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Sob nova direção
Antigo reduto de futebol do tráfico, Complexo do Alemão atrai projeto social da Fifa que tem parceria com o governo do Estado
SÉRGIO RANGEL
DO RIO
Palco de partidas de futebol com apostas bancadas
por traficantes que chegavam a até R$ 100 mil, o Complexo do Alemão vai entrar
no mapa da Fifa.
A entidade mundial que
comanda o futebol já deu o
sinal verde para financiar
projetos sociais e uma escola
de futebol na comunidade.
Nos próximos dias, dirigentes da Fifa, da CBF e o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), definirão a série
de ações esportivas que serão implantadas a partir do
primeiro semestre no complexo de 12 favelas localizado
na zona norte da cidade.
Controladas pelo tráfico
por mais de dez anos, as comunidades contavam com times financiados pelo crime.
O principal era bancado
por Luciano Martiniano da
Silva, o Pezão, 33, chefe do
tráfico em todo o complexo.
Bichos de R$ 300 por partida para os jogadores, uniforme importado e churrasco
para todos depois dos jogos
eram os trunfos que Pezão
utilizava para "selecionar"
os melhores jovens do Complexo do Alemão.
Os adversários preferidos
do chefe do tráfico eram os times de outras favelas ligadas
ao Comando Vermelho.
Em algumas oportunidades, Pezão deixava o morro
para jogar pela sua equipe
em outras comunidades.
O time do traficante possuía até um campo na favela
da Fazendinha, conhecido
como "Serra Pelada". O local
foi reformado por Pezão há
cerca de dois anos e hoje em
dia conta com iluminação,
grade e grama sintética.
O campo fica na rua Tegucigalpa, cercado de barracos.
Embora a polícia tenha retomado o controle da região,
barreiras colocadas pelo tráfico ainda estão no percurso.
As partidas que recebiam
apostas dos traficantes eram
disputadas à noite, durante a
semana, e pela manhã, aos
domingos. Apesar do clima
tenso nos jogos por causa das
armas dos seguranças do traficante, o time bancado por
Pezão era formado basicamente por jovens que não tinham ligação com o tráfico.
Na comunidade, a Folha
conversou com três "jogadores" da equipe. Todos os rapazes trabalham e disseram
que participavam dos jogos
por causa do dinheiro.
A área do campo é uma
das mais povoadas no complexo de favelas. Por causa
da falta de espaço, os times
atuavam com apenas cinco
jogadores na linha.
O governo do Estado do
Rio vai oferecer para a Fifa
outra região no Alemão.
Os projetos da entidade
deverão ser abrigados no futuro parque da Serra da Misericórdia, a área mais alta do
complexo. Com inauguração
prevista para o início do próximo ano, o parque contará
com ciclovia e uma série de
equipamentos esportivos.
O Complexo do Alemão foi
ocupado pela polícia do Rio
no último dia 28, com o apoio
das Forças Armadas, após
dias de caos na cidade.
Mais de 1.500 homens trabalharam na operação.
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