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FUTEBOL
Clube deve R$ 20 milhões só para seu presidente e corre risco de ir à Libertadores sem parte de seus atuais titulares
Santos vira refém de seu próprio caixa
FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS
RICARDO PERRONE
ENVIADO ESPECIAL A SANTOS
RODRIGO BERTOLOTTO
DA REPORTAGEM LOCAL
A valorização dos atletas e a falta
de dinheiro do clube, que deve
mais de R$ 20 milhões à família de
seu presidente, Marcelo Teixeira,
podem obrigar o Santos a disputar a Taça Libertadores da América sem alguns dos atuais titulares.
Mesmo com uma derrota por
um gol de diferença para o Corinthians, domingo, a equipe do técnico Emerson Leão conquistará o
Brasileiro e quebrará um jejum de
18 anos sem um título importante. O último foi o Paulista-84, em
cima do próprio Corinthians.
Com o sucesso do time, as negociações para renovação dos contratos que se encerram no final
deste ano serão mais duras. Os jogadores esperam ser recompensados com gordos aumentos, pretensão que conflita com a condição financeira do clube.
Um dos primeiros problemas
será o atacante Alberto, 27, cujo
compromisso termina dia 31.
"Todo atleta quer sua independência financeira. Já rodei muito e
não fiz a minha. O ideal seria que
o Santos conseguisse bastante dinheiro, não sei como, e que eu ficasse", disse Alberto.
O assédio estrangeiro sobre as
revelações é o que mais preocupa
os torcedores. Em abril, o clube
teve uma oferta de US$ 7 milhões
de uma equipe italiana por Diego,
cujos direitos federativos pertencem ao Santos (60%) e ao pai do
jogador, Djair da Cunha (40%).
Na ocasião, Diego falava abertamente sobre a possibilidade de
transferência, mas, advertido por
dirigentes, tem evitado o assunto.
"Já recebi algumas ligações de jornais europeus, mas nunca chegou
nada até mim. Fiquei sabendo pela diretoria", disse ele, ontem.
Em abril, o técnico Thomas
Schaaf, do Werder Bremen, esteve na Vila observando André
Luís. O Santos recebeu oferta de
US$ 2 milhões, mas a transação
não se concretizou porque o clube
alemão perdeu o patrocínio.
As eventuais transações amenizariam os problemas financeiros
do clube, cujo passivo (soma das
dívidas e obrigações) era de R$ 60
milhões em julho, e permitiriam
ao presidente Marcelo Teixeira
recuperar o dinheiro aplicado por
ele nas fracassadas contratações
de estrelas como Edmundo e
Marcelinho, hoje fora do país.
A reportagem tentou falar com
Teixeira, mas ele tinha viajado para Assunção (Paraguai), onde hoje acompanhará o sorteio dos grupos da Libertadores-2003.
"Temos um presidente jovem.
Tenho certeza de que ele não tem
necessidade de resgatar esse dinheiro agora", afirmou o diretor
de futebol Francisco Lopes.
O dirigente, porém, não nega a
possibilidade de negociar atletas
após a final do Nacional. "Ninguém é inegociável. Temos compromissos para saldar com os atletas, e o prêmio oferecido pela
CBF ao campeão é irrisório."
Lopes deixou claro que as negociações com os jogadores cujos
contratos estão perto de se encerrar não serão fáceis. "Vamos analisar tudo com calma, mas só fica
aqui quem estiver satisfeito. Já
montamos um time e podemos
montar outro", disse. Ele acredita
que Diego e Robinho, principais
revelações, continuem na equipe.
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