São Paulo, sexta-feira, 10 de maio de 2002

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Patrono do Brasiliense consegue punir Simon por erros na Copa do Brasil

Estevão peita CBF, que suspende juiz da Copa

MARÍLIA RUIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

A poucos dias de embarcar para o Japão e se integrar ao grupo de árbitros que vão apitar a Copa do Mundo, Carlos Eugênio Simon foi afastado pela Comissão de Arbitragem da CBF pelos erros que cometeu no jogo de anteontem, entre Corinthians e Brasiliense, pelas finais da Copa do Brasil.
A punição, segundo Édson Resende, integrante da comissão, perdurará até o início do Campeonato Brasileiro, previsto para começar em agosto, nas competições organizadas pela entidade.
Nenhum dirigente da Fifa foi encontrado para informar se a pena imposta pela CBF ao árbitro pode influir na sua participação no Mundial, que começa no próximo dia 31. Simon foi o único brasileiro indicado para apitar partidas da Copa do Mundo.
Segundo o artigo 26, parágrafo segundo, do regulamento do Mundial da Coréia do Sul e do Japão, para que um juiz possa ser relacionado para uma partida, ele deverá fazer parte da lista de árbitros da Fifa. Isso Simon continua sendo, já que a CBF não cassou a sua licença de juiz por um tempo determinado, só afastando-o de torneios por ela administrados.
Mas a situação pode mudar. O presidente do time de Taguatinga (DF), o senador cassado Luiz Estevão, afirmou que entrará, na próxima semana, com uma representação na Justiça Desportiva pedindo a suspensão de Simon.
"Vou entrar com uma representação contra ele [Simon", que é um bandido e deveria ter vergonha na cara e se aposentar. Ele roubou o Brasiliense de forma vexatória. Se ele não pode apitar jogos da CBF, como vai poder representar o Brasil na Copa do Mundo? Ele deveria desistir. Fui lesado e quero que a punição dele seja aumentada ainda mais", declarou Luiz Estevão.
O pivô do descontentamento do Brasiliense se isolou ontem.
Carlos Eugênio Simon, árbitro gaúcho, não quis dar entrevistas e não respondeu aos chamados deixados pela reportagem. A única declaração do juiz sobre a sua atuação foi dada logo após o jogo de anteontem, quando não assinalou uma falta na jogada que originou o segundo gol corintiano e não marcou um pênalti contra o time da casa, ainda nos vestiários do estádio do Morumbi.
"Não trabalho assistindo aos lances pela TV. Apito o jogo dentro de campo e não errei", disse.
Os dirigentes do Corinthians não quiseram comentar o afastamento do árbitro e foram irônicos em relação à postura do presidente do Brasiliense.
"O clube não se envolve com arbitragem nunca. Nem quando é prejudicado, como tem sido nos últimos jogos com o São Paulo. Não conhecemos nenhum juiz e não ficamos pressionando para sermos beneficiados depois", disse Antonio Roque Citadini, vice de futebol do Corinthians.
O dirigente do Brasiliense esteve na sede da CBF ontem, mas não foi recebido por Armando Marques, presidente da Comissão de Arbitragem, como pretendia.
Virgílio Elíseo da Costa, diretor do Departamento Técnico da CBF, atendeu Luiz Estevão e teve a missão de acalmar o ex-senador, que estava bastante nervoso. Gesticulava muito e pedia providências contra o "roubo" do qual havia sido vítima no Morumbi.
"Ele roubou e tem que ser punido. De juiz eu espero esquecer o nome assim que acaba um jogo de futebol, mas com ele foi diferente. Não dá para esquecer. Ele prejudicou o Brasiliense. O mundo sabe disso. Só vou fazer o que é justo porque ele foi desonesto."



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