São Paulo, quarta-feira, 11 de fevereiro de 2004

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FUTEBOL

Técnico corintiano recebe instruções da diretoria para comandar time

Juninho aceita intervenção e fica no cargo até clássico

RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL

O técnico do Corinthians, Juninho, aceitou a interferência da diretoria em seu trabalho. Em troca, ganhou sobrevida até o clássico de domingo, contra o São Paulo. Se perder o jogo, será demitido.
A intervenção foi feita ontem pelo diretor técnico Rivellino. Também ameaçado de demissão, o dirigente ganhou o apoio do vice de futebol, Antonio Roque Citadini, e se mantém no cargo.
Rivellino se reuniu com Juninho após o treinamento da manhã e fez algumas exigências.
Apesar de os detalhes do encontro não terem sido revelados, uma das ordens do dirigente é para que o técnico pare de variar o sistema tático. Assim, no domingo, ele deve manter o 4-4-2, esquema adotado na derrota por 1 a 0 para a Portuguesa, na última rodada.
Mesmo em rota de colisão com a cúpula corintiana, Rivellino foi autorizado a intervir no trabalho de Juninho porque seus chefes concordam com as críticas feitas por ele. Principalmente a de que falta um padrão de jogo ao time.
"O trabalho do Rivellino é conversar com o Juninho sobre a equipe", disse Citadini.
O que irritou a cúpula do clube foi o fato de Rivellino ter criticado Juninho publicamente após o clássico com a Portuguesa, o único que o time perdeu em 2004. A equipe também empatou duas partidas e venceu outras duas.
Antes mesmo de se reunir com Rivellino, Juninho já demonstrava que aceitaria a intromissão do ex-jogador em sua maneira de comandar o time. "Manter um esquema tático [como quer a diretoria] pode ser uma alternativa, já que a equipe não teve tempo para se entrosar", afirmou o treinador.
Ao contrário dos dirigentes, Juninho não reclamou da lavagem de roupa suja feita pelo diretor técnico. "Se ele acha que as coisas não estão andando como devem, é justo reclamar. Ele é meu chefe."
E Rivellino reclamou, de novo, apesar do pedido para que evitasse isso. Alguns dos dirigentes já sugeriram que ele não acompanhasse os treinos -evitaria, assim, conceder entrevistas. A recomendação não foi aceita.
Depois do treino da manhã, antes da reunião, ele deixou aberta a possibilidade de Juninho ser demitido em caso de nova derrota. "Ele [o treinador] não vem me agradando. Não é por isso que vou demiti-lo, mas todo técnico vive de resultado", declarou.
A cúpula corintiana também pensa assim. Porém as novas declarações aumentaram a pressão sobre Rivellino. Ele chegou a ameaçar pedir demissão. "Tenho o direito de falar o que penso. Não sou moleque de recado, não iria perder tempo no Corinthians."
O diretor técnico disse que, apesar de não ser o único dirigente do futebol corintiano, tem poder para demitir Juninho. "Quem manda é o presidente [Alberto Dualib], mas minha decisão pesa mais do que a dos outros. Eu acompanho o time diariamente."
No domingo passado, ele foi desautorizado publicamente por Andrés Sanchez, um dos vices do clube, ao dizer que o treinador poderia sair antes do clássico.
Ontem à tarde, aconteceram reuniões entre os dirigentes. Numa delas, Citadini, principal responsável pela contratação de Rivellino, se opôs a Sanchez e defendeu a atitude do diretor técnico.
O goleiro Fábio Costa, que, apesar de ter chegado ao clube em janeiro, já é um dos líderes do time, quer que os atletas fiquem distantes do atrito envolvendo dirigentes e comissão técnica.
Porém, como Rivellino, ele disse faltar padrão de jogo. "Mas não é só isso. Falta padrão, entrosamento, um pouco de qualidade técnica. Falta um pouco de tudo."
Ele sugeriu que cada um dos atletas faça treinos técnicos, como cobrança de faltas e escanteios, após o trabalho em grupo. "Se cada um ficar mais dez minutos treinando o que sabe fazer bem, vai ajudar muito", afirmou ele.


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