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FUTEBOL
O dilema Rivaldo
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
A seleção está formada, e
quase tudo já foi dito a respeito dela ao longo da semana.
Tostão e Soninha, neste mesmo
espaço, escreveram tudo o que eu
gostaria de dizer sobre o assunto.
Em resumo: mesmo não sendo o
ideal -sobretudo pela ausência
de um meia-armador-, o time
de Scolari tem grandes chances de
se dar bem na Copa, desde que
seus principais jogadores, Ronaldo, Ronaldinho e Rivaldo, estejam em forma e inspirados.
Ao contrário do que ocorria há
alguns meses, hoje Ronaldo nos
causa menos preocupação que Rivaldo. O craque do Barcelona
afirma que sente dores o tempo
todo e que tem medo de uma cirurgia, por conta de sua conformação anatômica.
Mesmo que concordasse em ser
operado, dificilmente se recuperaria a tempo de jogar a Copa. As
opções são poucas:
1) apostar em sua recuperação
clínica e física por meios médicos
que não prejudiquem sua carreira a longo prazo;
2) adotar métodos invasivos de
tratamento, com o uso de infiltrações ou coisa do gênero;
3) colocá-lo para jogar "no sacrifício", mesmo sentindo dores
-como ocorreu no amistoso contra Portugal.
4) cortá-lo da seleção, convocando outro para o seu lugar, como aconteceu com Romário às
vésperas da Copa-98.
Claro que a primeira hipótese
seria a melhor, mas talvez seja
hoje a menos provável. Nesse caso, penso que a opção menos ruim
seria a última.
Rivaldo é um jogador excepcional. Tem o pé esquerdo mais habilidoso e mortal do planeta. Mas,
mesmo em plena forma, brilhou
poucas vezes na seleção -seja
por falta de motivação ou por não
encontrar seu espaço ideal dentro
do time. Agora, "baleado", terá
menos condição ainda de ajudar
a equipe brasileira.
Nesse contexto, sua saída não
seria uma tragédia. Do ponto de
vista pessoal, Rivaldo teria a compensação de não agravar seus
problemas físicos nem prejudicar
sua carreira.
Do ponto de vista da seleção,
talvez seja a oportunidade de arrumar melhor a equipe. Para o
lugar de Rivaldo, poderia ser chamado o armador por quem clamam os analistas mais lúcidos.
Candidatos para a vaga: Ricardinho, Juninho Pernambucano,
Zé Roberto, Zinho, Alex, Roger e o
próprio Djalminha (aquele que
pensa com os pés e chuta com a
cabeça).
Claro que essa minha hipótese é
meramente especulativa. Não é
uma proposta. Faltam-me conhecimentos médicos para avaliar a
atual situação de Rivaldo. Estou
me baseando nas declarações do
próprio jogador em entrevista à
Folha.
Pode até acontecer que ele chegue bem à Copa, brilhe em campo
e seja decisivo. Se isso ocorrer, ficarei feliz por ele e pelo Brasil.
Mas, se for para vê-lo mancar
em campo, sofrendo a cada chute,
como aconteceu em Lisboa, é melhor deixá-lo em paz.
Todas as qualidades que o Corinthians vem demonstrando ao
longo do ano -entrosamento,
aplicação tática, valorização da
posse de bola- foram exibidas
pelo Brasiliense no Morumbi.
Foi um jogo duríssimo, em que
a equipe do Distrito Federal segurou o time alvinegro sem apelar
para a violência e sem dar chutões. Falemos claro: o Corinthians
só venceu graças à mãozinha do
juiz Carlos Eugênio Simon.
Mais brazucas
Na coluna de segunda, destaquei os brasileiros Amoroso e
Ewerthon, campeões alemães
com o Borussia Dortmund.
Como vários leitores notaram, deixei de fora Evanílson
e Dedê, também do Borussia.
E também Edmílson, Sonny
Anderson e Caçapa, campeões franceses (Lyon), Fábio
Aurélio, campeão espanhol
(Valência), e Jardel, campeão
português (Sporting). Para
completar, quarta Edu foi
campeão inglês pelo Arsenal.
Clássico disperso
Mais um Corinthians x São
Paulo. O mais importante do
semestre. Mas os times correm o risco de não se concentrarem totalmente no clássico. O técnico do time tricolor,
Nelsinho, está com um pé fora do clube. E os corintianos
entram em campo pensando
no Brasiliense, que terão de
enfrentar na quarta. Além
disso, os convocados estarão
com a cabeça na seleção.
E-mail jgcouto@uol.com.br
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