São Paulo, domingo, 11 de junho de 2006

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Dida quebra tabus na seleção

Goleiro reúne conjunto inédito de características no time brasileiro: é nordestino, negro e trintão

Jogador pediu fim de críticas a Barbosa, que também era negro e foi apontado como vilão na derrota brasileira na final do Mundial de 1950


DOS ENVIADOS A KÖNIGSTEIN

A partir de terça-feira, quando faz sua estréia na Copa da Alemanha, a seleção brasileira terá no gol um jogador com uma combinação de qualidades inéditas na longa história do país na competição.
Negro, nordestino e trintão, Dida vai quebrar barreiras para um goleiro brasileiro.
Até hoje, o único guarda-meta negro a defender o time nacional numa Copa foi Barbosa. Só o pernambucano Manga era da região mais pobre do país. A posição é dominada por paulistas e cariocas -além de Manga e do baiano Dida, só o gaúcho Taffarel furou o bloqueio.
Manga teve pouco sucesso. Só disputou uma partida em Copas, em 1966, na Inglaterra. Falhou na derrota para Portugal por 3 a 1 e, depois, só jogou mais uma uma vez pelo Brasil.
Com 32 anos e oito meses de vida, Dida será o segundo goleiro mais velho a defender o Brasil em Copas. Com a diferença que Gilmar, o mais idoso (35 anos, em 1966), já tinha experiência prévia em Copas -foi bicampeão em 1958 e 1962.
A idade de Dida é quase cinco anos maior do que a média da posição do Brasil nos Mundiais.
Na preparação do time, ele por duas vezes falou sobre sua cor de pele e origem humilde nordestina. Na primeira, fez uma defesa emocionada de Barbosa, acusado de ser o "vilão" da célebre derrota para os uruguaios na Copa de 1950.
"Ele foi muito sacrificado por ter acontecido aquela coisa horrível. Fala-se muito do Barbosa pelo que aconteceu naquele jogo. Acho que deveríamos lembrar do Barbosa também dos bons momentos, fazendo boas defesas", disse Dida, que destacou o fato de quebrar um tabu de mais de 50 anos sem um negro no gol brasileiro em Copa.
Já quando foi questionado sobre sua origem, Dida preferiu falar menos. "Passam tantas coisas pela minha cabeça. Mas, com tantas preocupações, nossas cabeças estão voltadas para a Copa do Mundo."
Dida já esteve em duas Copas, mas sempre no banco. Em 1998, foi reserva de Taffarel. Em 2002, de Marcos.
A responsabilidade de ser titular não o assusta. "Tenho pensado nisso há muito tempo. Sempre sonhei em disputar uma Copa do Mundo como titular. Aprendi muito em 1998 e 2002. Agora, a minha contribuição vai ser mais direta." (EDUARDO ARRUDA, PAULO COBOS, RICARDO PERRONE E SÉRGIO RANGEL)


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