" Marcelo Duarte, hoje na ESPN Brasil e na rádio Bandeirantes, será um sucesso.
O escocês Jennings já havia se notabilizado, ao lado do inglês Vyv Simson, no começo dos anos 90, por ter escrito "Os Senhores dos Anéis", livro lançado no Brasil pela Editora Best Seller e esgotado há séculos, encontrável, e vale a pena, só nos sebos.
Se, no livro anterior, o foco era o então presidente do Comitê Olímpico Internacional, o espanhol e franquista Juan Antonio Samaranch, o de agora centra fogo no suíço Joseph Blatter.
No "Lord of Rings", Jennings revelou exaustivamente o sistema de compra de votos para a escolha das sedes olímpicas, fosse para os Jogos de inverno, fosse para os de verão.
Neste "Jogo Sujo" quem se sai muito mal é Blatter e seus companheiros do futebol, os companheiros de sempre e os circunstanciais, porque, é claro, também se compram votos nas eleições da Fifa e para a escolha das sedes das Copas do Mundo.
Se, por aqui, Ricardo Teixeira conseguiu impedir a venda do livro sobre a CPI da CBF/Nike, editado pela Editora Casa Amarela e escrito pelos então deputados Aldo Rebelo (PC do B-SP) e Sílvio Torres (PSDB-SP), sem que, é verdade, Rebelo lutasse pela liberação depois que seu partido chegou ao poder com Lula, as tentativas da Fifa em relação ao "Jogo Sujo" foram em vão.
E, com ele, você poderá se aprofundar nas jogadas de mestre dos cartolas, numa história de traições, adultérios, jogatina, sequestros e drogas.
Há, por exemplo, um capítulo inteiro dedicado a mostrar como João Havelange, que agora pede anistia das dívidas dos clubes com o Estado brasileiro, tentou transformar a Fifa numa casa de apostas, coisa abortada pela morte do empresário, em acidente de helicóptero, Mathias Machline.
Tudo escrito com graça, porque Jennings tem, de sobra, o típico humor britânico.

blogdojuca@uol.com.br


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