São Paulo, Quinta-feira, 10 de Junho de 1999
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FUTEBOL
Jogadores que começam na reserva e entram no decorrer das partidas são arma do time de Scolari nas decisões
Fôlego do banco decide para Palmeiras

Jorge Araújo/Folha Imagem
O meia Zinho, que começou o jogo de anteontem na reserva, dá entrevista no CT do Palmeiras, ontem


FÁBIO VICTOR
FERNANDO MELLO
da Reportagem Local

A vitória por 2 a 1 sobre o Santos, anteontem à noite, que garantiu o Palmeiras na decisão do Paulista-99, revelou definitivamente a principal arma do técnico Luiz Felipe Scolari contra o excesso de jogos do time e rumo à conquista da "tríplice coroa" (Libertadores, Copa do Brasil e Estadual).
O fôlego de jogadores que começam no banco e entram em campo no decorrer da partida tem se mostrado o diferencial palmeirense.
O jogo contra o Santos foi o quarto decisivo em 20 dias definido por atletas que entraram pelo menos no intervalo do primeiro para o segundo tempo (veja quadro).
Quando acabou a primeira etapa, o Palmeiras perdia por 1 a 0, resultado que o eliminava. Scolari, então, gastou as três trocas a que tinha direito e pôs em campo os titulares Alex, Zinho e Paulo Nunes -mais desgastados que os santistas ao longo do ano, mas mais descansados naquele momento.
O jogo mudou, o Palmeiras passou de dominado a dominador e acabou vencendo, justamente com um gol de Paulo Nunes.
"Quando os titulares que ficam no banco entram no jogo, estão fisicamente iguais ou melhores do que os adversários. Além disso, o time fica encorpado, todos ganham confiança", explicava Scolari ao final do clássico.
Em que pese o excesso de jogos que enfrenta -fará amanhã a 47ª partida oficial no ano-, o Palmeiras vem batendo times muito mais descansados, e, o mais incrível, marcando a maioria dos seus gols nos minutos finais dos confrontos.
Desde 14 de maio, jogo de ida contra o Flamengo pela Copa do Brasil, quando se iniciou o período mais crítico da maratona palmeirense, o time fez 22 gols. Destes, 12, ou 54,5%, foram marcados após os 30min do segundo tempo.
O atacante Euller, um reserva fundamental em pelo menos dois jogos decisivos (Flamengo e Lusa), acrescenta um dado à tendência.
"No banco, dá tempo de analisar a tática do adversário. Aí você entra sabendo exatamente o que fazer para furar o bloqueio dele."
O preparador físico Paulo Paixão acredita que as seguidas reversões de resultados negativos têm contribuído para o sucesso de seu trabalho. "Eles colocaram na cabeça que podem virar sempre. A mente, então, comanda as pernas. O fator emocional ajuda muito no físico."
O fenômeno de decidir com o fôlego de quem começou no banco é observado no Paulista e na Copa do Brasil, torneios considerados "periféricos" pelo Palmeiras. Na Libertadores, prioridade do clube, os titulares estão sempre entrando desde o início dos jogos, tanto nos de ida quanto nos de volta.


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