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A casa da Fifa
Para ter final da Copa em seu estádio, Rio engole novo desenho para o Maracanã e disparada nos custos
RODRIGO MATTOS
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
Nenhuma restrição orçamentária, nenhuma flexibilidade no modelo das instalações, quase nenhuma liberdade arquitetônica no desenho. Foram essas as condições da Fifa e do COL (Comitê
Organizador Local) para
manter o Maracanã como
palco da final da Copa-2014.
Sem a aprovação do novo
projeto do estádio, imposto
por eles, a decisão não ocorreria no estádio, segundo disse à Folha o presidente da
Emop (Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro), Ícaro Moreno Júnior,
responsável pela reforma.
Resultado: a obra custará
R$ 705 milhões. Isso representa um aumento de 64%
em relação à previsão inicial
porque há demolição da
maioria dos assentos atuais.
A pressão da Fifa foi intensificada em 2009, quando o
orçamento era de R$ 430 milhões. E alcançou o auge em
abril e maio deste ano, quando foi imposto o plano atual.
Pelo projeto aprovado, as
partes laterais das arquibancadas superiores e todo o setor inferior serão demolidos.
O objetivo é melhorar a visão que o espectadores tem
do campo e acabar com pontos cegos. O torcedor era prejudicado pela baixa inclinação das cadeiras inferiores. A
exigência da Fifa de placas
publicitárias mais perto do
campo (5 m) e maiores (1 m)
agravou mais o quadro.
Os novos setores, inferiores e superiores, ficarão mais
próximos do gramado.
"Todas as modificações foram exigências da Fifa. Se
você falar assim, vocês não
criaram nada? Na verdade,
não criamos nada. Tivemos
que adaptar o Maracanã dentro das exigências que eles fizeram. Adaptamos dentro da
geometria [deles]. A inclinação, a geometria", afirmou
Moreno Júnior, que classifica
como pouca a liberdade
arquitetônica do projeto.
Pelas plantas, fica claro
que o maior foco das mudanças é agradar aos torcedores
VIPs e que compram caros
pacotes de parceiros da Fifa
(hospitalidade). São eles que
ocuparão as áreas laterais
inferiores do Maracanã.
Para os torcedores atrás do
gol, o ganho é menor -há alguns que terão visão fora do
padrão ideal da entidade.
A Fifa também impôs a localização de vestiários, a da
zona mista e até os tamanhos
dos chuveiros dos árbitros.
"O vestiário é esse, a inclinação é essa, a cobertura é
essa. Então, não dão liberdade porque é uma especificação técnica. Agora, fechadura, eu posso botar uma luxuosa ou posso botar outra",
explicou Moreno Júnior, que
também diz que o Estado pode escolher as "cores".
O tipo de cobertura também foi determinado pelo Estado. Com custo de R$ 100
milhões, é formado pelo material PTFE, espécie de lona
para preserva o tombamento
da fachada. "É um sanduíche
de fibra de vidro, com teflon e
PVC", explicou o diretor da
Emop, José Carlos Pinto.
O fabricante dá garantia
de 15 anos, mas Pinto diz que
há estádios que mantêm a cobertura por 40 anos. Foram
usados na África do Sul, na
Cidade do Cabo e em Durban.
Segundo Moreno Júnior, o
governador Sérgio Cabral
mandou "atender a todas as
exigências da Fifa", gastando o mínimo possível.
Nunca houve, entretanto,
questionamento às ordens. E
o mínimo da Fifa encareceu a
obra na arena em dois terços.
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