São Paulo, segunda-feira, 11 de junho de 2001

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Poucos sabem se divertir em Paris como ele

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

Não à toa Gustavo Kuerten apareceu para receber o troféu e abrir o champanhe com uma camiseta na qual se lia "eu te amo, Roland Garros". Nas duas últimas semanas, ficou claro que poucos sabem jogar e se divertir durante o Aberto da França como o brasileiro.
Um Grand Slam, como esse que Guga conquista pela terceira vez, difere dos outros torneios do circuito não só pelo número de tenistas ou pelo dinheiro que pode entrar na conta do campeão.
É diferente também porque é disputado em duas semanas, e não em uma. E foi aí que o brasileiro mostrou-se mais adaptado, em casa, sabendo dosar o ritmo.
Na primeira semana do evento, Kuerten usou toda a sua forma física para deixar pelo caminho, sem tropeços, Guillermo Coria, Agustín Calleri e Karim Alami.
Não se desgastou fisicamente, muito menos passou por qualquer tipo de pressão mental. Diferentemente, por exemplo, de Alex Corretja.
O quarto jogo, aquele contra Michael Russell, no domingo anterior, em que o brasileiro quase foi eliminado, marcou a mudança de semana e de clima na campanha pelo título. Ali, Kuerten percebeu que não bastava mais o físico. O emocional também faria diferença.
E assim rolou a segunda semana. Uma superioridade técnica, física e, principalmente, mental sobre Ievguêni Kafelnikov, que até então mostrava um dos jogos mais sólidos em Paris.
E, na sexta-feira, de novo, uma tranquilidade muito maior sobre Juan Carlos Ferrero. Classificado como final antecipada, aliás, o jogo entre Kuerten e Ferrero deixou claro que, talento à parte, ritmo e tática em primeiro plano, o brasileiro ainda é muito superior ao espanhol.
Por fim, a final. Um físico perfeito, uma técnica refinada, uma cabeça tranquila... Sem contar os backhands mais poderosos do mundo hoje, um saque forte, uma variação de golpes muito acima da média. Uma combinação perfeita. Por isso ele ganhou de novo. Por isso ele ama Roland Garros.



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