São Paulo, segunda-feira, 10 de maio de 2004

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AUTOMOBILISMO

Alemão chega em primeiro na Espanha e conquista sua quinta vitória em cinco provas do Mundial de F-1

Obrigado a acelerar, Schumacher vence

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A BARCELONA

Isso só acontece com campeões.
Michael Schumacher estava na liderança do GP da Espanha, ontem, em Barcelona, quando um alerta começou a piscar nos computadores da Ferrari. Havia uma fissura no escapamento do carro.
A solução para que o problema não se agravasse era manter alta a pressão da emissão de gases. Para não correr o risco de abandonar, Schumacher tinha essa única saída: acelerar ainda mais e cruzar o quanto antes a linha de chegada.
É a ordem dos sonhos de qualquer piloto. Schumacher obedeceu. E recebeu a bandeirada uma hora e 27 minutos após a largada.
Nunca uma corrida em Barcelona havia terminado tão rápido.
Foi sua quinta vitória em cinco GPs disputados neste ano, igualando o feito de Nigel Mansell em 1992, o início de Mundial mais avassalador da história da F-1.
Em segundo lugar, 13 segundos atrás, chegou Rubens Barrichello. Foi a terceira dobradinha da Ferrari no ano e a 18ª da dupla. Jarno Trulli, da Renault, foi o terceiro.
"Meu receio era que essa rachadura no escapamento danificasse a lateral esquerda do carro. Houve até um princípio de incêndio naquele ponto quando o Michael parou para o seu segundo pit stop e, sendo realista, não achei que ele pudesse chegar ao final da corrida. Precisamos admitir que tivemos sorte", declarou Ross Brawn, diretor técnico e estrategista da Ferrari, à Folha.
"Depois do meu primeiro pit, Ross entrou no rádio e disse que não havia muito o que fazer. Eu só não podia reduzir o ritmo porque isso poderia agravar o problema. Respirei fundo, tomei cuidado e consegui ir até o fim", disse o alemão, que conseguiu ainda cravar a volta mais veloz da prova.
Não foi seu único problema ontem. Mas o outro durou muito pouco, apenas até a primeira das três rodadas de pit stops.
Saindo da pole position e talvez preocupado demais com as ameaças de Juan Pablo Montoya, o segundo no grid, Schumacher foi batido por Trulli na largada.
Com o carro leve e um ritmo forte, o italiano conseguiu abrir meio segundo de vantagem. Muito pouco quando o adversário em questão é hexacampeão da F-1.
Na nona volta, Trulli precisou entrar nos boxes para reabastecer seu Renault. Com o caminho livre, o alemão acelerou, fez uma volta voadora e entrou no giro seguinte. Retornou à pista na frente.
Foi a 75ª vitória de sua carreira, a sexta em Barcelona, a quarta consecutiva no circuito espanhol.
Foi, ainda, a 18ª vez na sua carreira em que obteve um final de semana perfeito, com direito a pole position, vitória e volta mais rápida -neste ano, já havia feito isso na Austrália e no Bahrein.
Com o resultado, a Alemanha superou o Brasil no número de triunfos na categoria: 87 a 86. Só o Reino Unido obteve mais: 189.
"São números legais, principalmente porque essa foi minha 200ª corrida. Estou orgulhoso deles, mas não chego às pistas pensando em estatísticas", afirmou. "A próxima corrida é em Mônaco, eu gostaria de vencer lá, é claro, mas não por causa de recordes."
Caso ele mantenha o ritmo deste início de temporada, porém, pode bater em breve duas marcas das mais significativas da história da categoria. Primeiro, o recorde de vitórias sucessivas, nove, que desde 1953 pertence a um herói italiano, Alberto Ascari. Depois, o de pole positions, 65, de Ayrton Senna -faltam apenas sete.
Isso só acontece com mitos do esporte.


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