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ATENAS 2004
Ala afirma que time feminino é o carro-chefe do basquete no país e aponta falta de preparo entre os homens
Janeth cobra atenção e rebaixa masculino
DO ENVIADO A ATENAS
Se a seleção brasileira de basquete conseguiu algum respeito
internacional nos últimos dez
anos, isso se deve às mulheres. Baseada nesse fato, a ala Janeth,
maior estrela do time feminino,
cobrou ontem mais atenção da
confederação brasileira.
"Quem carrega a CBB [Confederação Brasileira de Basquete]
hoje é o feminino. Aliás, nem é só
agora. Já há algum tempo. Você
fala do feminino do Brasil no exterior e todo mundo respeita. Estamos entre os melhores. Quando
fala do masculino, os caras nem
sabem quem joga", declarou a ala.
Desde 1994, as mulheres foram
campeãs mundiais e conquistaram duas medalhas olímpicas:
uma prata e um bronze. Os homens ficaram fora de Sydney-2000 e de Atenas-2004. Nos Mundiais, colecionaram fracassos.
"O patrocínio da Eletrobrás foi
conseguido pelo feminino. Por
mais que o Grego [Gerasime Bozikis, presidente da CBB] peça
ajuda ao masculino, a Eletrobras
diz que gosta é do feminino, que
traz títulos", afirmou Janeth.
De fato, há alguns meses, o dirigente diz negociar uma ajuda
também para o masculino. "As
conversas estão evoluindo, mas
não dá para falar quando iremos
fechar algo", disse Grego.
Alheia às negociações da CBB,
Janeth aponta um defeito grave
no masculino. Financiadora de
escolinhas de basquete em Santo
André, acredita que falta preparação nas categorias de base.
"É difícil falar, mas tenho um
palpite: é preciso mais qualidade.
Até mesmo os rapazes da NBA
não sei se foram bem preparados
para segurar a seleção brasileira",
analisa a ala, referindo-se a Nenê,
Leandrinho, Alex, Baby e Anderson Varejão, que jogam na liga.
Mesmo com as estrelas em quadra, a seleção masculina fracassou
no último Pré-Olímpico, em Porto Rico, no ano passado. As mulheres, por sua vez, foram campeãs da competição, no México.
Na seleção, Janeth é quem lidera
as reivindicações. Recentemente
se reuniu com Grego e conseguiu
mudar o planejamento do time.
"Iríamos treinar no CT do COC
[em Ribeirão Preto], mas pedimos para ficar em São Paulo, já
que a maioria das jogadoras tem
família na capital."
Ainda reclamando de uma contratura muscular nas costas, Janeth acredita que não terá problema para atuar na estréia da equipe, no sábado, contra o Japão. A
atleta foi poupada dos últimos jogos preparatórios e vem fazendo
fisioterapia -a seleção feminina
levou duas profissionais a Atenas.
"Ainda sinto dores, mas uma
semana de descanso vai me deixar recuperada", contou a ala.
(ADALBERTO LEISTER FILHO)
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