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Recessão chega a "nanicos" paulistas
KLÉBER WERNECK
free-lance para a Folha Vale
Os times mais pobres do Estado
voltam a campo hoje para o início
das Séries B-1B e B-1A, a quarta e a
quinta divisões do Paulista.
Com grandes limitações financeiras, os dirigentes já estão prevendo o "campeonato da recessão". "A crise financeira, com a
desvalorização do real, atingiu todos os setores da sociedade, e é claro que vamos sentir os reflexos",
afirmou Eduardo Gonçalves, que
acumulará os cargos de presidente
e técnico do XV de Caraguatatuba.
Ao todo, 44 equipes (28 na B-1A e
16 na B-1B) estarão na disputa das
duas competições. As duas melhores da B-1B ascendem à B-1A, e os
da B-1A terão direito de disputar a
A-3 no ano 2000.
Algumas delas acenam com projetos modernos, como o Corinthians Vale do Paraíba, que foi
idealizado pelo vice-presidente de
marketing do Corinthians, Edgar
Soares, para ser uma espécie de "filial" do time da capital, ou o Campinas, clube-empresa de propriedade do ex-jogador Careca.
Outras são tradicionais, como o
Jabaquara de Santos, um dos clubes fundadores da FPF (Federação
Paulista de Futebol). A grande
maioria, porém, é desconhecida
do grande público, como o Iracemapolense ou o Guararapes.
A principal fonte de renda no orçamento dos clubes será a cota oferecida pela entidade presidida por
Eduardo José Farah, que é de R$ 4
mil na B-1B e de R$ 5 mil na B-1A
por mando de jogo.
É esse o caso do Jacareí, da quinta
divisão, que possui como patrimônio apenas o material esportivo
que é usado pelos jogadores nos
dias em que entram em campo.
O clube tem sede provisória em
uma sala da rodoviária de Jacareí,
que foi emprestada pelo ex-presidente José Maria Torres, e mandará seus jogos no estádio Dante Jordão Mercadante, que pertence ao
Elvira, outro time da cidade.
A realização de churrascos foi
uma das alternativas que os clubes
encontraram como fonte de renda.
"Cada pessoa pagava R$ 100 e tinha direito de participar de quatro
churrascos, concorrendo ao sorteio de uma televisão em cada um
deles", disse o diretor de futebol do
Itaquaquecetuba, Darli Silva.
A folha salarial do clube, da B1-B,
segue a média da divisão, que varia
de um a dois salários mínimos.
Com esses valores, algumas equipes estão sofrendo concorrência
de outras profissões para manter
seus jogadores.
O XV de Caraguatatuba perdeu
na semana passada o atacante Neno, 18. O jogador acordava mais
cedo do que o restante do grupo
para entregar jornais e, em seguida, costumava ir treinar.
Ganhava R$ 150 para jogar pelo
XV e R$ 200 para entregar os jornais. "Todo mundo ganha um salário mínimo no XV", justifica
Gonçalves, presidente do time.
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