São Paulo, Domingo, 11 de Abril de 1999
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F-1
Piloto brasileiro tem acidente no treino da manhã, sofre ferimento profundo no pé esquerdo e passa por cirurgia
Zonta bate a 240 km/h e está fora do GP

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
FÁBIO SEIXAS
EDGARD ALVES
da Reportagem Local

O piloto brasileiro Ricardo Zonta, 23, da equipe BAR, sofreu sério acidente ontem pela manhã, no autódromo de Interlagos, na segunda sessão de treinos livres para o GP Brasil, e está fora da segunda etapa do Mundial de F-1.
Zonta, segundo boletim assinado pelo diretor médico do GP, Ailton Beraldo, às 11h45, sofreu um ferimento transversal profundo no pé esquerdo, que provocou duas fissuras no tendão, lhe obrigando a uma intervenção cirúrgica.
O piloto, que estreou na F-1 neste ano, perdeu o controle de seu carro na curva do Laranjinha, às 10h38, a uma velocidade estimada de 240 km/h -nesse trecho, os freios não são acionados, apenas acelera-se o carro.
Aparentemente, o paranaense perdeu aderência depois que sua suspensão dianteira direita se rompeu, informação não confirmada pela escuderia inglesa.
Depois de sair da pista e atravessar uma longa área de gramado, Zonta se espatifou contra um guard-rail, destruindo boa parte da traseira do carro. No choque, o extintor automático do carro acabou sendo acionado, gerando uma nuvem de fumaça.
O acidente interrompeu o treino, que vinha sendo liderado pelo escocês David Coulthard, da McLaren -mais tarde, seria definitivamente suspenso.
Após a chegada das equipes de resgate, Zonta foi retirado do carro e chegou a ficar em pé. Logo depois, ainda em pé, teve o rosto e cabeça examinados pelo médico da FIA, Sid Watkins, e, em seguida, levado ao chão para ser imobilizado pelos paramédicos.
De ambulância, Zonta foi transferido para o centro médico do circuito, onde passou por radiografias. O estado do pé, porém, fez os médicos optarem pela remoção do piloto para o hospital Duprat de helicóptero, no Morumbi.
A intervenção cirúrgica, Tenorrafia (sutura do tendão), estava sendo realizado com o piloto apresentando quadro estável, sem alterações neurológicas, pressão arterial 120 por 80 mmHg e pulso a 64.
Até o fechamento desta edição, ele não havia deixado o centro cirúrgico. A perspectiva era positiva.
Segundo o relato de parentes do piloto, ele chegou a ligar para os pais antes de ser operado, para tranquilizá-los. E não permitiu que seu macacão fosse cortado pelos médicos -justificou-se afirmando que só tinha um.
O empresário Geraldo Rodrigues, no hospital, disse que Zonta não sabia explicar o acidente. E que sua única atitude ao perceber que iria bater foi fechar os olhos.
Pela gravidade da contusão, Zonta dificilmente voltará a pilotar antes do GP de Mônaco, daqui a cinco semanas, perdendo além do GP do Brasil, o de San Marino. A BAR deverá largar com apenas um carro, hoje, em Interlagos.


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