São Paulo, domingo, 11 de março de 2001

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Andrei subverte lógica do Paulista

RODRIGO PLANET
DA REPORTAGEM LOCAL

Gol é coisa de atacante. Basta analisar a centenária história do Campeonato Paulista e constatar que os artilheiros da competição sempre jogaram do meio-campo para frente. No entanto, o Paulista-2001 poderá contrariar tal fato.
Após sete rodadas -faltam oito jogos para o encerramento da primeira fase-, o torneio traz um zagueiro como artilheiro isolado da competição: Andrei, 28, do União São João de Araras.
Com 1,88 m de altura, o "xerife" de chute forte de perna esquerda e algumas jogadas violentas ao longo de seus quase 11 anos de carreira profissional foi o responsável por mais da metade dos gols do time: marcou nove dos 17 gols da equipe até aqui, 53% do total.
"Gol não é coisa só de atacante não. É coisa de zagueiro e até de goleiro. Veja aí o Rogério Ceni. Todo jogador tem um dom, o meu é saber bater na bola", disse o jogador natural de Pederneiras (340 km a noroeste de São Paulo).
Andrei descarta qualquer anormalidade no fato de um zagueiro como ele se tornar ao final do Paulista o artilheiro do torneio.
"Neste campeonato existem grandes atacantes e meias que não estão fazendo os gols que teriam de fazer. Então, não considero essa possibilidade estranha, quanto mais anormal", explicou.
No torneio do ano passado, os jogadores de defesa que mais fizeram gols foram o lateral-esquerdo Gustavo Nery, que jogava pelo Guarani, e o próprio goleiro são-paulino. Ambos balançaram as redes por três vezes, ficando muito atrás do atacante França, artilheiro do torneio com 18 gols.
O zagueiro goleador, que começou a carreira, marcada por uma série de expulsões, nas categorias de base do XV de Jaú em 1986, não concorda com a fama de atleta violento. "São algumas pessoas que criam essa imagem da gente. Principalmente os interessados em te denegrir, atrapalhar o teu trabalho. De jeito nenhum, não sou um jogador violento."
Nesse sentido, o atleta usa o argumento de não ter tomado nenhum cartão amarelo no Paulista deste ano, para ele, prova suficiente de que não é desleal.
Os gols do zagueiro já chamaram até a atenção do técnico da seleção brasileira, Emerson Leão, admirador do futebol de Andrei. Quando comandava o Juventude no Brasileiro de 1995, o treinador pedira a contratação do atleta, assim como quando dirigiu o Santos, na temporada de 1999.
Depois de participar da campanha frustrada da seleção brasileira, dirigida por Ernesto Paulo, no Pré-Olímpico para os Jogos de Barcelona -o Brasil não se classificou para disputar a competição-, Andrei agora diz que ainda conta com uma lembrança do atual treinador da seleção.
"Primeiro, a minha vontade é voltar a jogar novamente em um clube grande ou até voltar a jogar na Europa. Mas, como todo jogador, a esperança de voltar à seleção brasileira, lógico, permanece", disse o zagueiro.
O jogador faz elogios ao atual técnico da seleção, com quem, no total, trabalhou por três temporadas. "Acho Leão uma pessoa honesta, que tem interesse em ajudar os jogadores. Se ele tiver tempo para mostrar o seu trabalho, quem ganhará com isso é a própria seleção", afirmou.
Em seu currículo internacional, o jogador tem passagens pelo futebol argentino, onde atuou pelo Rosario Central. Defendeu ainda duas equipes espanholas, Atlético de Madrid e Real Betis.
Pelo Brasil, Andrei rodou por várias equipes, entre elas Palmeiras, Atlético-PR e Fluminense. O contrato do jogador com a equipe de Araras termina no final deste Campeonato Paulista.



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