São Paulo, terça-feira, 10 de dezembro de 2002

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FUTEBOL

Clube deve R$ 20 milhões só para seu presidente e corre risco de ir à Libertadores sem parte de seus atuais titulares

Santos vira refém de seu próprio caixa

FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS
RICARDO PERRONE
ENVIADO ESPECIAL A SANTOS
RODRIGO BERTOLOTTO
DA REPORTAGEM LOCAL

A valorização dos atletas e a falta de dinheiro do clube, que deve mais de R$ 20 milhões à família de seu presidente, Marcelo Teixeira, podem obrigar o Santos a disputar a Taça Libertadores da América sem alguns dos atuais titulares.
Mesmo com uma derrota por um gol de diferença para o Corinthians, domingo, a equipe do técnico Emerson Leão conquistará o Brasileiro e quebrará um jejum de 18 anos sem um título importante. O último foi o Paulista-84, em cima do próprio Corinthians.
Com o sucesso do time, as negociações para renovação dos contratos que se encerram no final deste ano serão mais duras. Os jogadores esperam ser recompensados com gordos aumentos, pretensão que conflita com a condição financeira do clube.
Um dos primeiros problemas será o atacante Alberto, 27, cujo compromisso termina dia 31. "Todo atleta quer sua independência financeira. Já rodei muito e não fiz a minha. O ideal seria que o Santos conseguisse bastante dinheiro, não sei como, e que eu ficasse", disse Alberto.
O assédio estrangeiro sobre as revelações é o que mais preocupa os torcedores. Em abril, o clube teve uma oferta de US$ 7 milhões de uma equipe italiana por Diego, cujos direitos federativos pertencem ao Santos (60%) e ao pai do jogador, Djair da Cunha (40%).
Na ocasião, Diego falava abertamente sobre a possibilidade de transferência, mas, advertido por dirigentes, tem evitado o assunto. "Já recebi algumas ligações de jornais europeus, mas nunca chegou nada até mim. Fiquei sabendo pela diretoria", disse ele, ontem.
Em abril, o técnico Thomas Schaaf, do Werder Bremen, esteve na Vila observando André Luís. O Santos recebeu oferta de US$ 2 milhões, mas a transação não se concretizou porque o clube alemão perdeu o patrocínio.
As eventuais transações amenizariam os problemas financeiros do clube, cujo passivo (soma das dívidas e obrigações) era de R$ 60 milhões em julho, e permitiriam ao presidente Marcelo Teixeira recuperar o dinheiro aplicado por ele nas fracassadas contratações de estrelas como Edmundo e Marcelinho, hoje fora do país.
A reportagem tentou falar com Teixeira, mas ele tinha viajado para Assunção (Paraguai), onde hoje acompanhará o sorteio dos grupos da Libertadores-2003.
"Temos um presidente jovem. Tenho certeza de que ele não tem necessidade de resgatar esse dinheiro agora", afirmou o diretor de futebol Francisco Lopes.
O dirigente, porém, não nega a possibilidade de negociar atletas após a final do Nacional. "Ninguém é inegociável. Temos compromissos para saldar com os atletas, e o prêmio oferecido pela CBF ao campeão é irrisório."
Lopes deixou claro que as negociações com os jogadores cujos contratos estão perto de se encerrar não serão fáceis. "Vamos analisar tudo com calma, mas só fica aqui quem estiver satisfeito. Já montamos um time e podemos montar outro", disse. Ele acredita que Diego e Robinho, principais revelações, continuem na equipe.


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