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Santos e São Paulo se enfrentam pela primeira vez na temporada em meio a troca de insultos entre cartolas e disputa acirrada por dinheiro, poder e jogadores
Clássico vê rivais na bola e inimigos nos negócios
EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL
Rivais dentro de campo e inimigos fora dele. É assim que Santos e
São Paulo se enfrentarão hoje, às
16h, na Vila Belmiro. O primeiro
confronto do ano entre a equipe
do Morumbi, vice-líder do Brasileiro, e o quarto colocado, o time
do litoral, trará à tona conflitos
que acirraram a rivalidade entre
os clubes nos últimos anos.
O desentendimento, iniciado
em 2002 quando o Santos despontou para o título nacional e
eliminou o favorito São Paulo, ganhou eco nas vozes de dirigentes
das duas agremiações.
Desde que o meia Diego fez troça aos rivais e comemorou um gol
pisando no símbolo são-paulino
no Morumbi, a relação só se deteriorou. Em campo, os santistas
também tiraram, com duas vitórias, o rival da disputa pelo título
do Nacional no ano passado.
No mesmo ano, o São Paulo, em
um empate suspeito com o Santo
André, limou o clube da Vila Belmiro da disputa pelo Estadual, cuja conquista virou obsessão para o
presidente Marcelo Teixeira.
Em pouco tempo, os duelos no
gramado se transformaram em
troca de insultos de lado a lado e
disputa ferrenha por dinheiro,
poder e jogadores.
O Santos acusa o São Paulo de
ser o artífice do veto ao clube para
receber cota maior da TV pelos
direitos do Brasileiro. O São Paulo
reclama que o rival ajudou a enterrar os torneios regionais.
A queda-de-braço por atletas
também ajudou a apimentar o clima. No Morumbi, no ano passado, já era dada como certa a contratação de Ricardo Oliveira, que
se apresentou na Vila Belmiro.
O assédio ao volante Renato por
parte do São Paulo levou o diretor
santista Francisco Lopes a chamar os adversários de "bambis".
A ida do meia Ricardinho para o
Santos também provocou a ira
dos são-paulinos, que consideraram a contratação uma provocação dos rivais. O episódio mais recente foi a contratação de César
Sampaio pelo São Paulo. O volante interessava ao adversário.
Hoje, quando o Brasileiro assiste à rodada dos clássicos por todo
o país, ele estará em campo pela
primeira vez pelo São Paulo, assim como Ricardinho fará seu
primeiro duelo contra o ex-clube.
"Quem começou foi o São Paulo, que fez um motim contra a
gente", diz Francisco Lopes.
"Não articulamos nada contra
eles, mas o Santos foi contra a
continuidade dos regionais. Por
isso, vou continuar votando contra eles", afirmou o presidente
são-paulino Marcelo Portugal
Gouvêa, que ameaça não alugar
mais o Morumbi para os rivais.
Se a guerra está equilibrada nos
bastidores, os santistas tem tido
vantagem na bola. O San-São de
hoje será o sexto desde o acirramento da rivalidade entre os clubes. A partir dali, em duelos sempre nervosos, foram quatro vitórias santistas e uma são-paulina.
"Eu peguei fases que não perdíamos do Santos de jeito nenhum. Mas ultimamente não temos conseguido ganhar", disse o
goleiro Rogério, que participou
de todos os confrontos.
Para piorar, hoje o São Paulo
não terá seis titulares -Cicinho,
Alexandre e Diego Tardelli, suspensos, Rodrigo, contundido,
Luis Fabiano, na seleção, e Fábio
Simplício, que está negociando a
renovação de seu contrato.
O "mistão" do técnico Cuca pegará um Santos embalado, que
vem de cinco vitórias seguidas e
pode até terminar a rodada na liderança -precisa vencer e torcer
por tropeços de rivais diretos.
"Não gosto de chorar o leite derramado. Sei que não temos um time em condições de dar show.
Por isso, vamos tentar vencer do
jeito que dá", disse Cuca.
"Não é porque o São Paulo tem
desfalques que somos favoritos.
Lutaremos pela vitória, assim como eles", afirmou o santista Vanderlei Luxemburgo.
NA TV - Globo (só para São
Paulo), ao vivo, às 16h
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