|
Texto Anterior | Índice
FUTEBOL
Acordo articulado pela TV prevê que entidade de clubes será reconhecida pela confederação após mudar seu estatuto
CBF e Liga vão co-organizar o Brasileiro
FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
A ameaça de cisão que rondava
o futebol brasileiro foi enterrada
ontem à noite em uma reunião secreta na sede da Globo Esportes,
na Barra da Tijuca (zona oeste do
Rio de Janeiro). Após três horas
de conversa, representantes da
CBF e da Liga Nacional decidiram
que vão co-organizar o Campeonato Brasileiro deste ano.
O encontro, articulado pela Globo Esportes, reuniu pela primeira
vez desde março de 2001, quando
foi assinado o "pacto da bola", os
agora desafetos Ricardo Teixeira
(CBF) e Fábio Koff (Clube dos 13 e
Liga Nacional). Os anfitriões da
reunião foram Marcelo Campos
Pinto, diretor-executivo da Globo
Esportes, e Julio Mariz, o segundo
homem na hierarquia do braço
esportivo da emissora.
Na reunião, que começou às 18h
e terminou após as 21h, ficou
acordado que o Brasileiro será
disputado por 26 clubes, a partir
de agosto, e que a confecção de tabelas e regulamento será feita em
conjunto por representantes da
CBF e da Liga Nacional.
A entidade máxima do futebol
brasileiro se dispôs a registrar a
Liga e a convencer Flamengo, Fluminense, Botafogo e Vasco a disputarem o Nacional.
Segundo a Folha apurou, os clubes cariocas serão incitados pela
Globo a disputar o torneio e a voltarem atrás na decisão de se rebelar contra a Liga Nacional. Em
troca, Koff admitiu rever alguns
pontos do estatuto da nova associação para adequá-lo ao da CBF.
Confederação e Liga entraram
em choque no final de março,
quando a segunda foi fundada.
Uma semana após a criação da
entidade de clubes, que reúne 48
times, a CBF seguiu a determinação das federações e anunciou
que organizaria o Nacional-2002.
A Liga, por seu lado, mostrava-se irredutível na idéia de gerir sozinha o Brasileiro. Ameaçou entrar na Justiça para ser oficializada
pela CBF e decidiu que montaria
o torneio mesmo sem os cariocas.
Porém, a pedido da Globo e do
Corinthians, Koff sentou-se à mesa com Teixeira e abriu mão da
exclusividade na gestão da edição
deste ano -em 2003, só a Liga seria a responsável pelo Nacional. A
entrada dos executivos da Globo
na articulação para reaproximar
as partes deu-se na última semana. A emissora não queria ver o
torneio mais importante do calendário nacional esvaziado.
Sem o aval da CBF, o torneio
"pirata" da Liga, além de não dar
vaga para competições internacionais, como a Libertadores, dificilmente contaria com os rebeldes
cariocas, importantes para a TV
por estarem no segundo mercado
mais importante do país.
O Corinthians também teve papel decisivo no acordo. O time
paulista, que pode conquistar
uma vaga na Libertadores na próxima semana se vencer a Copa do
Brasil, poderia ficar fora do torneio sul-americano e da próxima
edição do Mundial de Clubes se
entrasse na guerra contra a CBF.
Além do corintiano Alberto
Dualib e dos representantes da
Globo, da Liga e da CBF, participaram do encontro Mustafá Contursi (Palmeiras), Zezé Perrella
(Cruzeiro), Fernando Carvalho
(Inter), Fernando Pessoa (Sport),
Paulo Maracajá (Bahia) e Mario
Celso Petraglia (Atlético-PR).
Na reunião ficou ainda decidido
que, por enquanto, os clubes não
vão aderir à Copa Pan-Americana, torneio criado pela Conmebol
para substituir a Copa Mercosul.
Outro item do acordo, a manutenção da maior parte do calendário quadrienal de 2001, ainda depende de discussão. As federações
exigem a volta dos Estaduais, o
que contraria a vontade das ligas
regionais e dos grandes clubes.
À Folha, Koff disse que recebeu
a palavra de Teixeira de que a Liga
seria registrada assim que fizer os
ajustes estatutários e que, se isso
for cumprido, as duas entidades
organizarão o Nacional. "Fico feliz que a disputa tenha acabado
sem que fosse preciso ir à Justiça."
A reportagem não localizou os representantes da Globo e da CBF.
Texto Anterior: Avançam os campeões mundiais Índice
|