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AUTOMOBILISMO
Alemão chega em primeiro na Espanha e conquista sua quinta vitória em cinco provas do Mundial de F-1
Obrigado a acelerar, Schumacher vence
FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A BARCELONA
Isso só acontece com campeões.
Michael Schumacher estava na
liderança do GP da Espanha, ontem, em Barcelona, quando um
alerta começou a piscar nos computadores da Ferrari. Havia uma
fissura no escapamento do carro.
A solução para que o problema
não se agravasse era manter alta a
pressão da emissão de gases. Para
não correr o risco de abandonar,
Schumacher tinha essa única saída: acelerar ainda mais e cruzar o
quanto antes a linha de chegada.
É a ordem dos sonhos de qualquer piloto. Schumacher obedeceu. E recebeu a bandeirada uma
hora e 27 minutos após a largada.
Nunca uma corrida em Barcelona havia terminado tão rápido.
Foi sua quinta vitória em cinco
GPs disputados neste ano, igualando o feito de Nigel Mansell em
1992, o início de Mundial mais
avassalador da história da F-1.
Em segundo lugar, 13 segundos
atrás, chegou Rubens Barrichello.
Foi a terceira dobradinha da Ferrari no ano e a 18ª da dupla. Jarno
Trulli, da Renault, foi o terceiro.
"Meu receio era que essa rachadura no escapamento danificasse
a lateral esquerda do carro. Houve
até um princípio de incêndio naquele ponto quando o Michael
parou para o seu segundo pit stop
e, sendo realista, não achei que ele
pudesse chegar ao final da corrida. Precisamos admitir que tivemos sorte", declarou Ross Brawn,
diretor técnico e estrategista da
Ferrari, à Folha.
"Depois do meu primeiro pit,
Ross entrou no rádio e disse que
não havia muito o que fazer. Eu só
não podia reduzir o ritmo porque
isso poderia agravar o problema.
Respirei fundo, tomei cuidado e
consegui ir até o fim", disse o alemão, que conseguiu ainda cravar
a volta mais veloz da prova.
Não foi seu único problema ontem. Mas o outro durou muito
pouco, apenas até a primeira das
três rodadas de pit stops.
Saindo da pole position e talvez
preocupado demais com as
ameaças de Juan Pablo Montoya,
o segundo no grid, Schumacher
foi batido por Trulli na largada.
Com o carro leve e um ritmo
forte, o italiano conseguiu abrir
meio segundo de vantagem. Muito pouco quando o adversário em
questão é hexacampeão da F-1.
Na nona volta, Trulli precisou
entrar nos boxes para reabastecer
seu Renault. Com o caminho livre, o alemão acelerou, fez uma
volta voadora e entrou no giro seguinte. Retornou à pista na frente.
Foi a 75ª vitória de sua carreira,
a sexta em Barcelona, a quarta
consecutiva no circuito espanhol.
Foi, ainda, a 18ª vez na sua carreira em que obteve um final de
semana perfeito, com direito a
pole position, vitória e volta mais
rápida -neste ano, já havia feito
isso na Austrália e no Bahrein.
Com o resultado, a Alemanha
superou o Brasil no número de
triunfos na categoria: 87 a 86. Só o
Reino Unido obteve mais: 189.
"São números legais, principalmente porque essa foi minha 200ª
corrida. Estou orgulhoso deles,
mas não chego às pistas pensando
em estatísticas", afirmou. "A próxima corrida é em Mônaco, eu
gostaria de vencer lá, é claro, mas
não por causa de recordes."
Caso ele mantenha o ritmo deste início de temporada, porém,
pode bater em breve duas marcas
das mais significativas da história
da categoria. Primeiro, o recorde
de vitórias sucessivas, nove, que
desde 1953 pertence a um herói
italiano, Alberto Ascari. Depois, o
de pole positions, 65, de Ayrton
Senna -faltam apenas sete.
Isso só acontece com mitos do
esporte.
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