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No adeus, Zidane vai de herói a vilão
Após igualar Pelé, Vavá e Breitner com gols em final, meia francês agride Materazzi e se aposenta de forma melancólica
Expulso a dez minutos do fim
da prorrogação, camisa 10 se
junta ao camaronês Song
como os únicos a receberem
dois vermelhos em Mundiais
DOS ENVIADOS A BERLIM
Ele começou o jogo igualando um recorde positivo das Copas. Mas, no último ato da sua
brilhante carreira profissional,
saiu pela porta dos fundos atingindo outra marca histórica, só
que desta vez bem feia.
Zinedine Zidane, 34, faz parte agora de um grupo que só
tem mais três membros (Pelé,
Vavá e o alemão Breitner). Eles
foram os únicos a fazer gols em
duas finais de Mundial.
Mas, com a mesma cabeça
que decidiu a Copa de 1998,
agrediu Materazzi e agora faz
companhia ao camaronês Song
como o único jogador da história a ter sido expulso duas vezes
em partidas de Copa.
Confirma assim o histórico
de mal comportamento -além
dos dois vermelhos, recebeu
quatro amarelos em apenas 12
partidas pela competição, que o
tiraram de três confrontos (em
1998, o francês pegou um gancho de duas partidas por agredir um jogador da Arábia Saudita na primeira fase).
Zidane vai encerrar a carreira com 12 expulsões no currículo, muita coisa para alguém de
sua posição e com seu talento.
Em 2000, deu uma cabeçada
em um jogador do Hamburgo e
foi suspenso por cinco jogos da
Copa dos Campeões da Europa.
E ainda foi péssimo perdedor. O carrasco brasileiro em
duas Copas não foi ao gramado
receber a medalha de vice-campeão. Não cumprimentou os vitoriosos. Escondeu-se no vestiário e novamente se calou, o
que causou durante o Mundial
pesadas críticas dos patrocinadores da federação francesa.
Mas não faltou gente para falar de Zidane. "Isso não deveria
ter acontecido com ele. Seu
gesto debilitou sua equipe. Sabemos como os franceses ficam
debilitados quando perdem seu
capitão", disse o alemão Franz
Beckenbauer, ex-craque e chefe da organização da Copa.
Quase todos tentaram passar
a mão na cabeça do camisa 10.
"Sou um grande fã do Zidane.
Lamento que ele tenha encerrado a carreira desse jeito", disse Marcello Lippi, o técnico italiano. "No vestiário, ele estava
abatido. Não vou pedir explicações. O gesto do Zidane não teve influência no resultado final.
Não quero julgá-lo ou culpá-lo.
Não temos que mexer em sua
ferida", afirmou Jean-Pierre
Escalettes, presidente da federação francesa.
Mas houve também quem fugisse da louvação dos últimos
dias ao camisa 10 francês.
"Acho que esse jogo provou que
a melhor marcação sobre ele é a
por zona, e não individual. Zidane não faz mais a diferença
como antes", disse o meia Gattuso. Muita gente criticou Carlos Alberto Parreira por justamente não ter executado uma
marcação individual sobre o
meia, que, com a derrota francesa, encerra a última temporada da sua carreira sem títulos
-no Real Madrid, ele já havia
ficado sem saborear um.
Ontem, antes de perder a cabeça, Zidane foi protagonista
de lances vitais do jogo. Primeiro, fez o gol numa cobrança de
pênalti, que exigiu muita coragem. Ele viu Buffon cair e bateu
de leve, muito leve, na bola, que
acertou a trave e ultrapassou a
linha antes de bater no chão e
voltar para o campo. Sorte que
o bandeirinha estava bem posicionado e validou o gol.
Como aconteceu em outros
momentos importantes, como
no gol que fez contra Portugal
nas semifinais, sua comemoração foi bastante tímida.
Já na prorrogação, executou
uma certeira cabeçada que resultou em defesa espetacular
de Buffon.
(FÁBIO VICTOR, GULHERME ROSEGUINI, PAULO COBOS, RICARDO
PERRONE E RODRIGO BUENO)
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