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África do Sul abriga copa com poeira e trânsito
Improvisos e obras marcam cidades a cinco dias da Copa das Confederações
Principal estádio do Mundial de 2010 está ameaçado por greve de trabalhadores que pode atrasar ainda mais a organização da competição
EDUARDO ARRUDA
ENVIADO ESPECIAL A JOHANNESBURGO
Trânsito pesado, poeira, homens trabalhando por todos os
lados. Obras, muitas obras. Esse é o cenário na maior cidade
da África a cinco dias do início
da Copa das Confederações.
Se os atrasos nas construções
indicavam que o torneio seria
disputado em um alto nível de
improviso, basta sair pelas ruas
para ter certeza disso.
O símbolo maior dos problemas enfrentados pelo país na
preparação para a Copa do
Mundo de 2010 não poderia ser
mais elucidativo.
O Soccer City, anunciado como o principal estádio do Mundial e que deve abrigar a abertura e a final, é pivô de disputa entre os trabalhadores e a associação das grandes construtoras
sul-africanas (Safec).
A queda de braço ocorre justamente na semana em que o
COL (Comitê Organizador Local) tem repetido estar preparado para organizar a Copa das
Confederações e o Mundial-10.
Os trabalhadores ameaçam
entrar em greve se não tiverem
reajuste salarial de 15%. A Safec
oferece 7%. Uma reunião deve
ocorrer na próxima semana.
Os caminhos que levam às
arenas da Copa em Johannesburgo e Pretória também mostram a ineficiência do COL e do
governo para cumprir prazos.
Na viagem de cerca de 50 km
entre as duas cidades, feita ontem pela Folha, é possível
constatar que elas se transformaram em canteiro de obras.
Na principal ligação entre os
municípios, em muitos trechos
trabalhadores ampliam as pistas ou constroem viadutos para
melhorar o fluxo do trânsito,
cada vez mais engarrafado.
A aposta nas chamadas freeways tem como objetivo suprir
outra carência do sistema de
transporte sul-africano.
Um trem de alta velocidade,
prometido para a Copa das
Confederações, também está
longe de ser concluído. Promessa de alívio para o trânsito
e de facilidade para a viagem
aos estádios, é ainda um sonho.
Ontem, a reportagem acompanhou um dos trechos, no distrito de Soweto, famosa área
nas cercanias de Johannesburgo. O corredor não conta com
mais de 1 km construído.
"Apesar desses atrasos, não
penso que teremos problemas
para levar os torcedores ao estádio", disse o chefe do setor de
comunicação do COL, Rich
Mkhondo. Segundo ele, a torcida terá linhas seguras e eficientes de ônibus para ir às arenas
das duas cidades.
Mkhondo declara que até dezembro a maior parte das obras
de transporte nas duas cidades
deve estar concluída.
Para a Copa das Confederações, porém, os torcedores encontrarão outro problema. O
acesso ao Ellis Park, que será
usado na abertura pela seleção
sul-africana, é muito difícil por
conta das obras e da poeira que
continuarão lá no domingo.
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