São Paulo, sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

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Pré-temporada expõe diferenças entre ferraristas

Enquanto Massa se diz a trabalho e adota discurso político, Raikkonen fala o que pensa e afirma estar se divertindo

Atual campeão, finlandês desdenha da condição de primeiro ou segundo piloto na Ferrari e das chances de Schumacher testar o F2008


TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A MADONNA DI CAMPIGLIO

Um tem sangue latino, o outro, nórdico. Um é moreno, o outro, loiro. Um gosta de se aventurar no esqui, o outro prefere o snowboard.
As aparências evidenciam que Felipe Massa e Kimi Raikkonen são diferentes, mas em Madonna di Campiglio, onde os ferraristas participam de encontro com a imprensa, a distância entre eles fica mais clara. Enquanto Massa fala italiano -a língua oficial da Ferrari- com desenvoltura, Raikkonen tem dificuldade para se expressar até mesmo em inglês.
Mas não é só isso. Até na maneira de encarar a F-1, a dupla segue caminhos bem distintos. "Isso aqui para mim não é diversão, é trabalho", falou Massa aos jornalistas brasileiros. "Estou aqui para ser campeão", disse o piloto, que viu o companheiro levar o título em 2007. Visão diferente da de Raikkonen. "Estou me divertindo muito na F-1 e sei que, se quisesse, assinaria outro contrato com a Ferrari amanhã, mas vou cumprir os dois anos que ainda me faltam e, se ainda estiver me divertindo, vou ver o que faço."
Mesmo diferentes, ambos dizem que o relacionamento entre eles é ótimo. "Kimi tem o jeito dele, não conversa muito, mas, na hora de trocar informações técnicas, ele tem que falar", disse Massa. "Quando a gente tem que trabalhar, ele tem comportamento normal." As diferenças se acentuam também na hora de responder às perguntas. Enquanto Massa tenta ser mais político, Raikkonen fala o que pensa. Ao ser questionado sobre Ron Dennis e a McLaren, sua ex-equipe, afirmou: "Foi uma época bacana, mas é melhor não entrar em detalhes porque algumas pessoas podem não ficar muito felizes com o que eu disser".
Depois, ao ser indagado se estava chateado por não haver primeiro e segundo piloto na Ferrari, apesar de ele agora ser campeão, foi direto: "Eu não me importo com isso. Todo time tem dois pilotos que lutam entre si para chegar à frente. Começamos o ano em igualdade e não me preocupo em ser número um ou dois, pois sempre vou fazer o meu melhor".
Até na hora de falar de Michael Schumacher os dois têm reações diferentes. "Acho ótimo que ele teste nosso carro, seja mais participativo do que ficar só nos bastidores", falou Massa, empolgado, sobre o fato de o heptacampeão ajudar no desenvolvimento do F2008 com chance de testar o modelo.
"Acho que será difícil ele treinar porque, com as limitações de quilometragem que temos nos testes, fica complicado até para os terceiros pilotos andarem durante o ano", falou, bem menos empolgado, Raikkonen.
Mesmo tendo acabado o Mundial em quarto lugar, Massa acredita que pode lutar de igual para igual com ele. "No ano passado, faltou aquela sortezinha. Neste ano, estou mais maduro e vou tentar pegar tudo de positivo que aconteceu em 2007 e trazer para 2008", disse Massa, que desde o fim do ano passado exibe aliança no dedo esquerdo -sua mulher, Rafaella, não o acompanha na Itália.
"Dizem que piloto, quando se casa, fica mais rápido. Vamos ver se isso me dá sorte e eu consigo ganhar mais velocidade."


A jornalista TATIANA CUNHA viaja a convite da Ferrari


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