São Paulo, domingo, 10 de maio de 2009

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PAULO VINICIUS COELHO

Campeão ou sobrevivente?


Se os favoritos não perderem jogadores, o Brasileirão chegará a novembro como em 2008: imprevisível


HAVIA CINCO candidatos ao título quando faltavam quatro rodadas para o fim do Brasileirão do ano passado. São Paulo, Grêmio e Cruzeiro, os três primeiros, seguem com a mesma base. O Flamengo mantém os principais jogadores e mudou de técnico, o Palmeiras mantém o técnico e mudou a base. Os cinco seguem na elite e ainda há o Internacional e o Corinthians, este voltando da Série B, prontos para disputar o troféu.
"São oito ou nove candidatos", diz o técnico Tite, do Inter. "Os favoritos aparecem, de fato, quando se fecha a janela de transferências."
O depoimento contrasta com o otimismo dos que veem neste Brasileirão a volta das estrelas. Ronaldo e Adriano estão aí. Mas, dos 23 convocados para a Copa-2006, só quatro estão em campos do Brasil -Fred e Rogério Ceni completam a lista.
Não é mal, caso se note que o equilíbrio tem sido a marca dos torneios mais pobres. A quatro rodadas do fim, o Campeonato Alemão tem cinco candidatos à taça, e a França tem empatados o Olympique de Marselha e o Bordeaux. Na Argentina, no ano passado, o equilíbrio produziu um triangular de desempate, vencido pelo Boca. Inglaterra, Itália e Espanha, muito mais ricos, já têm campeões definidos -ou quase.
Ganhar o Brasileirão, diz Tite, exige uma providência fundamental: manter o elenco. "Meu trabalho é mostrar isso à diretoria." Se os sete favoritos listados no primeiro parágrafo não perderem jogadores, o Brasileirão que começou ontem chegará a novembro como estava em 2008: imprevisível. Mas...
"Não perder ninguém é muito difícil", diz o diretor de futebol do São Paulo, João Paulo Jesus Lopes. Ele alimenta a teoria de que os europeus farão poucos investimentos, cita o déficit de 200 milhões de euros do Milan, mas lembra que esses números reforçam a dificuldade dos clubes daqui. "O São Paulo perdeu perto de R$ 40 milhões de receita e é dos mais estruturados. Os com menos estrutura sofrerão mais."
Pergunte a dirigentes dos 20 clubes da Série A. Nenhum dirá que manterá o elenco até o final do ano. "Temos ainda de vender um jogador", admite o vice-presidente do Inter, Fernando Carvalho. "Se tivermos proposta na casa dos R$ 20 milhões, minha impressão é que será consenso vender", admite o procurador de Keirrison, Naor Malaquias. "Nós vamos ter de reduzir custos e encarar a realidade", diz Kléber Leite, cartola do Flamengo. "Qualquer negócio que envolva o Elias será decidido em conjunto com o Corinthians", fala o agente Carlos Leite.
As declarações colecionadas nas últimas semanas entregam que a janela pode se abrir menos do que nos anos anteriores, mas que Tite está certo ao esperar agosto para fazer o julgamento definitivo sobre quem será o campeão. Mais certo ainda está ele em pedir à direção que não se desfaça dos jogadores mais importantes do elenco, como Taison, Nilmar e D'Alessandro. "Há um ano, o meu favorito era o Flamengo. Por que não foi campeão? Vendeu Marcinho e Renato Augusto", diz Tite.
Na história dos pontos corridos, o campeão nunca perdeu mais do que cinco jogadores para o exterior. Somente o Santos de 2004 sobreviveu à venda de três ídolos -Paulo Almeida, Renato e Diego.

pvc@uol.com.br

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