São Paulo, sábado, 11 de junho de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

Time de Parreira inicia preparação para a Copa das Confederações, que reunirá ainda Alemanha e Argentina

Na Europa, seleção desafia retrospecto contra campeões

FÁBIO VICTOR
PAULO COBOS
ENVIADOS ESPECIAIS A LEVERKUSEN

Tida como favorita até pelo comedido Carlos Alberto Parreira, a seleção brasileira que chega hoje à Alemanha, para a Copa das Confederações, terá de superar seus retrospecto recente se quiser fazer valer a propalada vantagem.
Ganhar o torneio, que começa na próxima quarta-feira, significará superar rivais que viraram uma pedra no sapato depois que Parreira assumiu a equipe pela terceira vez, em 2003. Entre os oito participantes, estão, além do Brasil, outros dois ex-campeões mundiais: os donos da casa e a Argentina. E, nos superclássicos do futebol mundial, o time nacional vem muito mal.
Desde o início da nova era Parreira, a seleção disputou oito jogos contra rivais que já ganharam a Copa do Mundo. Só conseguiu vencer uma vez, empatou seis e perdeu uma. A Argentina foi o oponente tanto na vitória como na derrota -esta, por 3 a 1, na última quarta-feira, na casa dos vizinhos, foi também a pior em número de gols da história do treinador na seleção.
"Perder da Argentina em Buenos Aires não nos levou ao inferno", disse Parreira. Se é difícil discordar do técnico, é igualmente fato que desde que reassumiu ele não foi capaz de fazer seu time vencer nem ex-campeões mundiais decadentes. Foram três jogos com o Uruguai, que está fora da zona de classificação à Copa-06, todos sem vencedor. Parreira ainda empatou com Alemanha e França em amistosos.
Com esse currículo, o time tem aproveitamento de apenas 37,5% diante de rivais que já ganharam a maior competição do futebol. Essa marca fica muito abaixo do desempenho obtido contra os outros adversários.
Sob a batuta de Parreira, o Brasil teve uma performance de 71% contra rivais "virgens" em título de Copa do Mundo.
Um dado é chave para referendar a queda de desempenho da seleção diante de potências do futebol: até o atual técnico assumir o time, as vitórias do Brasil sobre esses adversários representavam 45% dos resultados.
De 2003 para cá, o percentual caiu para 12%. A exemplo do Brasil alemães e argentinos jogarão a Copa das Confederações com seus times quase completos,embora, dos três, as maiores baixas estejam do lado da seleção (Ronaldo, Roberto Carlos e Cafu). Alemanha e Argentina só podem enfrentar o Brasil nas semifinais ou na decisão. Mas, na primeira fase, o time terá adversários de médio porte, que também endureceram recentemente.
Na última Copa das Confederações, em 2003, por exemplo, o time da camisa amarela caiu logo na primeira fase, em um grupo que tinha Camarões, EUA e Turquia, todos na época entre os top 20 do ranking de seleções da Fifa.
Agora, novamente terá adversários sem grande tradição. A Grécia, rival da estréia, na próxima quinta-feira, em Leipzig, é hoje a 12ª colocada na lista elaborada pela entidade. O México é o sétimo, e o Japão aparece em 17º.
Na verdade, o que turbina o aproveitamento de Parreira em sua terceira passagem pela seleção são os jogos contra seleções nanicas. O time só marcou cinco vezes em jogo contra rivais que nem são reconhecidos pela Fifa (Catalunha), que nunca jogaram uma Copa (Venezuela e Hong Kong) ou que estão hoje em absoluto estado de miséria (Haiti).
Depois de três edições em que tratou a Copa das Confederações com absoluto descaso, o Brasil leva a coisa mais a sério na Alemanha. Para Parreira, a competição é importante porque é "um torneio da Fifa". Parece ter esquecido que já o era dois anos atrás, quando levou à França uma equipe formada basicamente por reservas.


Texto Anterior: A rodada
Próximo Texto: Fifa força jornalistas a usar conta de e-mail de seu parceiro na Copa
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.