São Paulo, sábado, 11 de junho de 2005

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AUTOMOBILISMO

Jean Todt quer aproveitar má fase no Mundial para acelerar renovação e pôr outro brasileiro na equipe

Ferrari corre por Massa, não Barrichello

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A MONTRÉAL

Rompido com Michael Schumacher desde o GP de Mônaco, há três semanas, Rubens Barrichello enfrenta agora um outro obstáculo para sua permanência na Ferrari em 2005. Jean Todt, diretor do time italiano, já trabalha para colocar Felipe Massa ao lado do alemão no próximo Mundial.
O objetivo do francês é aproveitar a má fase para apressar o processo de renovação da escuderia.
Em 31 de dezembro de 2006 acabam os contratos dos homens-chave da equipe, entre eles Barrichello e Schumacher. E a Ferrari é a única entre as principais participantes do campeonato a não contar com um programa de formação de novos pilotos.
Massa, em princípio, seria um paliativo. Kimi Raikkonen e Valentino Rossi contam com a preferência de Todt para 2007. Mas caso o brasileiro acerte com o time e faça um bom Mundial no ano que vem, pode ser mantido.
Desde 2001, quando conquistou o título da F-3000 européia, o piloto mantém relações estreitas com Maranello e com o francês.
Foi a Ferrari que o colocou na Sauber, sua parceira, em 2002. No ano seguinte, Massa trabalhou como piloto de testes ferrarista, para ganhar quilometragem. Em 2004, foi recolocado na Sauber e anunciou um novo empresário: Nicolas Todt, filho do dirigente.
Não bastasse o desejo pessoal e os interesses financeiros de Todt, o iminente anúncio da parceria entre BMW e Sauber pode acelerar a renovação ferrarista. A montadora já deixou claro que quer pilotos alemães, o que deixaria Massa a pé no próximo ano.
Ontem, em Montréal, após os primeiros treinos para o GP do Canadá, oitava etapa da temporada, Massa admitiu que está de olho em uma vaga na Ferrari.
"Eu acredito que o Rubinho fica por lá. Mas, se ele sair, é claro que tenho interesse", declarou.
Coincidência ou fruto da pressão interna, Barrichello voltou a lançar declarações fortes, incisivas, sobre seu futuro na equipe.
Depois de dizer em Nurburgring, há duas semanas, que não considera mais Schumacher seu companheiro de time, em Montréal o brasileiro afirmou que suas chances de continuar na escuderia após 2006 são de 50%.
"Há vida fora da Ferrari, e tudo pode acontecer. Como já ocorreu no passado, eu falo com outras pessoas na F-1, e a Ferrari conversa com outros pilotos", afirmou, em entrevista à ITV, emissora inglesa que transmite a categoria.
A declaração ganhou páginas dos jornais italianos ontem, que a distorceram, como se o piloto estivesse falando de 2005. Questionado pela Folha sobre a polêmica, Barrichello mostrou irritação.
"Eu faço a frase em inglês, o pessoal traduz pra português e faz errado. Não tem nada a ver. Não tenho nada pra falar sobre meu futuro, e isso está começando a me deixar antipático quanto a essas perguntas. As pessoas não têm o que escrever e escrevem bobeira. Eu estou na Ferrari até o final de 2006 e, se houver razões pra continuar depois disso, vou continuar. O resto é bobeira."
Apesar do discurso, Barrichello já estaria conversando com Red Bull e BAR para o próximo ano. Christian Horner, diretor da primeira, já disse que sua experiência seria útil para o crescimento do time. E Gil de Ferran, dirigente da segunda, foi contemporâneo do piloto ferrarista nos tempos de categorias de base no Brasil e na Europa e é seu amigo pessoal.


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