São Paulo, segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

JUCA KFOURI

Eita Mundialzinho mais chinfrim


A expectativa é uma só: que Milan e Boca Juniors façam a final no Japão. E se não for assim, ficará ainda pior

NO PRIMEIRO Mundial de clubes da Fifa sem nenhum representante brasileiro, eis que o torneio ficou, para nós, reduzido ao seu verdadeiro tamanho: pequeno e maçante.
Dá saudades dos tempos em que o campeão saía do confronto direto, e sem intermediários, entre o campeão da América do Sul e da Europa, por mais que se chamasse apenas Taça Intercontinental.
Melhor ainda eram os tempos, remotos, em que a decisão se dava em dois jogos, um lá, um cá, como aconteceu nos dois títulos do Santos, contra Benfica e Milan.
Verdade que se o primeiro foi inesquecível a ponto de Pelé dizer que a vitória de 5 a 2 no estádio da Luz, em Lisboa, ter sido a melhor atuação de um time que ele testemunhou em toda a sua vida, o segundo acabou manchado não só pelo episódio de doping revelado por Almir, o Pernambuquinho, como pela grosseira atuação do árbitro argentino Juan Brozzi, na revanche, no Maracanã.
Exatamente por episódios como os que cercaram o bi santista e outros ainda piores nos confrontos com argentinos e uruguaios, é que os europeus passaram a se recusar a atravessar o Atlântico, razão pela qual a solução acabou sendo o jogo único no Japão, campo neutro.
Fato é que com Corinthians e Vasco, São Paulo e Inter no Mundial da Fifa, o Brasil deu ao novo formato a devida atenção.
Agora, no entanto, a disputa está quase clandestina.
Quem viu o jogo de estréia entre os campeões da Ásia e da Oceania sabe do que se trata aqui.
E mesmo quem viu a zebra da Tunísia derrotar o Pachuca, com um gol no fim, em bola desviada, depois que os mexicanos mandaram no jogo e transformaram o goleiro adversário em herói, sabe ainda mais.
Claro que o argumento de que ter campeões de todos os continentes dá mais representatividade ao título de campeão mundial não é de todo desprezível.
Mas, por outro lado, maltrata, e bastante, o futebol.
No mínimo, o Mundial de Clubes deveria manter a proporcionalidade continental que vemos nas Copas do Mundo de seleções, por mais que saibamos que não há datas.
Porque se a idéia é vender o espetáculo, nada mais pobre que os jogos deste Mundial até chegar à finalíssima. Pior: se por desses imprevistos do futebol, a final não for a que todos esperam, a coisa ainda ficará mais feia, apesar de o Xico Sá estar torcendo pelo Étoile Sahel, da Tunísia, e pelo Sepahan, do Irã, porque até o Urawa Reds, do Japão, ele acha muito metido.
Garantir a qualidade do espetáculo deveria ser uma preocupação da Fifa, embora nem sempre seja, como já vimos com tantos jogos ao meio-dia, no verão, em Copas do Mundo, algo que o Clube dos 13 pensa em imitar para que a China possa ver o Campeonato Brasileiro.
Já imaginou o que verão (sem trocadilho) os chineses, quando o Sport receber a Lusa no Recife, na hora da praia, não do futebol?
E é este o ponto: é impensável que a NBA "desvenda" o basquete, como se faz com o futebol.
Mesmo assim, que jogo mais apaixonante mesmo(!), nada é mais popular que o futebol.
Será por que gosta de apanhar?

blogdojuca@uol.com.br

Texto Anterior: Cruzeiro: Clube dispensa lateral e volante
Próximo Texto: Taekwondo amarga zebra em pré-olímpico
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.