São Paulo, sábado, 10 de julho de 2004

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Santos e São Paulo se enfrentam pela primeira vez na temporada em meio a troca de insultos entre cartolas e disputa acirrada por dinheiro, poder e jogadores

Clássico vê rivais na bola e inimigos nos negócios

EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

Rivais dentro de campo e inimigos fora dele. É assim que Santos e São Paulo se enfrentarão hoje, às 16h, na Vila Belmiro. O primeiro confronto do ano entre a equipe do Morumbi, vice-líder do Brasileiro, e o quarto colocado, o time do litoral, trará à tona conflitos que acirraram a rivalidade entre os clubes nos últimos anos.
O desentendimento, iniciado em 2002 quando o Santos despontou para o título nacional e eliminou o favorito São Paulo, ganhou eco nas vozes de dirigentes das duas agremiações.
Desde que o meia Diego fez troça aos rivais e comemorou um gol pisando no símbolo são-paulino no Morumbi, a relação só se deteriorou. Em campo, os santistas também tiraram, com duas vitórias, o rival da disputa pelo título do Nacional no ano passado.
No mesmo ano, o São Paulo, em um empate suspeito com o Santo André, limou o clube da Vila Belmiro da disputa pelo Estadual, cuja conquista virou obsessão para o presidente Marcelo Teixeira.
Em pouco tempo, os duelos no gramado se transformaram em troca de insultos de lado a lado e disputa ferrenha por dinheiro, poder e jogadores.
O Santos acusa o São Paulo de ser o artífice do veto ao clube para receber cota maior da TV pelos direitos do Brasileiro. O São Paulo reclama que o rival ajudou a enterrar os torneios regionais.
A queda-de-braço por atletas também ajudou a apimentar o clima. No Morumbi, no ano passado, já era dada como certa a contratação de Ricardo Oliveira, que se apresentou na Vila Belmiro.
O assédio ao volante Renato por parte do São Paulo levou o diretor santista Francisco Lopes a chamar os adversários de "bambis".
A ida do meia Ricardinho para o Santos também provocou a ira dos são-paulinos, que consideraram a contratação uma provocação dos rivais. O episódio mais recente foi a contratação de César Sampaio pelo São Paulo. O volante interessava ao adversário.
Hoje, quando o Brasileiro assiste à rodada dos clássicos por todo o país, ele estará em campo pela primeira vez pelo São Paulo, assim como Ricardinho fará seu primeiro duelo contra o ex-clube.
"Quem começou foi o São Paulo, que fez um motim contra a gente", diz Francisco Lopes.
"Não articulamos nada contra eles, mas o Santos foi contra a continuidade dos regionais. Por isso, vou continuar votando contra eles", afirmou o presidente são-paulino Marcelo Portugal Gouvêa, que ameaça não alugar mais o Morumbi para os rivais.
Se a guerra está equilibrada nos bastidores, os santistas tem tido vantagem na bola. O San-São de hoje será o sexto desde o acirramento da rivalidade entre os clubes. A partir dali, em duelos sempre nervosos, foram quatro vitórias santistas e uma são-paulina.
"Eu peguei fases que não perdíamos do Santos de jeito nenhum. Mas ultimamente não temos conseguido ganhar", disse o goleiro Rogério, que participou de todos os confrontos.
Para piorar, hoje o São Paulo não terá seis titulares -Cicinho, Alexandre e Diego Tardelli, suspensos, Rodrigo, contundido, Luis Fabiano, na seleção, e Fábio Simplício, que está negociando a renovação de seu contrato.
O "mistão" do técnico Cuca pegará um Santos embalado, que vem de cinco vitórias seguidas e pode até terminar a rodada na liderança -precisa vencer e torcer por tropeços de rivais diretos.
"Não gosto de chorar o leite derramado. Sei que não temos um time em condições de dar show. Por isso, vamos tentar vencer do jeito que dá", disse Cuca.
"Não é porque o São Paulo tem desfalques que somos favoritos. Lutaremos pela vitória, assim como eles", afirmou o santista Vanderlei Luxemburgo.


NA TV - Globo (só para São Paulo), ao vivo, às 16h




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