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Andrei subverte lógica do Paulista
RODRIGO PLANET
DA REPORTAGEM LOCAL
Gol é coisa de atacante. Basta
analisar a centenária história do
Campeonato Paulista e constatar
que os artilheiros da competição
sempre jogaram do meio-campo
para frente. No entanto, o Paulista-2001 poderá contrariar tal fato.
Após sete rodadas -faltam oito
jogos para o encerramento da primeira fase-, o torneio traz um
zagueiro como artilheiro isolado
da competição: Andrei, 28, do
União São João de Araras.
Com 1,88 m de altura, o "xerife"
de chute forte de perna esquerda e
algumas jogadas violentas ao longo de seus quase 11 anos de carreira profissional foi o responsável
por mais da metade dos gols do time: marcou nove dos 17 gols da
equipe até aqui, 53% do total.
"Gol não é coisa só de atacante
não. É coisa de zagueiro e até de
goleiro. Veja aí o Rogério Ceni.
Todo jogador tem um dom, o
meu é saber bater na bola", disse o
jogador natural de Pederneiras
(340 km a noroeste de São Paulo).
Andrei descarta qualquer anormalidade no fato de um zagueiro
como ele se tornar ao final do
Paulista o artilheiro do torneio.
"Neste campeonato existem
grandes atacantes e meias que
não estão fazendo os gols que teriam de fazer. Então, não considero essa possibilidade estranha,
quanto mais anormal", explicou.
No torneio do ano passado, os
jogadores de defesa que mais fizeram gols foram o lateral-esquerdo
Gustavo Nery, que jogava pelo
Guarani, e o próprio goleiro são-paulino. Ambos balançaram as
redes por três vezes, ficando muito atrás do atacante França, artilheiro do torneio com 18 gols.
O zagueiro goleador, que começou a carreira, marcada por uma
série de expulsões, nas categorias
de base do XV de Jaú em 1986, não
concorda com a fama de atleta
violento. "São algumas pessoas
que criam essa imagem da gente.
Principalmente os interessados
em te denegrir, atrapalhar o teu
trabalho. De jeito nenhum, não
sou um jogador violento."
Nesse sentido, o atleta usa o argumento de não ter tomado nenhum cartão amarelo no Paulista
deste ano, para ele, prova suficiente de que não é desleal.
Os gols do zagueiro já chamaram até a atenção do técnico da
seleção brasileira, Emerson Leão,
admirador do futebol de Andrei.
Quando comandava o Juventude
no Brasileiro de 1995, o treinador
pedira a contratação do atleta, assim como quando dirigiu o Santos, na temporada de 1999.
Depois de participar da campanha frustrada da seleção brasileira, dirigida por Ernesto Paulo, no
Pré-Olímpico para os Jogos de
Barcelona -o Brasil não se classificou para disputar a competição-, Andrei agora diz que ainda conta com uma lembrança do
atual treinador da seleção.
"Primeiro, a minha vontade é
voltar a jogar novamente em um
clube grande ou até voltar a jogar
na Europa. Mas, como todo jogador, a esperança de voltar à seleção brasileira, lógico, permanece", disse o zagueiro.
O jogador faz elogios ao atual
técnico da seleção, com quem, no
total, trabalhou por três temporadas. "Acho Leão uma pessoa honesta, que tem interesse em ajudar os jogadores. Se ele tiver tempo para mostrar o seu trabalho,
quem ganhará com isso é a própria seleção", afirmou.
Em seu currículo internacional,
o jogador tem passagens pelo futebol argentino, onde atuou pelo
Rosario Central. Defendeu ainda
duas equipes espanholas, Atlético
de Madrid e Real Betis.
Pelo Brasil, Andrei rodou por
várias equipes, entre elas Palmeiras, Atlético-PR e Fluminense. O
contrato do jogador com a equipe
de Araras termina no final deste
Campeonato Paulista.
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