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FUTEBOL
Técnico corintiano recebe instruções da diretoria para comandar time
Juninho aceita intervenção e fica no cargo até clássico
RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL
O técnico do Corinthians, Juninho, aceitou a interferência da diretoria em seu trabalho. Em troca,
ganhou sobrevida até o clássico
de domingo, contra o São Paulo.
Se perder o jogo, será demitido.
A intervenção foi feita ontem
pelo diretor técnico Rivellino.
Também ameaçado de demissão,
o dirigente ganhou o apoio do vice de futebol, Antonio Roque Citadini, e se mantém no cargo.
Rivellino se reuniu com Juninho após o treinamento da manhã e fez algumas exigências.
Apesar de os detalhes do encontro não terem sido revelados, uma
das ordens do dirigente é para que
o técnico pare de variar o sistema
tático. Assim, no domingo, ele deve manter o 4-4-2, esquema adotado na derrota por 1 a 0 para a
Portuguesa, na última rodada.
Mesmo em rota de colisão com
a cúpula corintiana, Rivellino foi
autorizado a intervir no trabalho
de Juninho porque seus chefes
concordam com as críticas feitas
por ele. Principalmente a de que
falta um padrão de jogo ao time.
"O trabalho do Rivellino é conversar com o Juninho sobre a
equipe", disse Citadini.
O que irritou a cúpula do clube
foi o fato de Rivellino ter criticado
Juninho publicamente após o
clássico com a Portuguesa, o único que o time perdeu em 2004. A
equipe também empatou duas
partidas e venceu outras duas.
Antes mesmo de se reunir com
Rivellino, Juninho já demonstrava que aceitaria a intromissão do
ex-jogador em sua maneira de comandar o time. "Manter um esquema tático [como quer a diretoria] pode ser uma alternativa, já
que a equipe não teve tempo para
se entrosar", afirmou o treinador.
Ao contrário dos dirigentes, Juninho não reclamou da lavagem
de roupa suja feita pelo diretor
técnico. "Se ele acha que as coisas
não estão andando como devem,
é justo reclamar. Ele é meu chefe."
E Rivellino reclamou, de novo,
apesar do pedido para que evitasse isso. Alguns dos dirigentes já
sugeriram que ele não acompanhasse os treinos -evitaria, assim, conceder entrevistas. A recomendação não foi aceita.
Depois do treino da manhã, antes da reunião, ele deixou aberta a
possibilidade de Juninho ser demitido em caso de nova derrota.
"Ele [o treinador] não vem me
agradando. Não é por isso que
vou demiti-lo, mas todo técnico
vive de resultado", declarou.
A cúpula corintiana também
pensa assim. Porém as novas declarações aumentaram a pressão
sobre Rivellino. Ele chegou a
ameaçar pedir demissão. "Tenho
o direito de falar o que penso. Não
sou moleque de recado, não iria
perder tempo no Corinthians."
O diretor técnico disse que, apesar de não ser o único dirigente do
futebol corintiano, tem poder para demitir Juninho. "Quem manda é o presidente [Alberto Dualib], mas minha decisão pesa mais
do que a dos outros. Eu acompanho o time diariamente."
No domingo passado, ele foi desautorizado publicamente por
Andrés Sanchez, um dos vices do
clube, ao dizer que o treinador
poderia sair antes do clássico.
Ontem à tarde, aconteceram
reuniões entre os dirigentes. Numa delas, Citadini, principal responsável pela contratação de Rivellino, se opôs a Sanchez e defendeu a atitude do diretor técnico.
O goleiro Fábio Costa, que, apesar de ter chegado ao clube em janeiro, já é um dos líderes do time,
quer que os atletas fiquem distantes do atrito envolvendo dirigentes e comissão técnica.
Porém, como Rivellino, ele disse
faltar padrão de jogo. "Mas não é
só isso. Falta padrão, entrosamento, um pouco de qualidade técnica. Falta um pouco de tudo."
Ele sugeriu que cada um dos
atletas faça treinos técnicos, como
cobrança de faltas e escanteios,
após o trabalho em grupo. "Se cada um ficar mais dez minutos treinando o que sabe fazer bem, vai
ajudar muito", afirmou ele.
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