São Paulo, domingo, 10 de junho de 2007 |
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TOSTÃO A versão, a fantasia e o fato
AS MAIS IMPORTANTES tarefas de um bom treinador são escalar os jogadores nos lugares certos e definir uma maneira de jogar, não somente o esquema tático mas também a postura em campo. Se vai dar certo, é outra história. Há muitos fatores envolvidos no resultado de um jogo. Qualquer equipe, pequena ou grande, com ou sem craques, precisa ter identidade, uma cara, mesmo que ela seja feia e que a maioria não goste. Isso não significa que os jogadores vão fazer sempre a mesma coisa e só o que o técnico mandar. É essencial improvisar e criar disfarces para anular e surpreender o rival. Nos poucos jogos que Dunga escalou juntos Ronaldinho, Kaká e Robinho, os três não tinham posições nem funções definidas e, com freqüência, ocupavam o mesmo espaço. Um atrapalhava o outro. Não marcavam nem se aproximavam do centroavante. Desse jeito, podem jogar mil anos que não darão certo. Não se pode também confundir times confusos, com jogadores perdidos em várias partes do gramado, com os organizados, em que os atletas se movimentam bastante e ocupam várias posições e têm várias funções em campo, como no Botafogo, independentemente da atuação do time ontem, contra o Palmeiras. Não são corretos também os chavões de que craque resolve sozinho a partida -os fatos mostram isso-, que os jogadores do passado eram mais raçudos -todos tiveram fracassos e momentos de apatia- e que os antigos craques não obedeciam a esquemas táticos e, por isso, atuavam melhor. O que mudou foi o estilo. Em todas as épocas, com raras exceções, os craques só brilham quando atuam em equipes organizadas. Impressiona-me ainda como tantas pessoas, em todas as áreas, inconscientemente e/ou por esquecimento e/ou intencionalmente, modificam e inventam fatos do passado, mesmo os que viveram esses momentos. A versão e a fantasia são muito mais interessantes e dão muito mais audiência do que o fato. O futuro é agora Enquanto Dunga passa noites sem dormir vendo DVDs do desconhecido Afonso, que, na primeira impressão, parece um Finazzi, um Tuta, um Aloísio (todos importantes para seus times), dois centroavantes de idades distintas, Dodô (33) e Pato (17), brilham no Brasil. Como disse o excelente comentarista Paulo Calçade, Pato finaliza bem com a cabeça e com os dois pés, é veloz e tem muita habilidade, criatividade e força física. Só discordo de Calçade e de meu filho -dois jovens sensatos- de que não se deve pular etapas e que Pato precisa jogar primeiro na seleção sub-20. Pato é exceção. Ele já participou de várias seleções de base e já está pronto para jogar no time principal. O futuro é agora. Outro de fora Por ser seu último bom contrato, Zé Roberto está certo em atender ao pedido, ou exigência, do Bayer de Munique de deixar a seleção para ser contratado. Só não precisava negar. Ele só foi também convocado pelas ausências de Kaká e Ronaldinho. Além de reforçar o time, seria o novo garoto-propaganda da seleção na Copa América. Os donos do dinheiro não gostaram.
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