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Crise no tênis derruba capitão da Davis e vira caso de polícia
Jaime Oncins deixa o cargo após boicote dos principais tenistas do país, contrários à CBT, que teve sua sede vasculhada por ordem da Justiça
FERNANDO ITOKAZU
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
A mais grave crise do tênis nacional derrubou ontem o capitão
da equipe brasileira na Copa Davis, Jaime Oncins, e levou a polícia
à sede da Confederação Brasileira
de Tênis, em São Paulo.
Nomeado no mês passado, Oncins ficou sabendo na manhã de
segunda-feira que Gustavo Kuerten não enfrentaria o Paraguai
por divergências com a CBT. André Sá, seu atleta, anunciou a mesma decisão à noite. E, ontem, Flávio Saretta noticiou que estava
aderindo ao boicote.
"Estou tomando essa decisão
porque não concordo com a CBT.
Acho que não fomos respeitados
e, pela primeira vez, acho que poderemos fazer alguma coisa a favor do tênis brasileiro", afirmou
Saretta, 46º do ranking mundial.
Oncins decidiu então também
se retirar. "Tenho a consciência
tranqüila de que fiz de tudo para
levar as coisas por um bom caminho. Se foi um erro, só com o tempo a gente vai saber", disse ele.
Com isso, a menos de um mês
do confronto pela segunda rodada do Zonal Americano da Davis,
entre os dias 9 e 11 de abril, na
Costa do Sauípe, o Brasil está sem
capitão e seus principais tenistas.
Além da crise no aspecto técnico -sem Guga e Saretta o Brasil
dificilmente vai conseguir voltar à
elite da Davis, onde esteve de forma ininterrupta de 1997 a 2003-,
a CBT também enfrenta graves
problemas nos bastidores.
Ontem, a oposição, que acusa a
entidade de simulação de assembléias e falsificação de atas, além
da ocultação e manipulação de
documentos, obteve uma vitória.
Policiais do 27º DP (Campo Belo), cumprindo mandado de busca e apreensão, recolheram documentos e fizeram cópias de arquivos nos computadores da sede da
entidade. O mandado foi expedido pela juíza Ivana David Boriero,
do Dipo (Departamento Técnico
de Inquéritos Policiais).
Segundo a CBT, foram entregues cópias das atas das assembléias de 2000, 2001 e 2002.
Esses documentos farão parte
do inquérito instaurado no 27º
DP. O presidente da CBT, Nelson
Nastás, o ex-vice-presidente jurídico e atual advogado da CBT,
Antonio Jurado Luque, o contador Theo Ferreira de Carvalho e o
presidente da Federação Paulista
de Tênis, Raul Cilento, são investigados por formação de quadrilha e falsidade ideológica.
A instauração do inquérito
atendeu à notícia-crime do presidente da Federação Catarinense
de Tênis, Jorge Lacerda Rosa.
Para o dirigente, os atos da CBT
contribuem para a "falta de transparência com a parte financeira".
O mandado da juíza Ivana David Boriero determina que o delegado do 27º DP, João Renato Weselowski, encaminhe relatório da
visita à CBT ao Ministério Público
em até 15 dias. O MP estudará a
documentação e pode processar
criminalmente os investigados.
Rosa disse ter ficado satisfeito
com a busca e a apreensão ter
acontecido logo após o anúncio
do boicote de Guga. "Não sei [se a
desistência de Kuerten] teve influência, mas as autoridades começam a ver as irregularidades."
Ele afirmou que pretende tentar
marcar uma assembléia geral extraordinária para destituir Nastás.
Seu objetivo é formar uma junta
diretiva para a disputa da Davis e,
"após dois ou três meses", eleger
uma nova administração.
Além do ataque da oposição, a
CBT terá também que se explicar
ao Ministério do Esporte, que pediu informações sobre as denúncias e deve encaminhá-las ao MP.
O ministério também pediu ao
COB um relatório sobre a aplicação da verba da Lei Piva pela CBT.
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