São Paulo, Quinta-feira, 11 de Março de 1999
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Acordo de risco move juvenil argentino

da Reportagem Local

Com recém-completados 17 anos, o argentino Guillermo Coria transita entre os participantes do torneio Banana Bowl com prerrogativa que vai além do posto de quarto melhor juvenil do mundo.
Coria assinou em janeiro um contrato com a Adidas (fabricante de material esportivo), que prevê US$ 1 milhão em cinco anos, mas impõe "cláusulas de risco".
No quarto ano do contrato, ele terá de terminar 2003 entre os 100 melhores do mundo. Em 2004 -o último do acordo-, Coria deverá terminar entre os 50 primeiros.
""Se não, me cortam parte do dinheiro", diz, sorrindo, o argentino. ""Não me preocupo, sei que vou estar entre os dez primeiros."
As condições do contrato são semelhantes àquelas impostas pelas empresas às estrelas do tênis. O norte-americano Andre Agassi, por exemplo, terá uma redução no dinheiro que recebe da Nike caso termine este ano fora dos "top ten" -hoje ele é o nono do mundo.
Mas o valor total que Coria deve receber surpreende entre os juvenis. O primeiro contrato de Gustavo Kuerten com a Diadora, que até hoje patrocina o brasileiro, agora o 22º do ranking, foi assinado em 94 e previa US$ 2.000 mensais.
Um ano daquele contrato de Kuerten, feito depois de um vice-campeonato no Orange Bowl (EUA), equivalia a 12% do que Coria deve ganhar em igual período.
O argentino, porém, vai ter três anos de "refresco" nas quadras até passar a ser cobrado pelo contrato.
Por enquanto, a Adidas exige apenas que Coria esteja na equipe argentina da Davis -nem que seja nos treinamentos, como faz agora-, use o uniforme da marca e participe de jogos de exibição.
Em 99, nos juvenis, ele disputará só os principais torneios, como o Banana Bowl -o maior da América Latina-, Wimbledon (Inglaterra) e Roland Garros (França).
O Banana Bowl começou na última segunda-feira em São Paulo, tendo chegado à 29ª edição como um dos oito principais torneios juvenis da Federação Internacional de Tênis. Já abrigou, por exemplo, estrelas como John McEnroe, Thomas Muster e o próprio Kuerten.
Coria obteve duas vitórias na competição -a última ontem, na segunda rodada, contra o brasileiro Jorge Souza, por 6/1 e 6/2- e vem da conquista de um torneio no Equador, no final de semana.
No restante da temporada, Coria atuará em torneios profissionais futures e challengers (os de mais baixa premiação e pontuação no circuito), segundo seu "manager", Patrício Apey, que, além da carreira, coordena a equipe de apoio do tenista, composta também por técnico e fisioterapeuta particulares.
Coria vive sozinho em Buenos Aires -a família mora numa cidade a 400 km da capital argentina- e largou os estudos (cursava o colegial). (JOSÉ ALAN DIAS)


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