São Paulo, segunda-feira, 10 de setembro de 2001

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FUTEBOL

Baseados em relatório, procuradores já investigam entidades estaduais

Ministério Público inicia ação contra oito federações

FERNANDO MELLO
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DO PAINEL FC

Ministérios Públicos Federais de oito Estados já iniciaram devassa sobre as federações e seus presidentes e diretores.
A ação dos procuradores é baseada no relatório do deputado federal Sílvio Torres (PSDB-SP). O texto não chegou a ser aprovado pelos membros da extinta CPI da CBF/Nike, que funcionou na Câmara entre outubro de 2000 e junho passado.
A atitude dos procuradores completa a abertura da mais abrangente investigação já feita pelo Ministério Público na história do futebol brasileiro.
Conforme a Folha publicou ontem, o Ministério Público Federal do Rio decidiu devassar a Confederação Brasileira de Futebol, seu presidente, Ricardo Teixeira, e os diretores da entidade.
Os procuradores fluminenses solicitaram a abertura de inquérito pela Polícia Federal -33 pessoas serão ouvidas-, pediram autorização da Justiça para quebrar os sigilos bancário e fiscal de 31 pessoas e empresas envolvidas em negócios da CBF e requereram informações à Receita Federal, ao Banco Central e ao INSS.
A partir do relatório de Torres, procuradores de São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Espírito Santo, Rio Grande do Norte, Alagoas, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso resolveram agir.
O MP de São Paulo fez duas representações para iniciar as apurações de irregularidades na gestão de Eduardo José Farah, que comanda o futebol no Estado há 13 anos: uma na Secretaria dos Ofícios da Tutela Coletiva e outra no Núcleo Criminal.
Os procuradores paulistas querem esclarecimentos sobre a compra de Piekarski pela FPF, revelada pela Folha, sobre a ligação de Farah com o empresário uruguaio Juan Figger e sobre o Disque-Marcelinho.
No Paraná, o MP oficiou a prefeitura de Curitiba solicitando informações sobre a intervenção na federação estadual em 1998, pediu ajuda à Receita e ao INSS e deu início a um levantamento sobre ações penais sofridas pelo presidente Onaireves Moura.
Segundo a CPI da CBF/Nike, Onaireves foi acusado de estelionato, por seu envolvimento com a exploração de bingos. A federação também não pagou Imposto de Renda nos anos de 1996 e 1997.
O MP do Rio Grande do Sul, por seu lado, designou um procurador com atuação na área criminal para investigar a gestão Emídio Perondi, que, de acordo com o texto de Torres, tem relações controvertidas com a política local e foi uma tragédia do ponto de vista financeiro. Os gaúchos também solicitaram a ajuda da Receita.
No Rio Grande do Norte e no Mato Grosso, foi solicitada abertura de inquéritos pela PF. Em Alagoas, a Receita foi acionada. O MP sul-matogrossense informou que está processando Francisco Cezário de Oliveira, prefeito de Rio Negro e presidente da federação, por apropriação indébita.
Em resposta a ofício do deputado peessedebista, encaminhado no mês passado a todos os Estados, os procuradores do Espírito Santo informaram que já iniciaram investigações e requereram a Aldo Rebelo (PC do B-SP), que presidiu a CPI, documentos sobre a federação capixaba.
Por último, os paraibanos responderam que o relatório de Torres ainda estava sendo analisado e que nenhuma investigação estava em curso.
Até agora, os MPs dos outros Estados não deram resposta ao ex-relator da CPI.



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