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BOXE
Tetracampeão brasileiro, Agnaldo Nunes abandona equipe por não receber salário há meses e recorre ao COB
Time olímpico perde melhor atleta
EDUARDO OHATA
da Reportagem Local
Considerado o melhor amador
brasileiro na atualidade, o pugilista Agnaldo Nunes abandonou a
equipe que disputa o pré-Pan-Americano a partir do dia 14 por
passar por problemas financeiros.
Agora, tem no Comitê Olímpico
Brasileiro suas últimas esperanças
para voltar ao time olímpico.
Nunes, que comunicou sua decisão à Confederação Brasileira de
Boxe na semana passada, citou o
fato de estar há sete meses sem receber salário do Corinthians, clube
que defende em torneios amadores, situação agravada pela gravidez de sua mulher, como principal
motivo de sua decisão.
Ao tomar conhecimento da situação do atleta, o presidente da
CBB, Luiz Claudio Bozelli, que o
considera ""o melhor e um dos
mais experiente amadores brasileiros da atualidade", entrou em
contato com o Comitê Olímpico
Brasileiro, em busca de auxílio.
Segundo o dirigente, o COB teria
se prontificado a destinar uma ajuda de custo ao lutador, assim que
as verbas do COI (Comitê Olímpico Internacional) fossem liberadas, e também a procurar um patrocinador junto à iniciativa privada para o lutador.
Nunes, 23, porém, afirma que só
desiste do emprego que arrumou
para saldar as dívidas ao ter a confirmação do patrocínio, o que deve
acontecer somente no início de junho, e que já descartou, em definitivo, a participação no pré-Pan-Americano, marcado para acontecer em Quito, no Equador.
""Acho que minha decisão (de
abandonar a seleção) é definitiva.
Mas, mesmo que achem uma solução para o problema de patrocínio,
não terei condições de ir ao Equador, tanto por problemas de peso,
quanto pelo fato de não reunir
condições psicológicas agora."
Uma verba que Nunes já recebe
mensalmente de um patrocinador
-R$ 500- deveria ser destinada
às despesas com o treinamento,
com suplementos alimentares e
passagens para Campinas (99 km a
noroeste de São Paulo), onde costuma treinar com sparrings.
Por estar sem receber há meses, o
dinheiro vem sendo usado para
saldar as contas domésticas, o que
afeta sua rotina de treinos. Uma
das consequências desse remanejamento da verba é que Nunes diminuiu de cinco para duas as viagens semanais para Campinas.
""Sei que meu treinamento acaba
comprometido, mas não tenho outra saída. Estou cheio de dívidas.
Preciso pagar as contas da casa, como o IPTU, as prestações do carro
e prosseguir com a construção de
uma casinha", explica Nunes.
A situação do pugilista é agravada pelo fato de sua mulher, Cleunice, estar grávida de seis meses, esperando o segundo filho do casal.
Nunes já é pai de uma menina de
quase dois anos -Amanda.
""Antes, apesar das críticas de familiares que sempre cobram retorno financeiro, dava para aguentar.
Mas agora, com mais esse filho a
caminho, não está dando para me
manter. Já estou com um emprego
(em uma fábrica de biscoitos) engatilhado", explica Nunes.
O lado negativo de o pugilista
trabalhar em um emprego regular
é que, embora ainda tenha condições de participar de torneios regionais -como o Luvas de Prata,
atualmente em andamento em São
Paulo-, não poderá mais ficar à
disposição da seleção brasileira
para concentrações e viagens.
""Escolhi esse emprego porque
trabalharia apenas na parte da manhã. À tarde, seria possível prosseguir os meus treinamentos. Mas
não daria para ficar perdendo dias
de trabalho com a seleção, sei que
seria difícil para qualquer patrão
entender uma situação dessas", lamenta o lutador, que acumula
mais de 80 combates em seu cartel.
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