São Paulo, terça-feira, 10 de junho de 2008

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Ascensão e crise embolam disputa olímpica na areia

Harley e Pedro surpreendem e buscam desvantagem de 600 pontos para Márcio e Fábio Luiz no Circuito Mundial

Corrida por Pequim, tranqüila em 2007, entra na reta final com luta acirrada por 2ª vaga; Ricardo e Emanuel estão praticamente assegurados

MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

No início do ano o técnico Renato França juntou seus pupilos e fez uma proposta. Apesar de o cenário não ser dos mais animadores, assegurou que existia chance de chegarem aos Jogos de Pequim. Mas, para isso, teriam de se desdobrar.
Naquela época, 600 pontos separavam Pedro e Harley de Márcio e Fábio Luiz, então a segunda dupla de vôlei de praia do país no Circuito Mundial. Passá-los parecia impossível.
Pedro e Harley, porém, aceitaram o desafio e, sete etapas depois, abriram uma disputa totalmente inesperada pela segunda vaga brasileira na China -os campeões olímpicos em Atenas, Ricardo e Emanuel, estão praticamente assegurados.
"O Renato nos propôs foco total na disputa. Tivemos de abrir mão de muitas coisas para pensar 24 horas só em vôlei de praia", conta Harley.
Toda essa dedicação já se traduz em números. Neste ano, a dupla lidera do Circuito Mundial com 2.880 pontos, 300 à frente de Ricardo e Emanuel. No ranking para Pequim, que soma resultados de 1º de janeiro de 2007 a 20 de julho de 2008, têm 4.560 pontos contra 4.740 de Márcio e Fábio Luiz.
Nesta temporada, Pedro e Harley venceram três etapas do Circuito Mundial. Seus adversários, que tentam se recuperar de uma crise, não subiram ao pódio em nenhuma delas.
A partir de hoje, em Berlim, começa a série de quatro Grand Slams, torneios que distribuem maior premiação. No último deles, na Áustria, o Brasil deve conhecer, enfim, suas duplas olímpicas masculinas.
No feminino, Juliana e Larissa e Renata e Talita têm vantagem bastante confortável e podem se classificar antes.
"Acho que o sofrimento de 2007 foi importante para fortalecer nosso time", diz Pedro.
Em 2007, a dupla jogou qualificatórios antes de entrar nas chaves principais. Resultado: ficava na quadra de segunda a domingo. "Foi difícil. Em algumas etapas estávamos muito cansados. Mesmo assim, ficamos entre os quatro na maioria das disputas", afirma Harley.
"Para piorar, ainda estávamos nos conhecendo. Começamos a jogar juntos de repente, meio por acaso [estão juntos a pouco mais de um ano]."
Os ajustes fora da quadra foram tão importantes quanto a evolução na areia. Harley e Pedro têm temperamentos parecidos, explosivos. E pagaram o preço por isso no ano passado.
"Perdemos alguns jogos por causa disso, brigamos com o adversário, perdemos a cabeça. Conversamos muito e estamos bem melhores", diz Harley.
Uma das medidas para evitar atritos foi colocar cada um no seu quarto em viagens. Na última etapa, na Polônia, Pedro ficou com a mãe, Isabel, ex-jogadora e agora técnica das filhas Maria Clara e Carol.
"O Harley é meu camarada, a gente tenta curtir o máximo juntos. Quando a gente estressa, o Renato segura nossa onda", brinca Pedro, 22.
Harley, 32, tem parceiro mais novo pela primeira vez. "Quando comecei, tinha 18 anos, idade com que o Pedro já ganhava títulos. É uma mistura curiosa, que está dando certo".


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