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Em crise, COI enquadra protesto
Rogge diz que pode punir quem subir ao pódio com bandeiras que não sejam a de seu país ou região
Alerta de cartola dizima chance de atos pró-Tibete nas competições em Pequim; comitê admite que esporte passa por tormenta
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
Em meio às polêmicas de
censura na China e de repressão a direitos humanos, o presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional), Jacques
Rogge, admitiu que a entidade
vive uma crise e disse que estuda punições aos atletas que usarem o pódio ou as competições
para fazer "propaganda".
"É uma crise, não há dúvida
disso. Mas o COI já enfrentou
tempestades maiores", disse
Rogge, citando o atentado terrorista de Munique-72 e o boicote aos Jogos de 1980 e 1984.
"Daremos regras de onde e
como essas manifestações serão permitidas", disse o cartola
belga, em entrevista coletiva.
"As instalações olímpicas não
são espaço para política, mas os
atletas podem falar o que quiserem durante as entrevistas coletivas." Rogge afirmou que haverá regras para se determinar
o que é liberdade de expressão
e o que é propaganda.
Um jornalista italiano lembrou um episódio marcante da
Olimpíada de Sydney, em
2000: a atleta aborígene Cathy
Freeman subiu ao pódio com as
bandeiras australiana e a aborígene, dos nativos discriminados e vitimizados pela colonização inglesa do país. O uso da
bandeira aborígene era uma
atitude política. "Se um atleta
americano ou francês subisse
ao pódio com uma bandeira do
Tibete, isso seria visto como
"propaganda'?"
A resposta de Rogge: "Se um
atleta espanhol quiser subir ao
pódio com a bandeira de sua
Província, é legítimo. Agora, se
um atleta quiser usar a bandeira de outro país, vamos ter que
estudar para ver se é propaganda ou não". Como a China não é
uma democracia e pessoas que
demonstram discordância da
linha oficial costumam ir para a
cadeia, é improvável que chineses subam ao pódio com a bandeira do Tibete.
Rogge disse que há "espaço
para melhorar" o respeito à
chamada "Lei de Mídia", em vigor desde janeiro do ano passado até setembro deste ano. Ela
permite a jornalistas estrangeiros viajar pela China sem permissão oficial. Mas, Províncias
do país, onde os tibetanos protestam contra a repressão oficial, estão fechadas a jornalistas estrangeiros.
O presidente do COI afirmou
que a execução da lei é "imperfeita" e que levou esses problemas ao governo chinês. Mas garantiu que, durante os Jogos,
não haverá censura à internet.
Depois da repressão no Tibete e da prisão recente de dissidentes, o COI foi questionado
se Pequim não estaria desrespeitando seu compromisso ao
competir para abrigar os Jogos,
de "melhorar o respeito aos direitos humanos".
O belga afirmou que a candidatura de Pequim era a melhor
à época e que o compromisso
da cidade era baseado em regras técnicas, financeiras e logísticas. Mas há um compromisso "moral" de melhorar a situação dos direitos humanos.
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