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Dida quebra tabus na seleção
Goleiro reúne conjunto inédito de características no time brasileiro: é nordestino, negro e trintão
Jogador pediu fim de críticas
a Barbosa, que também era
negro e foi apontado como
vilão na derrota brasileira
na final do Mundial de 1950
DOS ENVIADOS A KÖNIGSTEIN
A partir de terça-feira, quando faz sua estréia na Copa da
Alemanha, a seleção brasileira
terá no gol um jogador com
uma combinação de qualidades
inéditas na longa história do
país na competição.
Negro, nordestino e trintão,
Dida vai quebrar barreiras para
um goleiro brasileiro.
Até hoje, o único guarda-meta negro a defender o time nacional numa Copa foi Barbosa.
Só o pernambucano Manga era
da região mais pobre do país. A
posição é dominada por paulistas e cariocas -além de Manga
e do baiano Dida, só o gaúcho
Taffarel furou o bloqueio.
Manga teve pouco sucesso.
Só disputou uma partida em
Copas, em 1966, na Inglaterra.
Falhou na derrota para Portugal por 3 a 1 e, depois, só jogou
mais uma uma vez pelo Brasil.
Com 32 anos e oito meses de
vida, Dida será o segundo goleiro mais velho a defender o Brasil em Copas. Com a diferença
que Gilmar, o mais idoso (35
anos, em 1966), já tinha experiência prévia em Copas -foi
bicampeão em 1958 e 1962.
A idade de Dida é quase cinco
anos maior do que a média da
posição do Brasil nos Mundiais.
Na preparação do time, ele
por duas vezes falou sobre sua
cor de pele e origem humilde
nordestina. Na primeira, fez
uma defesa emocionada de
Barbosa, acusado de ser o "vilão" da célebre derrota para os
uruguaios na Copa de 1950.
"Ele foi muito sacrificado por
ter acontecido aquela coisa
horrível. Fala-se muito do Barbosa pelo que aconteceu naquele jogo. Acho que deveríamos lembrar do Barbosa também dos bons momentos, fazendo boas defesas", disse Dida, que destacou o fato de quebrar um tabu de mais de 50
anos sem um negro no gol brasileiro em Copa.
Já quando foi questionado
sobre sua origem, Dida preferiu
falar menos. "Passam tantas
coisas pela minha cabeça. Mas,
com tantas preocupações, nossas cabeças estão voltadas para
a Copa do Mundo."
Dida já esteve em duas Copas, mas sempre no banco. Em
1998, foi reserva de Taffarel.
Em 2002, de Marcos.
A responsabilidade de ser titular não o assusta. "Tenho
pensado nisso há muito tempo.
Sempre sonhei em disputar
uma Copa do Mundo como titular. Aprendi muito em 1998 e
2002. Agora, a minha contribuição vai ser mais direta."
(EDUARDO ARRUDA, PAULO COBOS, RICARDO PERRONE E SÉRGIO RANGEL)
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