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MOTOR
Quando falta bom senso
FÁBIO SEIXAS
DA REPORTAGEM LOCAL
A BMW assinou com a Sauber e está de saída da Wil-liams, até a biosfera de Montréal
sabe disso.
Pelos lados da equipe suíça, Peter Sauber se esforça para esconder o sorriso de quem colocou alguns bons milhões no bolso. E pelas bandas do time inglês a situação está insustentável, o ar pesa.
O que torna o cenário ridículo,
porém, é o silêncio. Ninguém fala
nada. E quando falam é para negar, seja o casamento, seja o divórcio. Há contratos a serem respeitados, afinal. Dezenas deles.
Mas chegará um "dia D" que
atenderá a todas as cláusulas.
E então jornalistas receberão
quatro e-mails. Os dois primeiros,
idênticos, anunciando a parceria:
um com o timbre da Sauber, outro com o da BMW. Outros dois,
assinados pela montadora e pelo
time inglês, revelarão a quebra de
contrato, reforçando o sucesso da
união e afirmando que era hora
de um buscar seu rumo.
Essa é mais uma faceta de uma
F-1 que se esforça para melhorar o
espetáculo na pista, mas que ainda consegue ser extremamente
chata e pedante nos bastidores. E
isso fica ainda mais evidente
quando a categoria faz sua visita
anual para a América do Norte.
Público e imprensa dos EUA e
do Canadá estranham tanto rigor, tanto não-me-toques. Estão
acostumados com o "american
way" de relações-públicas. Vá a
uma corrida da Champ Car, da
IRL ou da Nascar e você passeará
pelos boxes, trombará com seus
pilotos favoritos, colherá um autógrafo, tirará foto ao lado dos
carros, ganhará lembrancinhas.
Mais de uma vez, quando a
Indy ainda chamava Indy, acompanhei sessões de autógrafos. Todos os pilotos, do Zanardi ao
Matsushita, sentados em uma
mesa enorme, assinando pacientemente camisetas e pôsteres.
Agora tente imaginar algo assim na F-1. Não dá. Não combina.
E não combina porque, como
um amigo definiu, a categoria escolheu esse caminho. Ao invés de
escancarar o paddock para mil
torcedores, abre-o para dez. E cobra o preço dessa exclusividade.
Em Mônaco, um mecânico foi
flagrado vendendo uma credencial por 15 mil, mais de R$ 45
mil. E, se ele cobrava isso, é porque havia gente disposta a pagar.
Na Europa, essa atitude Daslu
até funciona, já virou cultura.
Mas manter o nariz empinado no
maior mercado consumidor do
mundo, os EUA, não funciona.
Na semana que vem, a F-1 correrá pelo sexto ano seguido em
Indianápolis. O público será apenas mediano e nem de longe tão
empolgado como o de 13 dias
atrás, nas 500 Milhas.
Pudera. O Bill, aquele sujeito do
interior de Indiana, e o Joe, dos
confins de Ohio, preferem ir a um
oval apertar a mão do Alex Barron do que acompanhar, de binóculos, o desempenho de Schumacher e Cia. Para eles, os pilotos de
F-1 são marcianos.
E então, daqui a três ou quatro
anos, a F-1 deixará os EUA de novo. Para voltar, um dia, mantendo a mesma postura hermética.
Enquanto continuar assim, não
fará a América. É uma questão de
bom senso. Mas, como o caso
BMW-Williams-Sauber deixa
claro, esse artigo às vezes falta.
Sonho
Para virar o jogo no mercado americano, Ecclestone quer Danica Patrick. A piloto estará em Indianápolis e, segundo a imprensa européia, não será a passeio. A menina interessaria à BAR.
Lição
O oval do Texas promove hoje mais uma prova noturna da IRL. Outra idéia que a F-1 alimentou, mas deixou morrer -o cenário seria
Sepang. Em termos de marketing, os EUA têm o que ensinar à FOM.
Berçário
Lucas Di Grassi, Átila Abreu, Fabio Carbone e Bruno Senna disputam amanhã em Zandvoort, na Holanda, o Marlboro Masters, espécie de Mundial da F-3. Os treinos acontecem hoje.
E-mail: fseixas@folhasp.com.br
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