São Paulo, quinta-feira, 10 de agosto de 2000


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FUTEBOL
Clube paulista mais antigo em atividade faz aniversário amanhã rejeitando tendência modernizadora do esporte
Ponte Preta chega aos 100 "romântica"

LUCIANO CALAFIORI
DA FOLHA CAMPINAS

Às vésperas dos seus cem anos, a Ponte Preta celebra a data fazendo a apologia do "romantismo".
Rejeitando a intervenção das empresas no seu departamento de futebol, formando jogadores para revendê-los e se sustentar, o clube de Campinas vai na contramão do modelo de modernização do esporte no país, amparado em parcerias com grandes grupos financeiros multinacionais.
Fundado em 11 de agosto de 1900, o clube se diz o mais antigo em atividade no país.
O Rio Grande (RS), criado em 19 de julho do mesmo ano, reivindica para si o título. A Ponte reconhece que o clube gaúcho foi fundado antes, mas alega que este teria paralisado suas atividades -o que é negado pelo "concorrente".
Polêmica à parte, hoje a idéia da Ponte é ter um fomentador de investimentos injetando dinheiro e participando dos lucros, mas sem comandar diretamente o futebol.
A Ponte completa o centenário amanhã tendo como referência muito mais a ultimada parceria Palmeiras/Parmalat do que o modelo Corinthians/HMTF.
Hoje, a HMTF dá as cartas no Corinthians. Define contratações de jogadores e treinadores. A Ponte quer mais liberdade.
Para os dirigentes ponte-pretanos, a parceria financeira é necessária, mas com a venda de jogadores para o Corinthians, o Atlético-MG e para o exterior, o clube passa a ser auto-suficiente por, pelo menos, mais um ano.
O custo da equipe e de todas as sedes sociais é de R$ 9 milhões por ano. Só a venda e empréstimo de jogadores rendeu, em menos de seis meses, R$ 12 milhões.
No primeiro semestre, o time emprestou o atacante Régis para o futebol japonês. Depois, vendeu o passe do zagueiro Fábio Luciano ao Corinthians, o lateral André Santos foi para o Atlético-MG e o atacante Fabiano e o meia Vander foram negociados com o Rennes, da França.
Para manter o time competitivo e a ""fábrica" de jogadores, há um ano foi incorporado ao clube o Radium, de Mococa. Equipe da Série B-2, é usada como laboratório de atletas abaixo dos 21 anos em competições estaduais.
Com dívidas na casa de R$ 7 milhões equacionadas em três anos, um elenco de 36 jogadores, sendo 27 com passe vinculado ao time, e uma nova infra-estrutura, o clube espera convencer investidores.
Em 96, quando assumiu o clube, Sérgio Carnielli, era obrigado a entregar toda a renda das partidas da Ponte em Campinas para oficiais de Justiça. O dinheiro era revertido para o pagamento de dívidas trabalhistas.
""O Clube dos 13 é uma meta. Para nós, só falta melhorar nossas acomodações da imprensa e das delegações visitantes", disse o vice-presidente e diretor de futebol, Marco Eberlin.
A inclusão nos Clube dos 13 é meta também para não ficar a mercê dos grandes clubes e correr o risco de ser excluído de campeonatos sem a organização da CBF.


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