São Paulo, sábado, 11 de maio de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

O dilema Rivaldo

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

A seleção está formada, e quase tudo já foi dito a respeito dela ao longo da semana.
Tostão e Soninha, neste mesmo espaço, escreveram tudo o que eu gostaria de dizer sobre o assunto.
Em resumo: mesmo não sendo o ideal -sobretudo pela ausência de um meia-armador-, o time de Scolari tem grandes chances de se dar bem na Copa, desde que seus principais jogadores, Ronaldo, Ronaldinho e Rivaldo, estejam em forma e inspirados.
Ao contrário do que ocorria há alguns meses, hoje Ronaldo nos causa menos preocupação que Rivaldo. O craque do Barcelona afirma que sente dores o tempo todo e que tem medo de uma cirurgia, por conta de sua conformação anatômica.
Mesmo que concordasse em ser operado, dificilmente se recuperaria a tempo de jogar a Copa. As opções são poucas:
1) apostar em sua recuperação clínica e física por meios médicos que não prejudiquem sua carreira a longo prazo;
2) adotar métodos invasivos de tratamento, com o uso de infiltrações ou coisa do gênero;
3) colocá-lo para jogar "no sacrifício", mesmo sentindo dores -como ocorreu no amistoso contra Portugal.
4) cortá-lo da seleção, convocando outro para o seu lugar, como aconteceu com Romário às vésperas da Copa-98.
Claro que a primeira hipótese seria a melhor, mas talvez seja hoje a menos provável. Nesse caso, penso que a opção menos ruim seria a última.
Rivaldo é um jogador excepcional. Tem o pé esquerdo mais habilidoso e mortal do planeta. Mas, mesmo em plena forma, brilhou poucas vezes na seleção -seja por falta de motivação ou por não encontrar seu espaço ideal dentro do time. Agora, "baleado", terá menos condição ainda de ajudar a equipe brasileira.
Nesse contexto, sua saída não seria uma tragédia. Do ponto de vista pessoal, Rivaldo teria a compensação de não agravar seus problemas físicos nem prejudicar sua carreira.
Do ponto de vista da seleção, talvez seja a oportunidade de arrumar melhor a equipe. Para o lugar de Rivaldo, poderia ser chamado o armador por quem clamam os analistas mais lúcidos.
Candidatos para a vaga: Ricardinho, Juninho Pernambucano, Zé Roberto, Zinho, Alex, Roger e o próprio Djalminha (aquele que pensa com os pés e chuta com a cabeça).
Claro que essa minha hipótese é meramente especulativa. Não é uma proposta. Faltam-me conhecimentos médicos para avaliar a atual situação de Rivaldo. Estou me baseando nas declarações do próprio jogador em entrevista à Folha.
Pode até acontecer que ele chegue bem à Copa, brilhe em campo e seja decisivo. Se isso ocorrer, ficarei feliz por ele e pelo Brasil.
Mas, se for para vê-lo mancar em campo, sofrendo a cada chute, como aconteceu em Lisboa, é melhor deixá-lo em paz.

Todas as qualidades que o Corinthians vem demonstrando ao longo do ano -entrosamento, aplicação tática, valorização da posse de bola- foram exibidas pelo Brasiliense no Morumbi.
Foi um jogo duríssimo, em que a equipe do Distrito Federal segurou o time alvinegro sem apelar para a violência e sem dar chutões. Falemos claro: o Corinthians só venceu graças à mãozinha do juiz Carlos Eugênio Simon.

Mais brazucas
Na coluna de segunda, destaquei os brasileiros Amoroso e Ewerthon, campeões alemães com o Borussia Dortmund. Como vários leitores notaram, deixei de fora Evanílson e Dedê, também do Borussia. E também Edmílson, Sonny Anderson e Caçapa, campeões franceses (Lyon), Fábio Aurélio, campeão espanhol (Valência), e Jardel, campeão português (Sporting). Para completar, quarta Edu foi campeão inglês pelo Arsenal.

Clássico disperso
Mais um Corinthians x São Paulo. O mais importante do semestre. Mas os times correm o risco de não se concentrarem totalmente no clássico. O técnico do time tricolor, Nelsinho, está com um pé fora do clube. E os corintianos entram em campo pensando no Brasiliense, que terão de enfrentar na quarta. Além disso, os convocados estarão com a cabeça na seleção.

E-mail jgcouto@uol.com.br



Texto Anterior: Vôlei: Minas enfrenta Banespa para quebrar tabu
Próximo Texto: Panorâmica - Tênis: Guga faz estréia contra o local Nicolas Kiefer, que está em má fase, em Hamburgo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.