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Poucos sabem se
divertir em Paris como ele
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
Não à toa Gustavo Kuerten
apareceu para receber o troféu e abrir o champanhe
com uma camiseta na qual
se lia "eu te amo, Roland
Garros". Nas duas últimas
semanas, ficou claro que
poucos sabem jogar e se divertir durante o Aberto da
França como o brasileiro.
Um Grand Slam, como esse que Guga conquista pela
terceira vez, difere dos outros torneios do circuito não
só pelo número de tenistas
ou pelo dinheiro que pode
entrar na conta do campeão.
É diferente também porque é disputado em duas semanas, e não em uma. E foi
aí que o brasileiro mostrou-se mais adaptado, em casa,
sabendo dosar o ritmo.
Na primeira semana do
evento, Kuerten usou toda a
sua forma física para deixar
pelo caminho, sem tropeços,
Guillermo Coria, Agustín
Calleri e Karim Alami.
Não se desgastou fisicamente, muito menos passou
por qualquer tipo de pressão
mental. Diferentemente, por
exemplo, de Alex Corretja.
O quarto jogo, aquele contra Michael Russell, no domingo anterior, em que o
brasileiro quase foi eliminado, marcou a mudança de
semana e de clima na campanha pelo título. Ali, Kuerten percebeu que não bastava mais o físico. O emocional
também faria diferença.
E assim rolou a segunda
semana. Uma superioridade
técnica, física e, principalmente, mental sobre Ievguêni Kafelnikov, que até então
mostrava um dos jogos mais
sólidos em Paris.
E, na sexta-feira, de novo,
uma tranquilidade muito
maior sobre Juan Carlos Ferrero. Classificado como final
antecipada, aliás, o jogo entre Kuerten e Ferrero deixou
claro que, talento à parte, ritmo e tática em primeiro plano, o brasileiro ainda é muito superior ao espanhol.
Por fim, a final. Um físico
perfeito, uma técnica refinada, uma cabeça tranquila...
Sem contar os backhands
mais poderosos do mundo
hoje, um saque forte, uma
variação de golpes muito
acima da média. Uma combinação perfeita. Por isso ele
ganhou de novo. Por isso ele
ama Roland Garros.
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