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"Berço" de Pelé, Bauru tenta resgatar parte da história do Rei na cidade
FERNANDO ITOKAZU
ENVIADO ESPECIAL A BAURU
Pelé nasceu em Três Corações (MG), mas seu berço no
futebol foi Bauru (SP). E a cidade se orgulha disso e tenta
resgatar essa ligação.
O primeiro clube de Pelé já
não existe mais. Em 2006, o
BAC (Bauru Atlético Clube)
foi vendido, demolido e deu
lugar a um supermercado.
A casa em que viveu a família do jogador (rua Sete de Setembro, quadra 4, casa 16, no
centro da cidade) está abandonada, com várias partes
praticamente em ruínas.
Para evitar que aconteça
uma nova demolição ou que o
imóvel se deteriore ainda
mais, o Codepac (Conselho de
Defesa do Patrimônio Cultural de Bauru) aprovou, no fim
do mês passado, o processo
de tombamento da casa.
"É importante que esse
bem tenha um uso e que possamos relacioná-lo com a história para as futuras gerações", afirmou o presidente
do Codepac, Sérgio Losnak.
A Secretaria de Cultura de
Bauru tem planos de construir um memorial no local,
dedicado não apenas a Pelé
mas ao esporte bauruense.
"Imagine o local onde o
Bobby Charlton [lenda do futebol inglês] jogou, deve estar
tudo preservado", disse o secretário Pedro Romualdo.
"Temos que resgatar isso. Digo que sou de Bauru e sempre
acrescento que foi aqui que o
Pelé aprendeu a jogar."
Como o abandono da casa
atraía invasores, o português
Manuel Pereira, o Neco, decidiu colocar uma corrente e
um cadeado no portão.
"Tinha muito andarilho
que entrava aí para se drogar", afirma Neco, que mora e
tem uma oficina de funilaria a
cerca de 50 metros do local.
Ele é dono e aluga três casas
vizinhas ao imóvel da família
Nascimento. Interessado no
terreno, levantou a documentação dele. "Aqui tem uns 20
metros de frente e uns 35 ou
40 de fundo", disse ele, que
afirma ter falado com uma irmã de Pelé. "Os impostos estão todos pagos, mas não tem
escritura. Aí fica difícil."
Não há mais portas na casa,
usada como abrigo por gatos.
Paredes estão pichadas, e algumas internas têm "pensamentos" e desenhos assinados por um tal de "Kimba".
Um dos quartos teve o teto
destruído pelo fogo e está tomado pelo mato, que invadiu
também o "puxadinho" nos
fundos. Na sala, há um sofá
puído e uma bíblia empoeirada entre o lixo no chão.
No escritório de Pelé, ninguém comentou o assunto.
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