|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Após prometer superplano, CBF só anuncia Brasileiro-2001 remendado
E a nova era começou com os vícios da era passada
No Rio, confederação, governo, clubes e agências de marketing não dão solução para a Mercosul e adiam calendário quadrienal
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
A "nova era" do futebol brasileiro começou oficialmente ontem
no Rio de Janeiro com a repetição
de vícios da "era passada": atrasos, panos quentes, disputas comerciais, promessas e ameaças.
A tabela do Brasileiro deste ano,
anunciada pelo presidente da
CBF, Ricardo Teixeira, e pelo ministro Carlos Melles (Esportes e Turismo), tem como principal
objetivo apagar incêndios e dar
fôlego para que os líderes do setor
continuem em busca de uma fórmula que concilie seus interesses.
O torneio terá mesmo 28 times
na primeira divisão, será disputado em turno único -os quatro
primeiros passam às semifinais e
os quatro últimos são rebaixados- e os jogos serão nos finais
de semana e às quartas e quintas.
A disputa começará em julho,
só com o Palmeiras. Em 1º de
agosto, os demais times entrarão
no torneio, que está previsto para
acabar no dia 23 de dezembro.
Já o plano quadrienal, prometido em março -essa sim a grande
novidade do futebol no Brasil-
ainda não está pronto.
A disputa entre Rede Globo e
Traffic/Bandeirantes por direitos
de transmissão no segundo semestre de cada ano inviabiliza,
pelo menos por enquanto, a elaboração do calendário.
Assim, a formulação de um calendário "racional" para o futebol, que englobe os anos de 2002 a
2005, considerada prioridade e
com data de apresentação prometida para até o fim de abril, foi
adiada em mais de um mês e
meio, para o dia 30 de junho.
Em março, os principais líderes
do futebol se encontraram em
Brasília para selar um pacto de
modernização. Na ocasião, o primeiro cronograma foi definido.
Mas ontem, foi divulgada apenas a tabela do Brasileiro-2001.
A explicação dada por Teixeira é
que as decisões não podem ser tomadas sem consulta à Fifa e à
Confederação Sul-Americana, o
que ainda não teria ocorrido.
O ministro Melles, principal articulador do encontro, conhecido
como "pacto da bola", deixou claro que irá cobrar a apresentação
de um plano até o final de junho.
"Tenho a palavra deles. Se eles
não fizerem, eles saem", ameaçou
Melles, referindo-se a Teixeira,
Fábio Koff, presidente do Clube
dos 13 (principal associação de times), e Francisco Baptista, do
Clube Brasil, que reúne as equipes
da segunda divisão.
A maior pendência é a dúvida
quanto à extinção da Mercosul,
competição sul-americana agendada para o segundo semestre.
Neste ano, será mantido o torneio, cujos direitos de transmissão são da Traffic, do empresário
J. Hawilla, parceiro da CBF.
A Rede Globo, concorrente da
Traffic e detentora dos direitos do
Brasileiro, que também é disputado no segundo semestre, quer o
fim da Mercosul, a partir de 2002.
A tese parece ter o apoio da
CBF, que pretende aumentar de
quatro para seis ou sete o número
de times brasileiros na Libertadores e enfraquecer a Mercosul.
"O Brasil e a Argentina têm
mais peso. Vamos usar nossa força para aumentar o número de
participantes", disse Teixeira.
Questionado se isso era um indicativo de apoio à Globo, o dirigente disse: "Isso não é indicativo
de nada". Teixeira, porém, também defende a prioridade para o
Brasileiro no segundo semestre.
Segundo anunciado ontem, nenhum clube poderá jogar mais de
duas vezes por semana, nem deverá haver tabelas superpostas, o
que praticamente inviabiliza a
realização da Copa Mercosul.
Hawilla participou do lançamento junto com Teixeira, Melles, Marcelo de Campos Pinto, diretor da Globo Esportes, braço da
emissora no setor, Koff e Baptista.
Os dois representantes dos interesses de TVs não chegaram a um
acordo sobre o futuro. "Aumentar a Libertadores e acabar com a
Mercosul é uma idéia, mas precisa
ser estudada", afirmou Hawilla.
"O Brasileiro é o principal produto do nosso futebol. Ele deve
ser único", disse Campos Pinto.
Em meio à disputa, Teixeira disse que novos estudos definirão o plano quadrienal. "Temos que esperar o calendário da Fifa".
Texto Anterior: Painel FC Próximo Texto: Projeto contempla agenda da Globo Índice
|