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BOXE
Vantagem psicológica
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
Diversos técnicos, inclusive
alguns dos mais conceituados, acreditam que um combate
de boxe é vencido no psicológico.
O duelo de amanhã entre o brasileiro Kelson Pinto, 27, e o porto-riquenho Miguel Cotto, 23, servirá para medir até que ponto essa
afirmação é verdadeira. Estará
em disputa o cinturão dos meio-médios-ligeiros (até 63,5 kg) da
Organização Mundial de Boxe.
Cotto, ao lado do peso-médio
norte-americano Jermain Taylor,
é apontado pelos especialistas como o melhor pugilista que emergiu dos Jogos de Sydney-2000.
Mas o time do sergipano aposta
em uma vantagem de Kelson sobre Cotto, que terá a vantagem de
lutar em casa: o brasileiro o superou duas vezes no amadorismo.
Mesmo com essas duas vitórias,
as bolsas de apostas dos EUA, como o Station Casino, apontam
Cotto como o favorito em 4 por 1.
É que os especialistas argumentam que Cotto enfrentou adversários de melhor qualidade no profissionalismo. Também dizem
que ele tem mais experiência em
se tratando de eventos de grande
porte -já fez várias preliminares
de disputas de títulos mundiais.
"O público e os jornalistas dos
EUA não conhecem Kelson, não o
viram lutar muito, por isso é o
azarão nas apostas", afirma Luiz
Carlos Dórea, técnico de Kelson.
"Mas quem se lembra de Kelson, e isso é o mais importante, é
Cotto. Acho que, psicologicamente, é uma desvantagem para o
porto-riquenho", complementa.
Ele espera que o que ocorreu com
Shane Mosley e Oscar de la Hoya
no amadorismo e no profissionalismo se repita com Kelson e Cotto. O próprio Kelson, porém, minimiza a vantagem psicológica.
"Não é porque venci nas outras
duas vezes que será fácil. Cada luta tem sua história", analisa ele.
Mas Kelson discorda de quem
acha que não tem experiência no
cenário do boxe de alto nível e
que o fato de lutar na casa do rival o prejudicará. "A pressão será
grande. Mas, se Cotto já boxeou
em preliminares de decisões, também já o fiz [em preliminar de Popó]. E sobre lutar em Porto Rico,
já o fiz e venci. Não há problema."
Quanto ao argumento de quem
afirma que Cotto pegou melhores
adversários do que Kelson, está
certo. Mas apenas parcialmente.
Vejamos. No profissionalismo,
o rival mais conhecido de Kelson
foi Emanuel Augustus, dos EUA,
cujo cartel registra 29 vitórias, 14
nocautes e 24 derrotas, a quem
derrotou via decisão unânime.
Não se assuste, os números não
traduzem fielmente a realidade.
Ele é bom, embora inconsistente.
Sua luta com Micky Ward, em
2001, foi "luta do ano" da "The
Ring". E fez combate parelho com
o talentoso Floyd Mayweather.
Já Cotto pegou ex-campeões ou
ex-desafiantes, como o mexicano
Cesar Bazan, o dominicano Victoriano Sosa, o panamenho Demetrio Ceballos, Justin Juuko, de
Uganda, e o americano John
Brown. Mas há um truque clássico aqui. Além de conhecidos, todos haviam subido da categoria.
Eram leves (até 61,2 kg) ou até
mesmo superpenas (até 58,9 kg).
É uma boa maneira de ganhar
experiência, acrescentar nomes
de respeito ao currículo, sem, no
entanto, correr grandes riscos.
Programação 1
Hoje em dia é difícil argumentar que o panamenho Roberto "Mano
de Piedra" Durán foi um grande lutador. As pessoas se lembram apenas da forma que exibiu em suas últimas apresentações. Segundo a
"The Ring", foi o segundo melhor leve da história. E, para a mesma
publicação, também o terceiro melhor lutador dos últimos 50 anos
-ficou atrás somente de "Sugar" Ray Robinson e Muhammad Ali.
Para quem duvida, a ESPN International exibe hoje, às 22h, o VT do
combate no qual tomou o título mundial dos leves de Ken Buchanan.
Programação 2
O canal Premiere transmite a partir de hoje, às 22h, o VT do Ultimate
Fighting Championship 49, no qual o brasileiro Vitor Belfort e o norte-americano Randy Coulture se enfrentaram pela terceira vez.
E-mail eohata@folhasp.com.br
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