São Paulo, domingo, 11 de março de 2007

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JUCA KFOURI

Duelo ao entardecer no Morumbi

Os presidentes do São Paulo e da CBF estão prestes a se engalfinhar, com mediação do presidente da República

"NEM O SÃO PAULO irá impor o Morumbi no grito, nem a CBF o vetará no grito." A frase é de uma alta autoridade do governo federal que pede para ser preservada porque terá participação importante no processo de escolha dos estádios que serão usados numa eventual Copa do Mundo no Brasil, em 2014.
É claro que não cabe ao governo botar lenha na fogueira. Ao contrário. Quer jogar água na fervura.
Porque o presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio, está disposto a tudo para impedir o veto de Ricardo Teixeira ao Morumbi.
Tanto que já solicitou audiência ao presidente da República, embora saiba que Ricardo Teixeira tem dito a quem quiser ouvir que é inútil pedir o apoio de Lula, porque quem decide é ele, o todo-poderoso presidente da CBF.
Será, no mínimo, uma parada indigesta e que poderá até não resultar mesmo na inclusão do estádio, embora possa ser, também, um belo passo para clarear as coisas em nosso futebol.
Porque perto de comemorar 70 anos de idade, Juvêncio já está naquela fase da vida em que as pessoas pouco têm a temer quando decidem se expor para defender seus pontos de vista. E ele é bom de briga. Astucioso, bem informado e muito bem documentado.
Certamente uma briga pública entre o presidente da CBF e o do São Paulo não interessa ao governo, razão pela qual a posição de cautela, de algodão entre cristais.
Ainda mais porque os argumentos de Teixeira não resistem. Dizer, por exemplo, que falta estacionamento no estádio equivale a ignorar que não há estacionamento no moderno Emirates, do Arsenal, que Teixeira deve conhecer bem, pois foi sede dos últimos amistosos da seleção.
A implicância com o estádio do Morumbi tem outra origem, a tradicional postura de distanciamento do São Paulo em relação à CBF, a ponto de o clube ter sido o único a não ter votado em Teixeira em sua última (que bom se fosse mesmo a última...) reeleição.
Nem mesmos os gestos, digamos assim, institucionais, como o de levar Teixeira para o Japão na decisão do Mundial de Clubes, serviram para aparar arestas, já que o São Paulo não abre mão de cobrar da CBF o ressarcimento pelos seus jogadores convocados para a seleção.
E o cartola da CBF vê na Copa de 2014 a chance de revidar em grande estilo, por mais que pareça não ter avaliado bem a confusão em que está prestes a se meter.

A convocação
Dunga convocou para os amistosos, agora, na Suécia. Nada que mereça maiores reparos, a não ser a esfarrapada justificativa de que jogadores como Rogério Ceni e Zé Roberto -o do Santos, é claro- não são chamados porque ele sabe do que são capazes. Ora, se isso fosse verdade, não seria preciso chamar nem Lúcio, nem Juan, nem Ronaldinho Gaúcho, nem Kaká.
De resto, muito bom que tenha chamado a dupla Josué/Mineiro e o lateral-esquerdo Kléber, que está mesmo gastando a bola.

Jogão
Santos e São Paulo têm tudo para fazer o melhor jogo da temporada brasileira até aqui.
Ambos não só às vezes apresentam momentos de brilho como, ainda por cima, estão dando um valor até surpreendente a este Campeonato Paulista, muito mais como se fosse um braço-de-ferro entre os dois do que propriamente pela taça que já se cansaram de levantar.
O clássico, além disso, parece antecipar o que veremos nos dois jogos finais do campeonato, porque tudo leva a crer que o San-São também decidirá o torneio. Jogo de arrepiar os cabelos.


blogdojuca@uol.com.br

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