São Paulo, sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

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XICO SÁ

A Umezu, com carinho


Você tem um grande pai. Não pelo dinheiro, mas porque seu pai crê na beleza da existência

AMIGO TORCEDOR, amigo secador, a vida é como Baiano à moda antiga, tem turno e returno, nos pega na curva. Por isso, joguemos fora sentimentos e ressentimentos tolos, como cantava a Vanusa, como nos disse o Ronaldo, mais safo ainda diante do reconhecido e novo rebento, Alexander Umezu, japinha incrível a quem saúdo e doravante me dirijo.
Nada como um campeonato atrás do outro para saber que o importante são os pontos corridos do calendário. Nisso, o Fenômeno tem sido mestre. Não ao acumular (apenas) triunfos em campo no seu épico de voltas por cima, mas, principalmente, ao saber que há um certame que dura para sempre: o das surpresas infinitas.
Ninguém nos surpreendeu tanto fora da grama como esse cara. Pequeno Umezu, você tem um grande pai. Não pelo dinheiro, muito menos pela suposta tranquilidade do futuro -nada nos garante, a não ser nós mesmos e algum apito amigo do senhor de preto chamado destino.
Teu pai está no jogo, japinha, por ser capaz de fugir da monstruosa obviedade que lhe garantiria a fortuna. Estás no mundo, meu rapaz, exatamente por isso. Teu pai crê na beleza da existência, independentemente de classe ou ofício. Tua mãe, que maravilha, garçonete de um bar em Tóquio.
Encontros & desencontros, como no filme da diretora Sophia Coppola, mais adiante recomendo que tu assistas.
Que menino pode ser mais rico de enredo do que és, sobrinho, com direito a um tira-teima de DNA em terras paulistas, onde antepassados samurais e agricultores sentaram praça e realizaram sonhos, onde teu "velho" foi adotado, sem carecer exame de nada, por um bando de loucos.
Umezinho, há seis dias, outro Ronaldo, camarada deste inviável tio cronista, também me deixou emocionado. Chamou um brinde no começo de um "almojanta", uma perna de cordeiro, e anunciou que via um menino correndo, via o tempo, na barriga da sua guapíssima Juliana.
Japinha, chega uma hora em que a gente chora tanto quanto a torcida do Independiente, sempre com um tango a cada córner, sempre com um futuro duvidoso lastreado em um chão de estrelas.
É, menino, mais do que Campeonato Baiano, a vida é um samba antigo batucado na modernidade das redes sociais, como fez teu pai no anúncio orgulhoso da tua entrada na família. Pela porta da frente, a reservada às surpresas que valem uma vida. Um beijo na tua linda mãe Michele e até a próxima.

xico.folha@uol.com.br

@xicosa



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