São Paulo, sexta-feira, 10 de setembro de 2004

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BOXE

Vantagem psicológica

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Diversos técnicos, inclusive alguns dos mais conceituados, acreditam que um combate de boxe é vencido no psicológico.
O duelo de amanhã entre o brasileiro Kelson Pinto, 27, e o porto-riquenho Miguel Cotto, 23, servirá para medir até que ponto essa afirmação é verdadeira. Estará em disputa o cinturão dos meio-médios-ligeiros (até 63,5 kg) da Organização Mundial de Boxe.
Cotto, ao lado do peso-médio norte-americano Jermain Taylor, é apontado pelos especialistas como o melhor pugilista que emergiu dos Jogos de Sydney-2000.
Mas o time do sergipano aposta em uma vantagem de Kelson sobre Cotto, que terá a vantagem de lutar em casa: o brasileiro o superou duas vezes no amadorismo.
Mesmo com essas duas vitórias, as bolsas de apostas dos EUA, como o Station Casino, apontam Cotto como o favorito em 4 por 1.
É que os especialistas argumentam que Cotto enfrentou adversários de melhor qualidade no profissionalismo. Também dizem que ele tem mais experiência em se tratando de eventos de grande porte -já fez várias preliminares de disputas de títulos mundiais.
"O público e os jornalistas dos EUA não conhecem Kelson, não o viram lutar muito, por isso é o azarão nas apostas", afirma Luiz Carlos Dórea, técnico de Kelson.
"Mas quem se lembra de Kelson, e isso é o mais importante, é Cotto. Acho que, psicologicamente, é uma desvantagem para o porto-riquenho", complementa. Ele espera que o que ocorreu com Shane Mosley e Oscar de la Hoya no amadorismo e no profissionalismo se repita com Kelson e Cotto. O próprio Kelson, porém, minimiza a vantagem psicológica.
"Não é porque venci nas outras duas vezes que será fácil. Cada luta tem sua história", analisa ele.
Mas Kelson discorda de quem acha que não tem experiência no cenário do boxe de alto nível e que o fato de lutar na casa do rival o prejudicará. "A pressão será grande. Mas, se Cotto já boxeou em preliminares de decisões, também já o fiz [em preliminar de Popó]. E sobre lutar em Porto Rico, já o fiz e venci. Não há problema."
Quanto ao argumento de quem afirma que Cotto pegou melhores adversários do que Kelson, está certo. Mas apenas parcialmente.
Vejamos. No profissionalismo, o rival mais conhecido de Kelson foi Emanuel Augustus, dos EUA, cujo cartel registra 29 vitórias, 14 nocautes e 24 derrotas, a quem derrotou via decisão unânime.
Não se assuste, os números não traduzem fielmente a realidade. Ele é bom, embora inconsistente. Sua luta com Micky Ward, em 2001, foi "luta do ano" da "The Ring". E fez combate parelho com o talentoso Floyd Mayweather.
Já Cotto pegou ex-campeões ou ex-desafiantes, como o mexicano Cesar Bazan, o dominicano Victoriano Sosa, o panamenho Demetrio Ceballos, Justin Juuko, de Uganda, e o americano John Brown. Mas há um truque clássico aqui. Além de conhecidos, todos haviam subido da categoria. Eram leves (até 61,2 kg) ou até mesmo superpenas (até 58,9 kg).
É uma boa maneira de ganhar experiência, acrescentar nomes de respeito ao currículo, sem, no entanto, correr grandes riscos.

Programação 1
Hoje em dia é difícil argumentar que o panamenho Roberto "Mano de Piedra" Durán foi um grande lutador. As pessoas se lembram apenas da forma que exibiu em suas últimas apresentações. Segundo a "The Ring", foi o segundo melhor leve da história. E, para a mesma publicação, também o terceiro melhor lutador dos últimos 50 anos -ficou atrás somente de "Sugar" Ray Robinson e Muhammad Ali. Para quem duvida, a ESPN International exibe hoje, às 22h, o VT do combate no qual tomou o título mundial dos leves de Ken Buchanan.

Programação 2
O canal Premiere transmite a partir de hoje, às 22h, o VT do Ultimate Fighting Championship 49, no qual o brasileiro Vitor Belfort e o norte-americano Randy Coulture se enfrentaram pela terceira vez.

E-mail eohata@folhasp.com.br


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